Maria Bueno
Maria da Conceição Bueno (Morretes, 8 de dezembro de 1854 ou 1864[nota 1] – Curitiba, 29 de janeiro de 1893) ou simplesmente Maria Bueno é considerada uma entidade histórica folclórica no Estado do Paraná pela realização de supostos milagres, sendo considerada uma figura do folclore local.[3][4][5][6] Maria Bueno foi brutalmente assassinada por um soldado em uma mata afastada, próximo da Rua dos Campos Gerais[2] (atual Rua Vicente Machado, no centro de Curitiba).[7] Conta-se que no local de sua morte foi colocada uma cruz de madeira, tornando-se um lugar de preces onde devotos afirmavam ter seus pedidos atendidos por Maria. A sua sepultura, no Cemitério Municipal, recebe um grande número de visitantes, no feriado de Finados (2 de novembro).[7][8][9] Sua história mistura fatos históricos e misticismo, e aos poucos foi ganhando formato de lenda urbana, repercutindo no imaginário popular.[7] Sua história já foi relatada em livros, como o “Maria Bueno“ romance escrito por Sebastião Isidoro Pereira em 1948, além de uma radionovela, escrita por Mano Bastos, uma telenovela transmitida pela TV Paraná e uma minissérie de quatro capítulos da Rede Paranaense de Comunicação.[2][10] BiografiaNão são precisos os relatos de vida de Maria da Conceição Bueno. Versões de jornais de época relatam que era filha de um imigrante espanhol, Pedro Bueno, com a cabocla Júlia, e nasceu no século XIX em Morretes, no litoral do Paraná.[2] Algumas fontes relatam que era parda, outras relatam que era branca, sendo a caçula de sete irmãs.[2][3] Os supersticiosos comentavam que a sétima filha nascia com poder paranormal, entretanto, na época, levavam o assunto de forma natural.[3] O pai morreu na Guerra do Paraguai[1] e quando Maria era adolescente entrou para o convento, porém os religiosos a enviaram para Curitiba, com a missão de cuidar de um casal de idosos. Após a morte do casal, a jovem foi trabalhar de lavadeira na cidade.[3] Outras fontes relatam que após a morte da mãe, foi morar com uma irmã, em Campo Largo e quando esta perdeu seu bebê, natimorto, a irmã enlouqueceu e começou a maltratar Maria, que fugiu e refugiou-se com freiras italianas. Outra versão diz que quando fugiu, escondeu-se em uma igreja e os padres lhe entregaram para uma família italiana; ou que foi adotada pela família do comerciante italiano Mario Basso.[2] Com mais idade, passou a se sustentar da lavagem de roupas, porém, outras versões dão conta (versão do advogado de defesa de Diniz) que foi amante do pai de criação, Mario Basso, num triangulo amoroso com a esposa.[1] Após a morte de Basso, que morreu pobre por dividas de jogo, passou a morar com a viúva do amante num casebre e para ganhar a vida, recebia visitas intimas na residência, como foi relatado na época do julgamento de Diniz: "ela vivia fora de casa entre a soldadesca".[2][1] Maria gostava de dançar e frequentar bailes. E em um desses bailes conheceu Inácio José Diniz,[7] anspeçada do Exército, com quem passou a viver em concubinato.[11] AssassinatoEm um certo dia haveria um grande baile na cidade e ela queria participar. Porém, Diniz não queria permitir, pois na ocasião ele estaria em serviço no quartel. Os dois discutiram fortemente e Diniz foi para o aquartelamento. Mais tarde, contrariando Diniz, Maria Bueno foi ao baile. E de madrugada, desconfiado, Diniz saiu escondido do quartel e foi espionar se Maria Bueno realmente havia ido ao baile; permanecendo de tocaia no caminho que ela teria de fazer para voltar para casa. Quando Maria Bueno passou, matou-a com um punhal desferindo grande quantidade de golpes pelo corpo. Na manhã seguinte, um domingo, seu corpo ensanguentado permaneceu por horas na rua onde o crime aconteceu.[7] O crime chocou as pessoas da pequena Curitiba da época. Diniz foi preso e levado a julgamento, mas foi absolvido devido seu álibi, por constar como em serviço no quartel e ninguém ter testemunhado sua ausência. O que então gerou grande indignação popular. Durante a Revolução Federalista, Diniz, então fora do Exército, foi apanhado com algumas mulas roubadas. Preso em 1894, foi sumariamente fuzilado pelos federalistas, entre eles Gumercindo Saraiva. O que na voz do povo passou a representar como um castigo divino.[7] Um dos primeiros registros sobre Maria Bueno foi em uma crônica de 30 de janeiro de 1893. O Diário do Comércio trouxe uma notícia sobre "uma moça de cor parda havia sido assassinada numa travessa da Rua Campos Geraes, tendo a cabeça completamente separada do corpo e fundos talhos de navalha nas mãos".[7] Em jornais da época registram que a antiga rua Campos Geraes, hoje rua Vicente Machado, foi o local em que Maria foi morta.[7] Lenda e misticismo
Maria Bueno foi sepultada em um túmulo azul do Cemitério São Francisco de Paula. No local pessoas colocaram cruzes e flores, além santinhos, fitas e imagens.[7] Se tornou-se um lugar de preces onde devotos acreditam que as preces são atendidas. Considerada uma santa do povo, é cultuada e muitas pessoas afirmam receber milagres.[13] Ganhou diversas pinturas e representações, sendo esculpida em formato de "santa" e presente na cultura popular, representada na literatura, em peças de teatro e filmes.[3] A história foi adaptada para a televisão em formato de minissérie pela RPC.[10] Notas
Referências
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