Nicotiana tabacum

 Nota: Se procura o produto comercial produzido a partir desta espécie, veja tabaco.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaNicotiana tabacum
tabaco
Planta de tabaco (ilustração do Köhler's Medizinal Pflanzen, 1887).
Planta de tabaco (ilustração do Köhler's Medizinal Pflanzen, 1887).
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Solanales
Família: Solanaceae
Subfamília: Nicotianoideae
Tribo: Nicotianeae
Género: Nicotiana
L.
Espécie: N. tabacum
Nome binomial
Nicotiana tabacum
L., Sp. Pl., vol. 1: 180, 1753[1]
Sinónimos
Ver texto.
Inflorescências.
Flor, vista lateral.
Video sobre a cultura.
Ilustração.
Folhas de plantas jovens.

Nicotiana tabacum é uma planta herbácea perene, da família das solanáceas, oriunda da América tropical, de cujas folhas se produz a maior parte do tabaco comercializado.

Descrição

N. tabacum é uma herbácea anual, bienal ou perene, pubescente-glandulosa, robusta, de 50 cm até 3 m de altura. A raiz é larga e fibrosa. O caule é erecto, de secção circular, piloso e viscoso ao tacto. Apresenta ramificação próxima do extremo superior, produzindo folhas densas, grandes (30–40 cm de comprimento por 10 a 20 de largura), alternas, sésseis, ovado a lanceoladas, afiladas, de coloração verde pálido. Ao tacto apresentam a viscosidade do caule. São frágeis que emitem um odor ligeiramente acre e narcótico devido à presença de nicotina, um alcaloide volátil de sabor amargo e odor intenso.

As flores, actinomorfas, hermafroditas, bracteadas e pediceladas, são verde-amareladas ou rosadas segundo a variedade, com um pequeno cálice de 1 a 2 cm e uma corola pubescente, de cinco lóbulos abovados, com cerca de 5 cm de comprimento. O ovário é glabro. A polinização é entomófila, sendo himenópteros e lepidópteros os principais polinizadores. As flores aparecem nos começos do verão e nos inícios de Outubro produzem um fruto capsular ovóide e coreáceo de 1,5-2,5 cm de comprimento, com sementes infra-milimétricas cinzentas com mucrão no hilo cárpico.[2]

N. tabacum parece ter sido o resultado de um cruzamento espontâneo entre Nicotiana sylvestris e Nicotiana tomentosa, sendo tetraploide.

A planta apresenta a seguinte composição química:

Distribuição

O centro de origem da espécie situa-se na zona andina entre o Peru e o Equador, região onde os primeiros cultivos terão ocorrido entre cinco mil e três mil anos a.C.[3] Quando ocorreu a colonização europeia da América, o consumo estava implantado por todo o continente. As primeiras sementes foram transportadas para a Europa em 1559 e foram semeadas em terrenos situados nos arredores de Toledo (Espanha).

Em 1560, Jean Nicot de Villemain introduziu as folhas e sementes de N. tabacum como uma "droga maravilha" na corte francesa. Em 1586 o botânico francês Jacques Daléchamps deu à planta o nome de Herba nicotiana, em honra do introdutor da planta em França, nome que viria a ser posteriormente adoptado por Linné. Depois de ter sido considerada uma planta decorativa inicialmente, e depois uma panaceia, tornou-se popular entre a aristocracia europeia como fonte de rapé e de tabaco para fumar. A planta foi introduzida em África nos princípios do século XVII.

Para além do seu uso como fonte de rapé e de tabaco, os extractos das suas folhas foram um popular pesticida até meados do século XX. Em 1851, o químico belga Jean Servais Stas documentou o uso de extracto de tabaco como veneno num caso de homicídio: o conde belga Hippolyte Visart de Bocarmé envenenou o seu cunhado com extracto de folha de tabaco para obter dinheiro de que tinha necessidade urgente. Esta foi a primeira vez que se documentou cientificamente o uso de alcaloides em medicina forense.[4]

Actividade farmacológica

As folhas de N. tabacum e os seus extractos e preparados são estimulantes ganglionares, com efeito estimulador complexo do sistema simpático e parassimpático que produz efeitos estimulantes, seguidos de estado de depressão, pelo que actuam primeiro como estimulantes ganglionares e depois como ganglioplégicos. Simultâneamente, estimulam o sistema nervoso central (SNC), produzindo taquicardia e aumento da pressão arterial. No sistema digestivo, podem produzir diarreia, aumento da secreção gástrica e pirose (sensação de queimadura no esófago). São também considerados indutores enzimáticos, já que afectam as concentrações plasmáticas de outros fármacos. São fortemente aditivos.[5]

Taxonomia

A espécie Nicotiana tabacum foi descrita por Carolus Linnaeus e publicada em Species Plantarum, vol. 1, p. 180, 1753.[6] A espécie tem uma rica sinonímia:

  • Nicotiana alba Mill.
  • Nicotiana alipes Steud.
  • Nicotiana attenuata Steud.
  • Nicotiana capensis Vilm.
  • Nicotiana caudata Nutt.
  • Nicotiana chinensis Fisch. ex Lehm.
  • Nicotiana crispula Steud.
  • Nicotiana florida Salisb.
  • Nicotiana frutescens Lehm.
  • Nicotiana fruticosa Moc. & Sessé ex Dunal
  • Nicotiana gigantea Lehm.
  • Nicotiana gracilipes Steud.
  • Nicotiana guatemalensis Bailly
  • Nicotiana havanensis Lehm.
  • Nicotiana lancifolia Willd. ex Lehm.
  • Nicotiana latissima Mill.
  • Nicotiana lingua Steud.
  • Nicotiana macrophylla Spreng.
  • Nicotiana marylandica Schübl. ex Dunal
  • Nicotiana mexicana Schltdl.
  • Nicotiana mexicana var. rubriflora Dunal
  • Nicotiana pallescens Steud.
  • Nicotiana pilosa Dunal
  • Nicotiana serotina Steud.
  • Nicotiana tabaca St.-Lag.
  • Nicotiana verdon Steud.
  • Nicotiana ybarrensis Kunth
  • Tabacum latissimum Bercht. & Opiz
  • Tabacum nicotianum Bercht. & Opiz
  • Tabacum ovatofolium Gilib.[7]
Variedades
  • Nicotiana tabacum var. fruticosa (L.) Hook. f.
  • Nicotiana tabacum var. loxensis (Kunth) Kuntze
  • Nicotiana tabacum var. virginica (C. Agardh) Comes

Ver também

Referências

  1. Biodiversity Library.
  2. Nicotiana tabacum em Flora Ibérica, RJB/CSIC, Madrid. p. p.
  3. Tabaco y tabaquismo en la historia de México y de Europa
  4. Wennig, Robert (2009). «Back to the roots of modern analytical toxicology: Jean Servais Stas and the Bocarmé murder case». Drug Testing and Analysis. 1 (4): 153–5. PMID 20355192. doi:10.1002/dta.32 
  5. En Medicina tradicional mexicana
  6. «Nicotiana tabacum». Tropicos.org do Missouri Botanical Garden. Consultado em 2 de março de 2014 
  7. Sinónimos em The Plant List - janeiro de 2013

Bibliografia

  • AFPD. 2008. African Flowering Plants Database - Base de Donnees des Plantes a Fleurs D'Afrique.
  • CONABIO. 2009. Catálogo taxonómico de especies de México. 1. In Capital Nat. México. CONABIO, México City.
  • Flora of China Editorial Committee. 1994. Flora of China (Verbenaceae through Solanaceae). 17: 1–378. In C. Y. Wu, P. H. Raven & D. Y. Hong (eds.) Fl. China. Science Press & Missouri Botanical Garden Press, Beijing & St. Louis.
  • Forzza, R. C. 2010. Lista de espécies Flora do Brasil http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
  • Funk, V. A., P. E. Berry, S. Alexander, T. H. Hollowell & C. L. Kelloff. 2007. Checklist of the Plants of the Guiana Shield (Venezuela: Amazonas, Bolivar, Delta Amacuro; Guyana, Surinam, French Guiana). Contr. U.S. Natl. Herb. 55: 1–584. View in Biodiversity Heritage Library
  • Hokche, O., P. E. Berry & O. Huber. (eds.) 2008. Nuevo Cat. Fl. Vasc. Venezuela 1–860. Fundación Instituto Botánico de Venezuela, Caracas.
  • Idárraga-Piedrahita, A., R. D. C. Ortiz, R. Callejas Posada & M. Merello. (eds.) 2011. Fl. Antioquia: Cat. 2: 9–939. Universidad de Antioquia, Medellín.
  • Moraes R., M. 1990. Lista preliminar de especies botánicas coleccionadas durante la Expedición Río Madre de Dios (Norte de Bolivia). Mus. Nac. Hist. Nat. (Bolivia) Com. 10: 32–52.
  • Nasir, E. & S. I. Ali (eds). 1980-2005. Fl. Pakistan Univ. of Karachi, Karachi.
  • Nelson, C. & G. R. Proctor. 1994. Vascular plants of the Caribbean Swan Islands of Honduras. Brenesia 41–42: 73–80.
  • Stevens, W. D., C. Ulloa Ulloa, A. Pool & O. M. Montiel Jarquín. 2001. Flora de Nicaragua. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 85: i–xlii,.
  • Vásquez Martínez, R. 1997. Flórula de las reservas biológicas de Iquitos, Peru: Allpahuayo–Mishana, Explornapo Camp, Explorama Lodge. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 63: 1–1046.
  • Zuloaga, F. O., O. N. Morrone, M. J. Belgrano, C. Marticorena & E. Marchesi. (eds.) 2008. Catálogo de las plantas vasculares del Cono Sur. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 107: 3 Vols., 3348 p.

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Ligações externas

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