Occupy Wall StreetOccupy Wall Street (em português: Ocupe Wall Street), conhecido pela sigla OWS, é um movimento de protesto contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção e a indevida influência das empresas — sobretudo do setor financeiro — no governo dos Estados Unidos. Iniciado em 17 de setembro de 2011, no Zuccotti Park, no distrito financeiro de Manhattan, na cidade de Nova York, o movimento ainda continua, denunciando a impunidade dos responsáveis e beneficiários da crise financeira mundial. Posteriormente surgiram outros movimentos Occupy por todo o mundo. As manifestações foram a princípio convocadas pela revista canadense Adbusters, inspirando-se nos movimentos árabes pela democracia, especialmente nos protestos na Praça Tahrir, no Cairo,[1] que resultaram na Revolução Egípcia de 2011.[2] A denúncia de que o megainvestidor George Soros seria um financiador do movimento foi desmentida pela própria agência que divulgara a versão.[3] No dia 1 de outubro de 2011, o protesto mobilizou de cinco a dez mil pessoas. Ao longo dos últimos meses de 2011, uma onda de protestos semelhantes espalhou-se por diversas outras cidades nos Estados Unidos (Boston, Chicago, Los Angeles,[4] Portland, São Francisco, entre outras), na Europa e em outras partes do mundo.[5] A estratégia do movimento é manter uma ocupação constante de Wall Street, o setor financeiro da cidade de Nova Iorque. As pessoas se organizam em assembleias gerais, nas quais todas podem falar e participar das decisões coletivas.[6] Os manifestantes indicaram que a ocupação será mantida "pelo tempo que for necessário para atendimento às demandas."O slôgane, We are the 99% ("Nós somos os 99%"), refere-se à crescente desigualdade na distribuição de renda riqueza nos Estados Unidos entre o 1% mais rico e o resto da população. Para promover mudança OWS aposta na ação direta .[7] No site occupywallst.org,[8] o OWS é descrito como um movimento de resistência, sem liderança, "com pessoas de muitas cores, gêneros e opiniões políticas. A única coisa que todos temos em comum é que nós somos os 99% que não vão mais tolerar a ganância e a corrupção de 1%. Estamos usando a tática revolucionária da Primavera Árabe para alcançar nossos fins e encorajar o uso da não violência para maximizar a segurança de todos os participantes. Este movimento #OWS dá poder a pessoas reais para criar uma mudança real, de baixo para cima. Queremos ver uma assembleia em todo quintal, toda esquina, porque nós não precisamos de Wall Street e não precisamos de políticos para construir uma sociedade melhor." Para o Nobel de Economia Joseph Stiglitz, OWS tem poucas reivindicações econômicas, mas luta por uma democracia não controlada pelo dinheiro. Isso o torna revolucionário.[9] "Que fim levou Occupy Wall Street?"Quatro anos depois, um balanço do Occupy.[10] Segundo Micah White, ex-editor da Adbusters (a revista anticonsumo canadense) e um dos seus criadores, o Occupy e o 15M, na Espanha, têm uma natureza diferente, mais complexa do que a dos movimentos tradicionais. "O que aconteceu é que uma nova tática surgiu e funcionou; por isso, se espalhou. Occupy Wall Street combinou táticas usadas no Egito com as da Espanha e aplicou isso nos Estados Unidos. A polícia não soube responder a essa nova estratégia e é por isso que o movimento funcionou. Uma vez que a polícia descobre como responder, ela destrói todos os movimentos da mesma forma (…) Nos estágios iniciais, a Internet foi muito importante para os movimentos sociais. Contudo, com o tempo, passou a ser prejudicial porque as coisas começaram a parecer melhores na Internet do que na vida real (…) O protesto parecia ser melhor no Facebook do que ele era nas ruas (…) O problema é que não vemos os protestos no contexto de guerra. Nós os vemos como uma grande festa ou coisa do tipo, enquanto o outro lado percebe a importância disso. Os movimentos sociais não falharam porque a polícia era muito forte (…) Quando falhamos é porque nossa teoria estava errada e não porque o outro lado era mais forte." Segundo ele, não basta clicar em um link.[11] Não basta ir às ruas. Os movimentos sociais devem ser capazes de avançar, de se organizar em partidos, vencer eleições, escrever leis, governar cidades." O que eu imagino é o nascimento de um movimento social que ganhe eleições em um país e depois comece a ganhar eleições em vários outros países. Aí você terá Podemos, Syriza ou o Movimento 5 Estrelas em cinco, seis ou dez países diferentes. É… eu realmente acho que estamos falando de um movimento social global."[12] Considerando o tipo de demandas que compartilham, várias análises têm vinculado movimentos como Occupy, Indignados ou os protestos de 2013 no Brasil a um retorno do populismo de esquerda neste século. Todos esses movimentos parecem ter, entre seus principais motivos, a desigualdade socioeconômica, a participação assimétrica na tomada das decisões econômicas e políticas, além do suposto fracasso ou traição das chamadas elites dirigentes. O antagonismo que promovem é socioeconômico, quando diz respeito à redução das desigualdades e a demandas materiais e redistributivas, mas também político. Ademais, esses movimentos são, muitas vezes, capazes de conectar problemas nacionais a uma dimensão transnacional ou global, quando tratam de temas tais como o enfrentamento da crise econômica e a permanência do neoliberalismo como orientação dominante da política econômica, ou quando associam a demanda por mais democracia à discussão sobre representatividade das instituições políticas, em democracias representativas.[13] Ver tambémReferências
Ligações externas
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