Me Solta
"Me Solta" é uma canção gravada pelo cantor brasileiro Nego do Borel com participação de DJ Rennan da Penha. A canção tem composição de ambos, com produção de Rennan da Penha, e foi lançada como single pela Sony Music em 4 de junho de 2018. Uma outra versão, chamada de "Me Solta na Copa", foi lançada em 22 de junho de 2018 e tem composição assinada por Borel, Umberto Tavares e Jefferson Júnior, também produzida por Rennan da Penha. Antecedentes e lançamentoAnteriormente nomeada como "Me Solta Porra", a canção foi liberada no canal do YouTube do DJ Rennan da Penha em 16 de maio de 2018. A canção também apresentava créditos para o DJ Wendel CZR.[1] No dia 25, a gravação já contava com mais de 700 mil acessos quando o artista publica vídeo em seu Instagram dançando ao som da música. Na época, sua música de trabalho era o single "Cadeira".[2][3] O single foi lançado oficialmente nas plataformas digitais em 4 de junho, sendo uma parceria de Nego do Borel com o DJ Rennan da Penha, excluindo o palavrão que constava originalmente no título.[4] Em 22 de junho, Nego do Borel librou uma segunda versão da música intitulada "Me Solta na Copa", em função da Copa do Mundo da Rússia que ocorria naquele momento.[5] Composição"Me Solta" é uma canção de funk carioca que percorre um ritmo de 150 batidas por minuto, um estilo de produção que se popularizou entre diversos produtores do gênero desde meados de 2017.[6] O site Busterz descreveu a estrutura lírica como simplista por possuir apenas um verso e o refrão, sendo apoiada somente pelo instrumental. O canto de Borel é considerado "irritado e um tanto quanto exagerado", aonde ele convida o ouvinte para dançar entoando o bordão "Aaai, me solta, porra!".[7] A letra menciona o "Baile da Gaiola", festa de funk bastante popular na comunidade da Penha, idealizada pelo DJ Rennan da Penha.[8] Em avaliação do vídeo musical, o portal KondZilla chama a canção de "simples e chiclete" num texto que avalia o fenômeno do "150BPM" (batidas por minuto) no funk carioca, puxado pelo DJ Rennan da Penha, afirmando que ele "produziu com maestria a música num formato menos é mais: batida, voz e synths marcando a música".[9] Para o Catraca Livre, a música considerada a volta de Nego do Borel ao "pancadão carioca".[10] A versão "Me Solta na Copa", lançada para o evento, repete a produção anterior e cita na letra nomes dos jogadores da Seleção Brasileira, além de fazer torcida para o hexacampeonato.[5][11] Esta versão é assinada por Borel, Umberto Tavares e Jefferson Júnior.[12] Desempenho comercialApesar de não ter entrado em nenhuma tabela publicada pela Billboard Brasil, "Me Solta" estreou na lista das mais ouvidas do Spotify no Brasil no dia 9 de junho, sendo esta a música de Nego do Borel a entrar mais rápido na listagem das 50 mais tocadas no Brasil computadas pela plataforma, aparecendo no número 36.[13] Até o lançamento do vídeo musical, em 9 de julho, "Me Solta" já acumulava 4,2 milhões de reproduções no Spotify e aparecia entre as 35 mais tocadas na mesma listagem.[14] Vídeo musicalO vídeo musical que acompanha o single foi gravado em 20 de junho de 2018 no Morro do Borel, favela situada na Zona Norte do Rio de Janeiro, local onde o artista viveu.[15] Na época, a Sony Music relatou que a gravação do vídeo estava mobilizando a comunidade inteira – como figuração, ballet, fornecedores e transporte.[16] No dia do lançamento do single, Borel convidou a comunidade para participar da coreografia da canção.[4] Em entrevista para o site da produtora KondZilla, o diretor Lucas Romor afirmou que gravar o vídeo no Rio de Janeiro e com Nego do Borel, a quem chama de "um dos maiores artistas do país", foi "uma experiência incrível, tanto pelo fato do Nego ser uma pessoa extraordinária, tanto pelo fato de que a estrutura era gigante – sendo assim o meu maior clipe em questões de pessoas envolvidas. [...] A princípio fiquei muito contente em saber que ia fazer um clipe de uma música que já estava tocando por todo país. O ritmo acelerado do 150BPM deu uma nova estética, a minha linguagem, com a ajuda do Youssef Jabour [editor responsável pelo clipe], conseguimos achar soluções que ficassem dentro das minhas características, e que não perdesse a dinâmica que o filme pedia”.[9] Com roteiro assinado por Nego do Borel, o vídeo foi lançado no canal da produtora KondZilla YouTube em 9 de julho de 2018 e apresenta o artista travestido como a personagem "Nega da Borelli", já conhecida por amigos e publicações nas redes sociais do cantor há alguns anos.[14] A personagem é caracterizada vestindo um shorts jeans, uma blusa vermelha, sapatos com salto, uma bolsa e um óculos vermelho[17], e aparece no vídeo passeando pelas ruas, escadarias e quadra da favela.[14] Borel dança entre figurantes e, em certo momento, beija o modelo Jonathan Dobal.[17][18] Sobre a produção, Nego do Borel afirma que interpretou a "Nega da Borelli" para "lembrar de forma bem humorada que as pessoas são livres para escolherem o que querem ser. O respeito ao outro tem que estar acima de tudo".[14] O vídeo teve como ideia trabalhar o verso "me solta, deixa eu dançar" dentro da ideia de empoderamento.[16] Repercussão e controvérsiaEm 24 horas, o vídeo já havia ultrapassado a marca de 5 milhões de visualizações no YouTube e recebeu elogios de personalidades como Bruno Gagliasso e Leo Dias pela representação.[17] No entanto, o material teve uma repercussão negativa por diversos fatores. Internautas criticaram os estereótipos reforçados no vídeo[17], a cena de beijo do cantor com outro homem vista como maneira de explorar o pink money sem comprometimento real com a causa LGBT e o fato do artista apoiar ideais do então candidato à presidência Jair Bolsonaro, que tem histórico de homofobia, misoginia e racismo.[19][20][21][22][23] Nego do Borel afirmou não apoiar Bolsonaro e que a foto tirada com ele (que repercutiu após o lançamento do vídeo) foi a pedido de seu filho, Flávio Bolsonaro, também presente no registro.[24] Ele afirmou "não negar foto pra ninguém".[25] Com 1 semana de lançamento e acumulando 26 milhões de visualizações no YouTube, "Me Solta" ultrapassou o clipe de "Vai Malandra" e se tornou o vídeo musical brasileiro mais rejeitado no site, acumulando 586 mil dislikes.[26] Em 24 de julho, o vídeo já acumulava 45,9 milhões de visualizações, 1,2 milhão de curtidas e 878 mil dislikes.[27] O site do Jornal do Commercio apontou que a reação ao vídeo foi negativa tanto pela comunidade LGBT, tanto por espectadores conservadores que estavam "decepcionados" com a atitude de Borel em se vestir de mulher e beijar outro homem.[28] O modelo Jonathan Dobal, que aparece no vídeo beijando Nego do Borel, defendeu o cantor e avaliou sua experiência de trabalho como uma "quebra de paradigmas". Ele afirmou nunca ter beijado outro homem e que achou importante tratar do tema. "[...] Quanto a as agressões na internet, não tenho medo do que virá. Vejo este beijo como um trabalho artístico que precisa estar livre de discriminação", afirma ele, que acrescentou: "Acho que esse beijo já quebra o preconceito de quem vê ou trata o homossexual de forma agressiva, sem respeito. A ideia do clipe é justamente fazer essas pessoas mudarem de comportamento".[29] Borel afirmou que a ideia do beijo foi dele.[30] Em análise para o jornal O Globo, Leonardo Lichote faz questionamentos sobre a figura de Nego do Borel e relembra um verso dos Racionais MCs que repercutiram em meio à polêmica ("Em troca de dinheiro e um cargo bom / Tem mano que rebola e usa até batom"). Ele afirma existir a contradição por Nego do Borel fazer um vídeo apoiando LGBTs mas ter ideais de apoio a Bolsonaro, escrevendo que "Beijo gay e Bolsonaro não deveriam caber na mesma figura, se formos pesar racionalmente. Porém, cabem — o Brasil real desafia a racionalidade de analistas bidimensionais não é de hoje. Nego do Borel não é exceção." Mais a frente em sua análise, ele escreve: "Quando canta 'deixa eu dançar, deixa eu dançar' e se desvencilha do beijo ao qual se entregara inteiro segundos antes, Nego do Borel afirma exatamente que não quer cumprir o que o cara que o beija espera dele. Ele está solto. Beija as expectativas de Bolsonaro e as do movimento LGBT no mesmo baile — e se desvencilha de ambas." A análise também menciona outras personalidades e suas contradições, como Wesley Safadão ("evangélico e safadão"), Marília Mendonça ("negando ser feminista — e sendo") e Neymar ("com sua ética do drible, seus dribles na ética e seu corte de cabelo desvelando racismos e classismos").[31] A revista Veja, em seu portal, escreveu que a intenção era que o vídeo fosse um "lacre" (citando gíria LGBT que representa algo que "arrasa"), com repercussão positiva — comparando com a repercussão de "Paraíso", parceria de Lucas Lucco com a drag queen Pabllo Vittar onde nele reproduziam o cenário do filme A Lagoa Azul. "O recado claro: dois galãs heterossexuais sem preconceito, celebrando a diversidade em cena de ficção", mas que toda a intenção terminou em xeque com a repercussão negativa.[32] O site Nexo relembrou outros momentos em que o artista apareceu como "Nega da Borelli" mas que nenhum deles teve tanta repercussão quanto a interpretação no vídeo de "Me Solta", "atingindo inclusive públicos que nunca tinham ouvido falar do artista".[33] Em 2019, o vídeo foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Vídeo Musical Versão Curta.[34] Faixas e formatos
Referências
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