Oitava (litúrgica) Nota: Para notação musical, veja Oitava.
Oitava tem dois sentidos no uso litúrgico cristão. No primeiro, é o oitavo dia após uma festa, inclusivamente, de forma que o dia sempre caia no mesmo dia da semana que a festa original. A palavra é derivada do latim octava (oitavo), com "dies" subentendido. O termo é também aplicado para todo o período de oito dias, durante o qual as ditas festas passam a ser observadas também.[1] Da origem até a Idade MédiaA prática pode ter tido suas origens na celebração de oito dias da Festa dos Tabernáculos[2] e da Dedicação do Templo[3] do Antigo Testamento. Porém, o número "oito" também pode ser uma referência à ressurreição, que na igreja antiga era geralmente chamada de "oitavo dia". Por esta razão, antigas fontes batismais e tumbas cristãs tinham a forma de octógonos. A prática das oitavas foi introduzida pela primeira vez por Constantino I, por conta da festa de dedicação das basílicas de Jerusalém e Tiro, que duraram oito dias. Depois disso, festas litúrgicas anuais passaram a ser observadas na forma de oitavas. As primeiras foram a Páscoa, o Pentecostes e, no oriente, a Epifania.[1] Isto ocorreu no século IV d.C. e indicava a reserva de um período para os conversos terem um alegre retiro.[4] O desenvolvimento as oitavas ocorreu vagarosamente. Do século IV até o VII d.C., os cristãos observaram as oitavas com uma celebração no oitavo dia, com poucas liturgias durante os dias intermediários. O Natal foi a próxima festa a receber uma oitava. Já pelo século VIII d.C., Roma tinha desenvolvido oitavas não somente para Páscoa, Pentecostes e Natal, mas também para a Epifania e as festas de dedicação de igrejas individuais [4]. Do século VII d.C. em diante, as festas dos santos também passaram a ter oitavas (uma festa no oitavo dia e não uma festa de oito dias), sendo as mais antigas as festas de São Pedro e São Paulo, São Lourenço e Santa Inês. A partir do século XII d.C., o costume passou a ser a observância dos oito dias intermediários, além do oitavo.[1] Durante a Idade Média, as oitavas para diversas outras festas e dias santos eram celebradas de acordo com a diocese ou a ordem religiosa.[4] De Pio V até Pio XIIApós 1568, quando o Papa Pio V reduziu o número de oitavas,[1] elas ainda eram numerosas. Não apenas no oitavo dia da festa, mas em todos os dias intermediários, a liturgia era mesma do próprio dia da festa, com exatamente todas as preces e leituras. As oitavas eram classificadas em diversos tipos, dependendo da possibilidade de celebração de outras festas no mesmo período. A Páscoa e o Pentecostes tinham oitavas de "privilégio especial", durante a qual nenhuma outra festa poderia ser celebrada. O Natal, a Epifania e o Corpus Christi tinham oitavas "privilegiadas", durante a qual somente festas de grande importância poderiam ser celebradas. As oitavas das outras festas permitiam ainda mais festas.[4] Para reduzir a repetição da mesma liturgia por muitos dias seguidos, o Papa Leão XIII e o Papa Pio X fizeram ainda mais distinções, classificando as oitavas em três tipos principais: oitavas privilegiadas, oitavas comuns e oitavas simples. As privilegiadas foram organizadas de forma hierárquica, de primeira, segunda e terceira ordem. Na primeira metade do século XX, as oitavas estavam organizadas da seguinte forma:
Além destas, o santo padroeiro de uma nação, diocese ou igreja também era celebrado com uma oitava, em cada dia da qual a missa e a liturgia da festa eram repetidas, exceto se fossem impedidas por outra festa mais importante. Reduções por Pio XII e Paulo VIPapa Pio XII simplificou o calendário com um decreto em 23 de março de 1955: apenas as oitavas do Natal, Páscoa e Pentecostes foram mantidas. Todas as outras oitavas no rito romano foram suprimidas, incluindo as que ocorriam nos calendários locais. Em 1969, a Igreja Católica Apostólica Romana revisou novamente o calendário, retirando as oitavas de Pentecostes.[5] As duas oitavas sobreviventes diferem das outras ao não repetir diariamente a mesma liturgia. Os oito primeiros dias da Páscoa constituem as oitavas da Páscoa e são celebradas como solenidades ao Senhor.[6] Desde 30 de abril de 2000, o "segundo domingo de Páscoa", que conclui a oitava da Páscoa, é também conhecido como Domingo da Divina Misericórdia. Já a oitava de Natal está organizada da seguinte forma:
Referências
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