OgigesOgiges, Ogige, Ogigo ou Ogigos (em grego: Ὠγύγης or Ὠγύγος) foi um rei mitológico primevo da Grécia Antiga, geralmente da Beócia,[1] mas uma lenda alternativa também faz dele o primeiro rei da Ática. Embora a etimologia e o significado originais sejam incertos, a palavra grega Ogygios (Ωγύγιος), que significa ogígico, acabou se tornando um sinônimo de "primevo", "primordial", "das primeiras eras".[2] É mais conhecido como o rei dos ectenos ou hectenos, povo autóctone da Beócia, onde a cidade de Tebas seria fundada posteriormente.[3] Como tal, ele se tornou o primeiro soberano de Tebas, que foi, naquele tempo, chamada de Ogígia em sua homenagem. Posteriormente, os poetas viriam a se referir aos tebanos como ogígidas.[4] A história foi contada por Pausânias, que, escreveu em suas viagens na Beócia no século II d.C.: "Dizem que os primeiros a ocupar a terra de Tebas foram os ectenos, cujo rei era Ogigo, um aborígene. De seu nome derivou-se "ogígia", que é um epíteto de Tebas utilizado pela maioria dos poetas."[5] Existem porém um grande número de histórias alternativas sobre ele na mitologia grega. De acordo com o escoliasta de Licofronte, seu reino era localizado na Tebas egípcia. Estevão de Bizâncio, ao escrever no século VI d.C., disse que Ogiges havia sido o primeiro rei da Lídia (uma provável confusão com Giges, o primeiro rei da Lídia). Em ainda outra versão da história, a tradição beócia foi combinada com a de outra parte da Grécia: Ogiges teria sido o rei dos ectenos, primeiro povo a ocupar a Beócia, mas ele e seu povo mudaram-se posteriormente para a área conhecida então como Acte (Akte). A terra foi chamada de Ogígia em sua homenagem mas recebeu depois o nome de Monte Atos. Sexto Júlio Africano, que escreveu depois de 221 d.C., acrescentou que Ogiges teria fundado Elêusis.[6] As histórias sobre sua ascendência também variam muito. Além de Ogiges ter sido um dos aborígenes da Beócia, existem contos que o retratam como filho de Posídon, Beoto, ou até mesmo Cadmo. O Papa Teófilo, no século IV d.C. (ad Autol.), escreveu que ele teria sido um dos Titãs. Foi marido de Teba, de quem a cidade grega de Tebas recebeu seu nome. Seus filhos foram listados como: Eleusino (de quem a cidade de Elêusis recebeu o nome) e Cadmo (assinalado acima como seu pai em outras versões da lenda), além de três filhas: Áulide, Alalcomênia e Telvínia. Esforços para ligar sua lenda à tradição bíblica já o fizeram ser um contemporâneo ao Êxodo dos hebreus, fugindo do Egito Antigo.[7] O primeiro dilúvio mundial da mitologia grega, chamado de dilúvio ogigiano, teria ocorrido durante o reinado de Ogiges, de quem teria derivado o nome - embora algumas fontes o apresentem como um dilúvio regional, tal como uma inundação do Lago Copais, um grande lago que existia no centro da Beócia.[8] Outras fontes o vêem como um dilúvio associado com a Ática.[9] Esta última opinião foi aceita por Africano, que escreveu que "aquele grande e primeiro dilúvio ocorreu na Ática, quando Foroneu era o rei de Argos, como narra Acusilau. Quando este dilúvio foi considerado global, uma semelhança foi notada com o dilúvio bíblico de Noé: diversas datas foram assinaladas para o evento, incluindo 9.500 a.C. (Platão),[10] 2.136 a.C. (Varrão), e 1.796 a.C. (Africano).[7]. Outra interpretação é dada por Isaac Newton, que faz dele um cimério ou cita, os povos nômades que habitavam a Grécia antes dela ser invadida por exilados egípcios em 1125 a.C.[necessário esclarecer][11]. Seu filho Eleusino fundou Elêusis em 1080 a.C. - uma das cinco cidades mais antigas da Grécia[11]. Ogiges sobreviveu ao dilúvio porém muitos pereceram. Depois de sua morte, devido à devastação do dilúvio, a Ática permaneceu sem reis por 189 anos, até a era de Cécrope (Cecrops Diphyes).[12] Africano escreveu: "Porém depois de Ogiges, devido à grande destruição causada pelo dilúvio, o que hoje em dia se chama de Ática permaneceu sem rei por cento e oitenta e nove anos, até os tempos de Cécrope. Pois Filocoro assegura que aquele Acteão que veio depois de Ogiges, e todos os nomes fictícios, nunca sequer existiram." O nome de Ogiges provavelmente tem a mesma origem que o da ilha fantasma de Ogígia, mencionada na Odisseia de Homero. Referências
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