Miguel da Silveira (poeta) Nota: Este artigo é sobre o poeta português. Para o político português, veja Miguel da Silveira (político).
Miguel da Silveira (Celorico da Beira, Portugal, c. 1580-Nápoles?, 1644) foi um poeta criptojudeu do século XVII, autor de poemas épicos em espanhol, relacionado com o seu conterrâneo, o também criptojudeu e historiador Rodrigo Mendes da Silva.[1][2] Estudou Direito na Universidade de Coimbra entre 1599 e 1604 e posteriormente estes estudos foram-lhe validados na Universidade de Salamanca, onde estudou adicionalmente medicina e ciências naturais; ali licenciou-se em 1608. Neste ano o seu nome aparece como poeta numa antologia. Viveu 20 anos em Madrid, onde exerceu a medicina e recebeu os hábitos da Irmandade de Escravos do Santíssimo Sacramento em 1612, irmandade a que também pertenciam Cervantes, Lope de Vega, Quevedo, Salas Barbadillo e outros famosos escritores e intelectuais. Miguel de Cervantes nomeia-o em sua Viagem de Parnaso (1614) e Lope de Vega na sua Laurel de Apolo (1629), o que indica que estava muito integrado como escritor e intelectual no Século de Ouro. Em Madrid ganhava a vida como professor de astronomia e ciências e teve entre os seus discípulos o duque de Medina de Las Torres, Ramiro Núñez de Guzmán (falecido em 1668), que depois levá-lo-ia para Nápoles quando foi nomeado ali vice-rei. Silveira foi acusado em 1635 de ser "marrano" ou criptojudeu e foi torturado, pelo menos duas vezes, pela Inquisição, sem chegar a ser condenado. Em 1636 marchou a Nápoles para servir o seu amigo o já vice-rei Ramiro Núñez de Guzmán, e ali publicou os vinte cantos em oitavas reais do seu poema épico El Macabeo (Nápoles: Egidio Longo, 1638), que relata a história da personagem bíblica Judas Macabeu e a restauração de Jerusalém, bem como outras obras: El Sol Vencido (1639) e Vida de Elio Seyano (1639). Também escreveu uma Partenope Ovante, obra perdida composta para celebrar a entrada do Conde-duque de Olivares em Nápoles, onde o poeta esteve até 1644. El Macabeo foi reimpresso em Madrid: F. Martínez Abad, 1731, e estudado e editado numa perspetiva moderna (Lancaster: Labyrinthos, 2006) por Moshe Lazar. As suas Poesias foram reunidas e editadas em Coimbra, 1906. Como poeta é fundamentalmente culterano. Referências
Ligações externas
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