Movimento dos FocolaresObra de Maria
Obra de Maria, também conhecido como Movimento Focolare,[1] é um movimento católico fundado por Chiara Lubich em 1943 na cidade de Trento, norte da Itália.[2] É considerado um movimento fundamentalista,[2][3] totalitário[4] e conservador,[5] ligado moral, teológica e politicamente à direita.[6] O Movimento se insere na chamada Espiritualidade da Comunhão,[7] que também se faz presente em vários outros movimentos e segmentos da Igreja Católica,[7] enraizado no que chamam de Carisma da Unidade.[8] Apesar de ser uma organização oficialmente católica, afirmam permitir a participação de membros outras religiões, desde que estes se liguem ao movimento no sentido religioso.[9] O Movimento alega operar em 182 países, com mais de 2 milhões de aderentes, onde membros de outras religiões correspondem a 0,5% do total de membros.[10] Esses números permanecem inalterados há mais de meio século e incluem centenas de milhares de pessoas que já não fazem mais parte do movimento.[11] EtimologiaO termo focolares vem do italiano focolari, plural de focolare, que significa "lareira" como sinédoque de "casa" ou mais propriamente "lar". O termo focolare tem sua origem no latim tardio focularis, derivado de focŭlus, diminutivo de focus, «fogo».[12] HistóriaEm 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, a professora Chiara Lubich, então com 23 anos, criou o Movimento Focolares junto com seus amigos mais próximos.[2] Ao final dessa mesma década com a guerra terminada, já contava com um número de seguidores suficiente para ocupar um acampamento de verão nas montanhas Dolomitas.[2] Somente 19 anos depois, em 1962, obteve a aprovação papal de João XXIII, recebendo deste o nome de Obra de Maria, durante o Concílio Vaticano II.[5] Em mensagem dirigida aos sete cardeais e 137 bispos amigos do Movimento dos Focolares, provenientes de 50 países, reunidos em Trento por ocasião do centenário de nascimento de Chiara Lubich, o Papa Francisco afirmou que o carisma da unidade, defendido por ela, “é uma dessas graças do nosso tempo, que experimenta uma mudança histórica e pede uma reforma espiritual e pastoral simples e radical, que leve a Igreja à fonte sempre nova e atual do Evangelho de Jesus".[13] AbusosEm 2020 vieram à tona uma série de denúncias de abusos sexuais dentro do movimento na Europa com, pelo menos, 30 vítimas crianças, além de alguns jovens. Os abusos foram cometidos a partir de 1970 por um membro leigo consagrado chamado Jean-Michel M. Isso motivou a renúncia de três líderes do movimento, Bernard Bréchet e Claude Goffinet, líderes do movimento na França, e Henri-Louis Roche, líder do movimento para a Europa Ocidental.[14] A denúncia também motivou uma investigação interna que encontrou pelo menos mais 61 denúncias de abuso entre 2014 e 2022, num total de 66 abusadores, sendo 53 membros leigos (32 com votos professados), cinco padres, quatro menores de idade e quatro não membros, mas que cometeram o abuso dentro do Movimento. A investigação identificou ainda 22 denúncias de “abusos sexuais, de consciência, espirituais e de autoridade relativamente a adultos”, entre 2018 e 2022.[15] Apesar disso, as autoridades do movimento se negam a revelar os nomes dos abusadores.[16] Focolares no BrasilO Movimento alega que o primeiro brasileiro a ter contato com o Movimento foi o Pe. João Batista Zattera, de Pelotas, que passou a ter um relacionamento profundo com Chiara Lubich.[17] Em 1958 chegam ao Brasil um grupo de vários focolarinos vindos da Itália, inluindo Lia Brunet, Marco Tecilla, Fiore Ungaro, Ginetta Calliari, Volo Morandi e outros, que se estabeleceram em Recife e depois em São Paulo. Dez anos depois, um grupo adere ao convite de Dom Helder Câmara e se estabelecem na Ilha de Santa Teresinha.[18] Em 25 de março de 2014, Maria Voce, então presidente do Movimento dos Focolares, esteve no Brasil para a inauguração da "Cátedra Chiara Lubich de Fraternidade e Humanismo" na Universidade Católica do Recife.[19] Economia de Comunhão (EdC)Parte empresarial do movimento dos Focolares,[20] que "visa atrair a intervenção divina para o mundo dos negócios" a partir da visão de que a busca do lucro é atitude divina, apresentando o empresário como modelo de ética e principal protagonista social e na exploração dos trabalhadores através da manipulação psicológica.[21] Ele reúne empresas que se comprometem a empregar o seu lucro em favor de três causas: o sustento daqueles que se encontram em necessidade, projetos de formação cultural e de incentivo ao empreendedorismo e o incremento da própria empresa. O projeto tem um objetivo claro: produzir riquezas em prol de quem se encontra em dificuldade e fomentar uma nova cultura em que a economia não esteja atrelada ao individualismo e ao crescimento das desigualdades.[22] No Brasil, a Economia de Comunhão está presente em 177 empresas de 12 estados. No mundo todo, são mais de 800 empresas.[22] Referências
Bibliografia
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