Papa Alexandre VI
Alexandre VI, nascido Rodrigo de Borja (Espanhol) e mais conhecido por Rodrigo Borgia (Italiano) (Xàtiva, 1 de janeiro de 1431 – Roma, 18 de agosto de 1503) foi o 214.º papa da Igreja Católica, de 11 de agosto de 1492 até a data da sua morte.[1] Natural de Valência, na altura pertencente ao Reino de Aragão, estudou na Universidade de Bolonha, onde se formou em direito canónico.[2] O nome de sua família foi elevado à cátedra do Vaticano com a eleição do seu tio materno, Afonso Bórgia, como Papa Calisto III, por quem foi feito cardeal aos 25 anos de idade em 1456. No ano seguinte foi nomeado vice-chanceler da igreja.[2] Foi entretanto adquirindo novos títulos, e ao mesmo tempo, serviu não só a Cúria Romana sob o seu tio Papa Calisto III, como também durante os quatro pontificados seguintes — Pio II, Paulo II, Sisto IV e Inocêncio VIII — ganhando assim experiência, influência, riqueza e poder.[3] É provavelmente um dos papas mais polémicos da história. FamíliaForam seus pais Jofré de Borja i Escrivà e Isabell de Borja, irmã do cardeal Alfonso de Borja, o Papa Calisto III.[1] Era primo-irmão do cardeal Luis Juan de Milà y Borja, e pai do também cardeal César Borgia. Foram seus descendentes os cardeais Juan de Borja Llançol de Romaní, Pedro Luis de Borja Llançol de Romaní, Francisco Lloris y de Borja e Rodrigo Luis de Borja y de Castre-Pinós.[2] Filhos com maternidade não registrada foram:
Seu relacionamento com a dama romana Vannozza dei Cattanei começou em 1470, e fruto dele nasceram quatro filhos:
Com Giulia Farnese teve, possivelmente, uma filha:
EleiçãoVer artigo principal: Conclave de 1492
Nesta época o Colégio dos Cardeais era composto em grande parte por membros das principais famílias de Itália, que representavam um principado, e cuja eleição para papa consequentemente os favorecia. Os principais candidatos para esta eleição eram Rodrigo Borgia, considerado independente, Ascanio Sforza, que representava Milão e a família Sforza, e Giuliano della Rovere, que tinha o apoio da França.[5] Rodrigo Borgia foi eleito a 11 de Agosto de 1492, escolhendo o nome de Alexandre VI para o seu pontificado. Foram criados rumores de que a sua eleição só foi possível devido à compra de votos da sua parte, no entanto, para além de que não tenha sido concretamente provado de que tenha sido o caso, tal prática não só era comum, como os outros candidatos, especialmente Giuliano della Rovere com o apoio da França, são suspeitos de terem feito o mesmo.[5] PapadoO papado de Alexandre VI começou tranquilo, mas não tardou para que se manifestasse sua ganância em sacrificar todos os interesses em favor da família. Nomeou Cardeais o seu filho de dezesseis anos, César Bórgia, os seus sobrinhos Francisco Borgia e Juan Lanzol de Bórgia de Romaní, o maior, um primo deste último Juan Castellar y de Borgia (it. Giovanni), os seus sobrinhos-netos Juan de Borja Llançol de Romaní, o menor, Pedro Luis de Borja Llançol de Romaní e Francisco Lloris y de Borja e o cunhado do seu filho César, Amanieu d'Albret. César seria posteriormente retratado por Maquiavel em sua obra O príncipe como o ideal do político e governante pragmático. O cardeal Della Rovere o acusou de simonia, e trouxe o rei da França Carlos VIII para depô-lo, mas Bórgia fez um acordo, permitindo o trânsito dos exércitos franceses, e foi reconhecido como Papa pelo rei francês.[4] Enquanto isto, ele negociou com o imperador alemão Maximiliano I e os governantes da Espanha e Veneza uma aliança, que derrotaram os franceses.[4] Um de seus acusadores era o frei dominicano Girolamo Savonarola, que havia conseguido reformar Florença através de muita coragem e uma brilhante oratória.[4] Alexandre se conteve, diante dos ataques de Savonarola, até que, enfraquecido por ter repetidamente quebrado seu voto de obediência ao chefe da Igreja, Savonarola sofreu a sentença de excomunhão. Savonarola, porém, continuou seus ataques, e a ministrar a comunhão, e desafiou caminhar nas chamas para provar que ele tinha a palavra de Deus. Um outro frei dominicano se ofereceu para ir junto, porém quando o circo foi armado, e a multidão estava ansiosa para assistir ou um milagre ou uma tragédia, o frei se recusou a entrar nas chamas, e a influência de Savonarola diminuiu.[4] Um dos seus maiores desgostos foi quando seu filho, o Duque de Gandia, foi assassinado, com suspeitas recaindo sobre César Bórgia; quando seu corpo, mutilado, foi encontrado no Rio Tibre, o papa, entristecido, clamou que isto era uma punição por seus pecados. Após a morte do filho, Alexandre convocou os cardeais para reformar a Igreja e acabar com o nepotismo. Mas as reformas não foram adiante.[4] Seu pontificado é um paradigma de corrupção papal ocasionada pela invasão secular dentro da Igreja, fato esse que, mais tarde, foi tido como desculpa para a separação dos protestantes. Alexandre VI protegeu as Ordens Religiosas, aprovando Congregações recém-fundadas e a evangelização do Novo Mundo e da Groelândia.[6] Durante seu pontificado, foram decretadas as Bulas Alexandrinas, tratados responsáveis pela divisão das possessões portuguesas e espanholas no mundo. Dentre elas são destaque as bulas Inter cætera, Eximiae Devotionis e Dudum Siquidem. As negociações ibéricas levaram ao Tratado de Tordesilhas que confirmaria a divisão do mundo entre Portugal e Espanha, que foi contestado por outros monarcas, com destaque para Francisco I de Angoulême, rei da França. Tanto a França como a Inglaterra não reconheceram a decisão papal e estabeleceram colônias nas novas terras descobertas.[6] MorteEmbora não se saiba ao certo o motivo da sua morte, devido ao período em que se sucedeu, as duas hipóteses mais prováveis são envenenamento ou malária. A malária era comum em Roma, principalmente nos meses de verão, e para a qual não havia cura no século XVI.[7] O envenenamento é uma forte hipótese também, já que a 12 de Agosto de 1503, não só ele começou a ter sintomas, inicialmente febre e vómitos, como também o seu filho, Cesare Borgia, aos 27 anos de idade, teve os mesmos problemas que o seu pai.[8] Alexandre VI morre a 18 de Agosto e o seu túmulo encontra-se na igreja de Santa Maria de Monserrato. LegadoAlguns historiadores consideram que as histórias sobre ele foram escritas com malícia, e questionam as acusações feitas contra ele, mas, exageros à parte, ele não estava preparado para o cargo. De acordo com John Farrow, o melhor que se pode dizer dele é que sua moral privada não era diferente dos príncipes de sua época, e que, se as histórias soam escandalosas hoje, na sua época não causavam nenhuma surpresa.[4] Avaliação semelhante é realizada pelo historiador Leandro Rust, que, demonstrando as evidências históricas sobre o comportamento da família Bórgia, destaca a influência exercida pelo imaginário político contemporâneo criado em torno de Alexandre VI como símbolo do papado a ser combatido pelos nacionalistas durante o Risorgimento:
Como a maior parte dos papas do Renascimento, Alexandre patrocinou as artes, e Roma beneficiou-se de seu programa de restaurações e decorações. A cidade floresceu com poetas e autores.[4] A favorNem todos seus contemporâneos o acusaram. Sigismundo Conti, que o conhecia bem, elogiou sua dedicação à Igreja e sua atuação nos trinta e sete anos em que foi cardeal (nos papados de Pio II, Paulo II, Sixto IV e Inocêncio VIII), seu trabalho como legado na Espanha e na Itália, seu conhecimento da etiqueta, e seus esforços em se mostrar brilhante nas conversas e digno em seus modos.[4] Hieronimus Portius o descreveu como um homem alto, nem muito pálido nem muito moreno, de olhos negros, de boca cheia; sua saúde era ótima, e ele conseguia resistir a qualquer esforço; era eloquente no discurso e uma natureza boa.[4] O historiador alemão Hartmann Schedel, após fazer um resumo de sua carreira, o descreve como um homem de visão ampla, abençoado com grande prudência, habilidade de ver o futuro, e conhecimento do mundo. Por seu conhecimento dos livros, apreciação da arte e probidade, ele foi um sucessor digno do seu tio Calisto III. Ele era amável, confiável, prudente, piedoso e conhecedor dos assuntos relacionados ao seu digno cargo. Schedel termina dizendo que foi uma bênção que uma pessoa com tantas virtudes tenha sido elevada a esta posição digna.[4] Quanto às críticas que eram feitas, Alexandre comentou que "Roma é uma cidade livre, aqui todos têm o direito de escrever e falar o que quiserem".[4] ContraO julgamento de Savonarola, porém, foi diferente. Ele escreveu aos reis cristãos pedindo que fosse convocado um concílio para depô-lo, o acusando de simonia, heresia e descrença. Ainda segundo Savonarola, Alexandre não era um papa, e não era nem cristão, porque não acreditava em Deus.[4] Na cultura
Séries sobre a família BórgiaExistem duas recentes séries televisivas baseadas na família Bórgia no período do Papa Alexandre VI. Ambas lançadas em 2011 contam, sob a forma de ficção, a história desta família no final do século XV e início do século XVI. A mais conhecida, The Borgias, foi lançada pelo canal Showtime, e Jeremy Irons interpreta o papel do Papa Alexandre VI. Conta com três temporadas mas foi cancelada antes do tempo, ou seja, sem ter terminado a história.[12] O criador da série, Neil Jordan, escreveu o final sob a forma de eBook para os fãs.[13] Já a série Borgia, é uma produção Europeia e foi criada por Tom Fontana, conhecido pela série Oz. Tal como a versão da Showtime, conta também com três temporadas, mas conclui a sua história em 1507 com a morte do filho do Papa Alexandre VI, César Bórgia.[14] Referências
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