Os membros da família Marattiaceae divergiram dos restantes pteridófitos muito cedo na história evolucionária do grupo e são por isso muito diferenciados em relação aos restantes pteridófitos e em relação à maioria das plantas comuns nas regiões de clima temperado. Muitas das espécies apresentam sistemas radiculares massivos e carnudos e as maiores frondes conhecidas entre os pteridófitos.
As Marattiaceae é um dos dois grupos de fetos tradicionalmente conhecidos como fetos eusporangiados,[6] já que nesse agrupamentos o esporângio é formado a partir de um grupo de células, ao contrário do que ocorre entre os peteridófitos leptosporangiados nos quais na formação do esporângio há apenas a intervenção de uma única célula inicial.
O género Eupodium é também neotropical, com apenas três espécies validamente descritas, e apresenta frondes distintas, 2-5 vezes pinadas, com aurículas na base dos segmentos da lâmina distal e sinângios[8] pedunculados. A divisão da lâmina diminui em direcção ao ápice da fronde. Os espécimes de Eupodium geralmente produzem apenas uma fronde por ano, por vezes duas.
Ptisana é um género paleotropical, com plantas com frondes 2-4 vezes pinadas, frequentemente comparáveis em tamanho às produzidas pelas espécies do género Angiopteris. Os segmentos terminais das frondes normalmente apresentam uma sutura proeminente no ponto onde se fixam à ráquis. Os esporângios não apresentam as aberturas labiadas que estão presentes nos géneros Marattia e Eupodes e os sinângios são profundamente recortadas. O nome do género deriva da semelhança dos seus sinângios com os grãos de cevada perlada. A espécie Ptisana dentata (o feto-real), nativo da Nova Zelândia e das ilhas do Pacífico Sul (conhecida em māori por para), tem sido frequentemente colocado neste género. Por vezes designado por feto-batata, esta espécie de grandes pteridófitos produz um rizoma carnudo comestível que é usado como fonte de alimento por alguns povos indígenas da Oceania.
O género Danaea é endémico dos Neotrópicos. As espécies deste género apresentam frondes bipinadas com folíolos opostos, dimórficas, com as frondes férteis muito contraídas, recobertas na página inferior por sinângios lineares, afundados na superfície da lâmina, deiscentes via poros.[10]
Vários outros géneros têm sido descritos na famílias Marattiaceae, nomeadamente Archangiopteris, Macroglossum, Protangiopteris e Protomarattia, mas todos eles são na actualidade considerados como sinónimos taxonómicos de Angiopteris.
Classificação
No sistema de classificação baseada na filogenia molecular desenvolvido por Smith et al. em 2006, a ordem Marattiales era considerada o único membro da classe monotípica Marattiopsida. Quatro géneros (Angiopteris, Christensenia, Danaea e Marattia) eram reconhecidos como integrantes da família Marattiaceae.[11]
Com a publicação da sequência linear de Christenhusz et al. (2011), construída com a intenção de obter compatibilidade com a classificação de Chase e Reveal (2009),[12] que colocava todas as plantas terrestres em Equisetopsida,[13] a a ordem Marattiales passou a constituir o único membro da subclasse monotípica Marattiidae, equivalente à classe Marattiopsida da classificação de Smith.
Os géneros Eupodium e Ptisana foram reconhecidos como segregados de Marattia para permitir que o género fosse monofilético.[12] A inclusão da ordem Marattiales na subclasse Marattiidae foi subsequentemente seguida nas classificações do sistema Christenhusz, do sistema Chase (2014)[4] e do sistema PPG I (2016).[5] Christenhusz e Chase colocaram o género Danaea na subfamília Danaeoideae e os restantes géneros na subfamília Marattioideae,[4] mas esta classificação subfamiliar não foi adoptada no sistema PPG I.[5] Nessas modernas classificações a posição da ordem Marattiales é a seguinte:[14]
↑Smith, Alan R.; Kathleen M. Pryer, Eric Schuettpelz, Petra Korall, Harald Schneider, & Paul G. Wolf (2006). «A classification for extant ferns»(PDF). Taxon. 55 (3): 705–731A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
↑ abcThe Pteridophyte Phylogeny Group (novembro de 2016). «A community-derived classification for extant lycophytes and ferns». Journal of Systematics and Evolution. 54 (6): 563–603. doi:10.1111/jse.12229
↑Murdock, Andrew G. (2008). «A taxonomic revision of the eusporangiate fern family Marattiaceae, with description of a new genus Ptisana». Taxon. 57 (3): 737–755.
↑Esporângio composto ou plurilocular, em que as partes são coerentes.
↑Bell, Peter (2000). Green Plants: Their Origin and Diversity 2 ed. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 177. ISBN0 521 64109 8.