Mireya Moscoso
Mireya Elisa Moscoso Rodríguez de Arias (Pedasí, 1 de julho de 1946) é uma política do Panamá, foi a primeira mulher a se tornar presidente de seu país, governando de 1 de setembro de 1999 até 1 de setembro de 2004. Nascida em uma família pobre, Moscoso tornou-se ativa na campanha presidencial de 1968 de Arnulfo Arias, seguindo-o e se casando com ele quando foi para o exílio após um golpe militar. Após a morte de Arnulfo em 1988, assumiu o controle de sua empresa de café e depois seu partido político, o Partido Arnulfista (PA). Na eleição presidencial de 1994, perdeu para o candidato do Partido Revolucionário Democrático (PRD), Ernesto Pérez Balladares, por 4% dos votos. Em 1999, derrotou o candidato do PRD, Martín Torrijos, por 8%, tornando-se a primeira presidente do Panamá. Durante seu mandato, presidiu a transferência do Canal do Panamá dos Estados Unidos para o Panamá e a crise econômica que resultou da perda de pessoal dos EUA. Prejudicada por novas restrições de gastos aprovadas pela Assembleia Legislativa, controlada pela oposição, e os escândalos de corrupção de seu governo, teve dificuldade em aprovar suas iniciativas legislativas. Sua popularidade caiu, e o candidato de seu partido, José Alemán, perdeu para Torrijos na eleição de 2004. Início de vida e famíliaNascida em uma família pobre de Pedasí, Moscoso é filha de uma professora e a mais nova de seis filhos.[1][2][3] Mais tarde, trabalhou como secretária e juntou-se à campanha presidencial de Arnulfo Arias em 1968;[2] Arias já havia servido dois mandatos parciais como presidente, sendo deposto, ambas as vezes, pelos militares panamenhos. Ele ganhou a presidência, mas foi novamente deposto pelos militares, desta vez após apenas nove dias no cargo.[4] Arias exilou-se em Miami, Flórida, e Moscoso o acompanhou, casando com ele no ano seguinte.[2] Ela tinha 23 anos de idade, e ele 67.[5] Durante este período, Moscoso estudou design de interiores no Miami-Dade Community College.[6] Após a morte de Arias em 1988, herdou sua empresa de café.[7] Em 29 de setembro de 1991, quase dois anos após a invasão dos Estados Unidos no Panamá que derrubou Manuel Noriega, tornou-se presidente do partido de seu ex-marido, o Arnulfista.[3] Também em 1991, Moscoso casou-se com o empresário Richard Gruber. O casal adotou um filho, Richard (nascido em 1992). Moscoso e Gruber se divorciaram em 1997.[3] Campanhas presidenciaisEm 1994, Moscoso foi a candidata à presidência do Panamá pelo Partido Arnulfista (PA), buscando suceder o presidente Guillermo Endara, também integrante de seu partido. Seus principais rivais foram o candidato do Partido Revolucionário Democrático (PRD), o administrador de empresas Ernesto Pérez Balladares, e o cantor de salsa Rubén Blades, que presidia o Partido Papa Egoro.[5] Moscoso e Blades procuraram enfatizar a conexão de Pérez Balladares com o governante militar Manuel Noriega, transmitindo imagens dos dois juntos,[8] enquanto Pérez Balladares trabalhou para se posicionar como sucessor do governante militar Omar Torrijos, que era considerado um herói nacional.[9] A campanha de Moscoso, entretanto, foi dificultada pela insatisfação pública com as notadas incompetência e corrupção do governo de Endara.[9] Pérez Balladares finalmente ganhou as eleições com 33% dos votos, enquanto Moscoso ficou com 29% e Blades recebeu 17%.[10] Moscoso foi novamente indicada como a candidata do PA à presidência para a eleição de 2 de maio de 1999. Seu principal oponente desta vez foi Martín Torrijos, filho de Omar Torrijos, nomeado para representar o PRD após o fracasso de um referendo constitucional que permitiria que Pérez Balladares concorresse a um segundo mandato. Torrijos foi escolhido, em parte, para tentar conquistar eleitores de esquerda depois das privatizações e restrições sindicais instituídas por Balladares.[5] Moscoso concorreu com uma plataforma populista, iniciando muitos de seus discursos com a frase em latim "Vox populi, vox Dei" ("a voz do povo é a voz de Deus"), anteriormente usada por Arias para começar seus próprios discursos.[11] Ela prometeu apoiar a educação, reduzir a pobreza e diminuir o ritmo da privatização.[2] Enquanto Torrijos concorreu em grande parte pela memória de seu pai—incluindo o uso do slogan da campanha, "Omar vive"[11]—Moscoso evocou o de seu marido morto, levando os panamenhos a brincarem de que a eleição foi uma disputa entre "dois cadáveres."[7] Aliados de Torrijos também criticaram Moscoso pela falta de experiência de governo ou seu curso superior.[7] No entanto, ao contrário de 1994, agora era o PRD que foi dificultado pelos escândalos do governo anterior, e Moscoso derrotou Torrijos com 45% dos votos contra 37%.[5] Presidência (1999-2004)Moscoso assumiu a presidência em 1º de setembro de 1999. Por ter se divorciado quando foi empossada, sua irmã mais velha, Ruby Moscoso de Young, serviu como primeira-dama.[12] Diante de uma Assembleia Legislativa controlada pelo oposicionista PRD, Moscoso estava limitada em sua capacidade de fazer novas políticas. Também foi prejudicada por novas restrições rigorosas. Pérez Balladares passou a gastar dinheiro público nos últimos dias de seu mandato, focando atingir o governo de Moscoso.[13] Em 31 de dezembro de 1999, Moscoso supervisionou a transferência do Canal do Panamá dos Estados Unidos para o Panamá sob o acordado pelos Tratados Torrijos-Carter.[14] Seu governo então enfrentou o desafio de limpar os problemas ambientais na Zona do Canal, onde o Exército dos EUA testou há muito tempo bombas, agentes biológicos e armas químicas. Os problemas restantes incluíram contaminação por chumbo, munições não detonadas e estoques de urânio empobrecido.[15] Embora Moscoso acabou com todos os compromissos de Pérez Balladares da Autoridade do Canal de Panamá[2] e nomeou o magnata de supermercados (e o futuro presidente) Ricardo Martinelli como chefe, a autoridade manteve sua autonomia em relação ao governo do país.[2] Ao mesmo tempo, a economia do Panamá começou a ter dificuldades devido à perda de renda dos funcionários norte-americanos do canal.[16] Moscoso trabalhou para acabar com o papel do Panamá na criminalidade internacional, aprovando novas leis contra a lavagem de dinheiro e apoiando a transparência fiscal.[17][18] A legislação permitiu que o Panamá fosse retirado das listas internacionais de paraísos fiscais.[18] Enquanto isso, os crimes violentos aumentaram acentuadamente durante seu mandato.[18] Em setembro de 2000, sob pressão dos EUA e de alguns governos latino-americanos, o governo de Moscoso deu asilo temporário ao ex-chefe do Serviço de Inteligência do Peru, Vladimiro Montesinos, que fugiu de seu país depois de ser filmado subornando um membro do Congresso.[17] Em dezembro de 2000, restos humanos foram descobertos em uma base da Guarda Nacional do Panamá, incorretamente creditado como sendo de Jesús Héctor Gallego Herrera, um sacerdote assassinado durante a ditadura de Omar Torrijos. Moscoso nomeou uma comissão de verdade para investigar o local e aqueles em outras bases.[15] A comissão enfrentou a oposição da Assembleia Nacional controlada pelo PRD, que cortou o seu financiamento e da presidente do PRD, Balbina Herrera, que ameaçou buscar ações legais contra a presidente. Em última instância, relatou 110 dos 148 casos que examinou, dos quais quarenta de desaparecidos e setenta eram de assassinados. O relatório concluiu que o governo Noriega havia se envolvido em "tortura [e] tratamento cruel, desumano e degradante", e recomendou uma nova exumação e investigação.[19] Durante seu mandato, Moscoso foi frequentemente acusada de nepotismo por suas nomeações administrativas[2] e enfrentou vários escândalos de corrupção, como o presente inexplicado de US$ 146 000 em relógios para os membros da Assembleia Legislativa.[20] Em 2001, seu índice de aprovação caiu para 23% devido a escândalos de corrupção e preocupação com a economia. Naquele ano, tentou aprovar um pacote de reforma tributária na Assembleia Legislativa, mas a proposta foi contrariada tanto pelo setor privado como pelo trabalho organizado.[21] Em 2003, o embaixador dos EUA criticou publicamente Moscoso pelo crescimento da corrupção durante seu mandato.[22] No final do seu mandato, a sua presidência foi "criticada como abundante em corrupção e incompetência"[23] e "amplamente considerada como fraca e ineficaz."[24] Barrada pela Constituição do Panamá de concorrer a um segundo mandato consecutivo, Moscoso foi sucedida por seu ex-rival Martín Torrijos, eleito em maio de 2004 com 47,44% dos votos, contra 37,54% de Guillermo Endara. Pouco antes de deixar o cargo, Moscoso provocou controvérsia perdoando quatro homens—Luis Posada Carriles, Gaspar Jiménez, Pedro Remon, e Guillermo Novo Sampol—que foram condenados por conspirar para assassinar o presidente cubano Fidel Castro durante uma visita de 2000 ao Panamá. Cuba rompeu as relações diplomáticas com o país e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, chamou seu embaixador no Panamá.[25] Moscoso afirmou que os perdões tinham sido motivados por sua desconfiança contra Torrijos, dizendo: "Eu sabia que, se esses homens ficassem aqui, eles seriam extraditados para Cuba e Venezuela, e lá eles certamente os matariam."[26] Moscoso também emitiu perdões para 87 jornalistas condenados por difamação em até quatorze anos antes. Em 2 de julho de 2008, todos os 180 perdões que Moscoso emitiu foram revogados como inconstitucionais pelo Supremo Tribunal.[27] Pós-presidênciaDurante a presidência de Torrijos, Moscoso permaneceu uma integrante ativa da oposição. Em setembro de 2007, criticou a nomeação do político do PRD, Pedro Miguel González, que era procurado nos EUA pelo assassinato do sargento do exército dos EUA, Zak Hernández, como chefe da Assembleia Nacional.[28] No mesmo ano, juntou-se a Endara e a Perez Balladares no lobby na Organização dos Estados Americanos para investigar a recusa do governo de Hugo Chavez de renovar a licença de transmissão da estação opositora Radio Caracas Televisión Internacional na Venezuela.[29] Desde que deixou o cargo, Moscoso também atuou como membro do Conselho das Mulheres Líderes Mundiais do Woodrow Wilson International Center for Scholars,[30][31] uma rede destinada a "promover a boa governança e melhorar globalmente a experiência da democracia, aumentando o número, a eficácia e a visibilidade das mulheres que lideram nos níveis mais altos em seus países".[32] Nota
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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