Mistislau I de Czernicóvia Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Mistislau.
Mistislau I (em bielorrusso: Мсціслаў Уладзіміравіч; em russo: Мстислав Владимирович; em ucraniano: Мстислав Володимирович ) foi o primeiro príncipe atestado de Tamatarcha e Czernicóvia da Rússia de Quieve. Era o filho mais jovem do grão-príncipe Vladimir I (r. 980–1015). Seu pai nomeou-o governante de Tamatarcha, importante fortaleza no estreito de Querche, em ou após 988. Mistislau invadiu o núcleo dos territórios rus', que estavam sob controle de seu irmão Jaroslau I, o Sábio (r. 1019–1054), em 1024. Embora não pode tomar Quieve, forçou os eslavos orientais que viviam ao leste do rio Dniepre a aceitar sua suserania. Jaroslau também aceitou a divisão dos rus' junto ao rio após Mistislau derrotá-lo em batalha travada em Listven, nas cercanias de Czernicóvia. Mistislau transferiu sua sede para Czernicóvia, e tornou-se o primeiro governante do principado que emergiu em torno dela. VidaPrimeiros anosEra um dos muitos filhos do grão-príncipe Vladimir I (r. 980–1015).[1] Sua posição exata na família é disputada, pois Vladimir, que teve sete esposas e muitas concubinas antes de sua conversão,[2] teve dois filhos chamados Mistislau, segundo Crônica de Nestor.[3] Uma delas foi Raguenilda, que foi forçada a ser sua primeira esposa no final dos anos 970.[2][4] O segundo Mistislau nasceu de uma mulher checa. Historiadores debatem se o futuro príncipe de Tamatarcha e Czernicóvia foi filho de Raguenilda ou da esposa checa: a primeira opção é preferida por George Vernadsky, a segunda por Janet Martin.[1][3] Príncipe de TamatarchaVladimir administrou grandes porções dos territórios rus' através seus filhos ao colocá-los em cidades nas fronteiras.[1][5] A Crônica de Nestor narra, para o ano 988, que Mistislau tornou-se príncipe de Tamatarcha após a morte de um de seus irmãos, Visseslau de Novogárdia.[6] Vernadsky escreve que Mistislau, como governante de Tamatarcha, assumiu o título de grão-cã.[7] Tamatarcha foi uma importante cidade controlando o estreito de Querche entre o mar de Azove e o mar Negro.[8] Estava separada de outras partes dos rus' pelas estepes.[9] Sob Mistislau, primeiro príncipe conhecido, a cidade se desenvolveu num importante empório para comerciantes rus' e o Império Bizantino.[10] Vladimir morreu em 1014 enquanto se preparada para uma campanha contra seu filho rebelde, Iziaslau. Mistislau permaneceu neutro durante a guerra civil que se seguiu à morte do pai e terminou com a vitória de seu irmão, Jaroslau I, o Sábio em 1019.[11] O cronista bizantino João Escilitzes escreve sobre um "Esfengo, irmão de Vladimir"[12] que assistiu a frota imperial no ataque a Cazária em 1016.[13] Segundo os historiadores Simon Franklin e Jonathan Shepard, esse Esfengo – cujo nome parece ser a variante grega do varangiano Sueno – poderia ser identificado com Mistislau.[14] Em 1022, Mistislau matou Redédia, príncipe da tribo circassiana dos cassogianos num duelo após violar as regras acordadas no duelo. Redédia propôs um duelo físico sem o uso de armas de modo a evitar a possibilidade de mais guerra e morte aos cassogianos que já estava num estado de guerra semi-permanente. Mistislau concordou e o duelo começou, Redédia imediatamente afirmou sua dominância e derrotou Mistislau. Pego desprevenido, Mistislau revelou uma adaga e traiu Redédia e a honra do duelo ao acertá-lo. Redédia, em seus suspiros finais, insistiu que seus companheiros não conduzissem uma vendeta de sangue para evitar mais guerras aos cassogianos que já lutaram com outros povos antes da campanha de Mistislau. O legado de Redédia foi imortalizado por seus bardos e seu nome continua a viver nos modernos menestréis, poemas e músicas populares circassianas.[15] Segundo a Crônica de Nestor, Mistislau tomou a "esposa e filhos" de Redédia e "impôs tributo aos cassogianos"[16] após sua vitória.[17] Muitos cassogianos uniram-se ao druzina ou comitiva de Mistislau.[18] Ele construiu uma igreja, dedicada a Virgem Maria, em sua sede em cumprimento do juramento que havia feito antes do duelo.[19] Príncipe de CzernicóviaEm 1024, enquanto Jaroslau estava fora de Quieve, Mistislau liderou seu exército, que incluía tropas cassogianas e cazares, contra Quieve.[15] Embora não poderia entrar na capital dos russos devido a oposição local, forçou os severianos — uma tribo de eslavos orientais que vivia ao longo do rio Desna a leste de Quieve — a aceitar sua suserania.[20][9] Ele transferiu sua sede de Tamatarcha para Czernicóvia, que era a segunda maior cidade dos rus'.[21] Por nenhuma fonte mencionar um príncipe local governando Czernicóvia antes desse evento, historiadores consideram Mistislau como primeiro governante do Principado de Czernicóvia.[22] Ele expandiu a cidadela e as construções defensivas em torno do subúrbio em sua nova sede.[23] DuunviratoJaroslau, que mantinha tropas varegues em Novogárdia, invadiu o domínio de Mistislau em 1024. Na batalha decisiva, que foi travada em Listven próximo de Czernicóvia, Mistislau venceu.[15] Jaroslau cedeu os territórios a leste do rio Dniepre a Mistislau. [22][24] Após a distribuição de terras dos rus', Mistislau governou seu principado autonomamente.[25] Ordenou a construção na capital da catedral de alvenaria dedicada a Transfiguração do Santo Salvador em 1030 ou 1031.[26] Mistislau forçou os alanos que viviam junto do curso inferior do rio Don a aceitar sua suserania em 1029.[7] Ele quase cooperou com seu irmão nos últimos anos de sua vida.[15] Jaroslau e Mistislau conjuntamente invadiram a Polônia e ocuparam as cidades rutenas em 1031.[27] A Crônica de Nestor narra que "também tomaram muitos polacos e distribuíram-os como colonos em vários distritos." [7][28] O único filho de Mistislau, Eustáfio morreu em 1033.[29] Segundo a Crônica de Nestor, "adoeceu e morreu"[30] numa expedição de caça entre 1034 e 1036.[31] Foi sepultado na Catedral da Transfiguração que havia sido à época "construída a um ponto mais alto do que um homem sobre as costas de um cavalo podia alcançar sem suas mãos".[30] Por Mistislau morrer sem varões (teve ao menos uma filha), seu principado foi unido com o reino de seu irmão.[22] Referências
Bibliografia
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