Mizarela (por vezes Misarela, grafia não oficial) é uma povoação portuguesa do Município da Guarda que foi sede da extinta Freguesia de Mizarela, freguesia que tinha 5,53 km² de área[1] e 135 habitantes (2011[2]), e, por isso, uma densidade populacional de 24,4 hab/km².
A Freguesia de Mizarela foi extinta (agregada) pela reorganização administrativa de 2012/2013,[3] sendo o seu território integrado na União de Freguesias de Mizarela, Pero Soares e Vila Soeiro da qual é a sede.[4]
Localização
A aldeia situa-se a 13 km da sede do município, no vale do Caldeirão, Parque Natural da Serra da Estrela, na margem esquerda do Rio Mondego.
População
Totais e grupos etários [5]
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1864
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1878
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1890
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1900
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1911
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1920
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1930
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1940
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1950
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1960
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1970
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1981
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1991
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2001
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2011
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Total
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544
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506
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519
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531
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619
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598
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524
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551
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568
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547
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430
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288
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246
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187
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135
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Por idades em 2001 e 2011
0-14 anos |
15-24 anos |
25-64 anos |
65 e + anos
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8 | 8
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29 | 5
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90 | 67
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60 | 55
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+0%
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-83%
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-26%
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-8%
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Factos históricos
- A origem da povoação é medieval.
- No dia 8 de Fevereiro de 1912, após três meses de mau tempo, parte da povoação é atingida por um desabamento de terras a que chamaram o Dilúvio, que arrasou várias habitações ferindo várias pessoas e tirando a vida a 15, 8 delas da mesma família. Ainda hoje é visível na encosta o buraco donde se desprenderam as terras.
- A aldeia é fustigada nos anos de 1970 pelo êxodo rural e pela emigração, com a fuga dos habitantes para países como França, Estados Unidos da América, Alemanha Ocidental, Luxemburgo e Itália mas, sobretudo, internamente para Lisboa e para a sede do concelho, a cidade da Guarda. Como umas das consequências, no início do século XXI vê fechar a escola por falta de crianças.
Lenda
Nos anos 80, aquando da construção da Casa do Povo, foi imortalizada num painel de azulejos colocado na fachada desse edifício a lenda que explica a razão pela qual a Mizarela é conhecida como a Aldeia do Melro.
Conta a história que um agricultor andava pelos campos, de roda das cerdeiras, zelando pelas cerejas que estavam a amadurecer e, como tal, apresentavam uma cor amarelada quando a certa altura vê fugir um melro do meio de uma das árvores. Tendo o dito pássaro o bico amarelo, contava ele que tal fosse uma cereja e desatou a correr atrás dele empunhando uma espada de cortiça. Quando o pássaro parou em cima de um barroco de granito o agricultor não pensou duas vezes e atirou a espada com o intuito de acertar no melro. Consta que a pontaria não foi a melhor mas que, tal a fúria e determinação das gentes da terra, ao que parece o dito barroco se abriu ao impacto tendo a espada de cortiça ficado esta cravada nele.
Alguns populares há que acrescentam que o dito agricultor correu atrás do melro bons quilómetros, até ao sítio do Barroco da Penhadeira na Velosa. Outras fontes mais pictóricas afirmam que o melro levava realmente uma cereja no bico e que, para fugir da espada, a deixou cair e esta se foi enfiar na brecha recém-aberta no barroco e que daí rebentou uma cerdeira.
Património
A aldeia tem como ponto forte a imponente paisagem natural e é atravessada por uma calçada romana[6] da qual ainda se podem encontrar alguns troços em razoável estado de conservação. Essa calçada seria provida de uma ponte da mesma idade sobre o rio Mondego que terá sido substituída por uma outra mais funcional durante a Idade Média e que, embora actualmente se situe em território de freguesias vizinhas, por todos é reconhecida como Ponte da Mizarela.[7]
Seguindo essa calçada na subida da serra, quem passasse na aldeia encontrava à entrada uma capela dedicada a Santo António e à saída uma outra em honra de São Gregório. Há ainda de destacar algumas quintas, solares e casas brasonadas, a Igreja Matriz e a Torre do Relógio.
Economia
O microclima do vale do Caldeirão, os solos férteis e a abundância de nascentes de água proporcionam um vasto leque de culturas hortícolas, cereais e árvores de fruto, sendo de destacar as cerejeiras e as oliveiras. Aliás, a produção do afamado azeite é muito levada a sério pela população, mesmo pelos naturais que habitam foram da aldeia, que fazem grandes esforços por colher toda a azeitona não obstante o frio do Inverno.
Em 2010 entrou em funcionamento um lagar de azeite a frio, com capacidade para produção de azeite biológico, propriedade da Cooperativa de Camponeses do Vale do Alto Mondego, também sedeada na freguesia.
Associações recreativas e desportivas
O Núcleo Desportivo e Cultural da Misarela,[8] fundado em 1985, contava em 2006 com quase 300 associados e tem vindo a manifestar cada vez mais actividade, animando a aldeia com a organização de diversas actividades culturais e desportivas.
Notas e Referências
- ↑ Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2012.1
- ↑ INE (2012) – "Censos 2011 (Dados Definitivos)", "Quadros de apuramento por freguesia" (tabelas anexas ao documento).
- ↑ Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Reorganização administrativa do território das freguesias, Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, Anexo I. Acedido a 19/07/2013.
- ↑ Diário da República, 1.ª Série, n.º 62, Declaração de Retificação n.º 19/2013, de 28 de março. Acedido a 14/11/2013.
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ calçada romana
- ↑ Ponte da Mizarela
- ↑ Núcleo Desportivo e Cultural da Misarela