Manolo Garcia Florentino (Baixo Guandu, 1958 – Rio de Janeiro, 12 de março de 2021) foi um historiador, colunista, escritor e professor brasileiro especialista em história da escravidão nas Américas. Foi professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi casado com a também professora da UFRJ, Cacilda Machado com quem teve a filha Maria.[1]
Biografia
Florentino graduou-se no curso de História na Universidade Federal Fluminense (UFF) no ano de 1981.[1] No ano de 1985, concluiu seu mestrado, em estudos africanos, no Colégio de México (COLMEX) com o título de La Trata Atlántica y las Sociedades Agrárias del Africa Occidental (Ensayo Sobre las Consecuéncias del Tráfico Negrero en la Agricultura del Oeste Africano, c. 1450-c.1800).[2]
Retornou à UFF para realizar o doutorado, que completou em 1991 sob orientação de Ciro Flamarion Cardoso.[1] Seu trabalho no doutorado foi Em Costas Negras: Um Estudo Sobre o Tráfico de Escravos Africanos para o Porto do Rio de Janeiro. c. 1790-c. 1835, em que Florentino faz uma grande análise dos africanos escravizados chegados no Rio de Janeiro, então capital federal do país.[3][4]
Carreira profissional
Em 1988, tornou-se professor do Instituto de História, na época ainda chamado de Departamento de História, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) através de concurso público.[5] Aposentou-se pela mesma instituição em 2019.[6]
Entre os anos 2013 e 2015 foi presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa.[7][8] Também atuou como colunista da Folha de S.Paulo no caderno Mais!.[9]
Vida pessoal
Foi casado com a professora Cacilda Machado, que também atuou como professora da UFRJ.[1][10] O casal teve uma filha, Maria.[1]
Morte
Manolo morreu[11] no Rio de Janeiro, em março de 2021, vítima de uma parada cardiorrespiratória.[12][13]
Legado
Manolo é considerado um dos maiores historiadores do Brasil no assunto da escravidão.[14][15] Na nota de pesar escrita pelo Instituto de História da UFRJ, disse que o professor deixou "marcas indeléveis nas instituições em que trabalhou" e que "Manolo marcou definitivamente a historiografia brasileira.[5]
A historiadora Lília Moritz Schwarcz disse que "Manolo era um pesquisador muito importante no que se refere à história da escravidão no Brasil mas também pelas Américas.[9] Nos últimos 30 anos revolucionou a concepção do que é escravidão, mostrando sim como os escravizados eram vítimas, mas também como tinham ação, como tinham relevância."[9]
Livros publicados
- 1995 - Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX) - Ed. Companhia das Letras.[16]
- 1996 - O Arcaísmo como projeto (em parceria com João Fragoso) - Ed. Diadorim.[17]
- 1997 - A paz das senzalas (em parceria com José Roberto Góes Neves) - Ed. da Unesp.[18]
- 2005 - Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX - Ed. Record.[19]
- 2008 - Trabalho compulsório e trabalho livre na história do Brasil - Ed. da Unesp.[20]
- 2010 - Impérios ibéricos em comarcas americanas: estudos regionais de história colonial brasileira e neogranadina - Ed. 7Letras.[20]
Prêmios
Referências
- ↑ a b c d e Queiroz, Christina (16 de março de 2021). «Intérprete da escravidão». Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ Florentino, Manolo (1985). «La trata atlántica de esclavos y las sociedades agrarias del África Occidental: ensayo sobre las consecuencias del tráfico negro en la agricultura del oeste africano, c.1450-c.1800». El Colegio de México. Consultado em 26 de abril de 2021
- ↑ Marquese, Rafael de Bivar (2006). «A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX». Novos estudos CEBRAP (74): 107–123. ISSN 0101-3300. doi:10.1590/S0101-33002006000100007. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ CASTRO, Ruy (2019). Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20. Rio de Janeiro: Companhia das Letras. 536 páginas
- ↑ a b Sedrez, Lise. «Nota de pesar». Universidade Federal do Rio de Janeiro. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ Grellet, Fábio (12 de março de 2021). «Historiador Manolo Garcia Florentino morre aos 63 anos no Rio - Brasil». Estadão. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ «Marta Suplicy se reúne com o presidente da FCRB». Fundação Casa de Rui Barbosa. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ Altschuller, Claudia. «Vocabulário do Português Medieval». Fundação Casa de Rui Barbosa. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ a b c Moura, Eduardo (12 de março de 2021). «Morre Manolo Florentino, historiador que lançou novos olhares sobre a escravidão». Folha de S.Paulo. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ «Cacilda da Silva Machado». PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Estado, Agência (18 de julho de 2022). «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». Jornal do Comércio. Consultado em 23 de outubro de 2024
- ↑ Leal, Bruno (12 de março de 2021). «Morre o historiador Manolo Florentino, referência em estudos da escravidão». Café com História. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». IstoÉ Independente. 12 de março de 2021. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ a b Alves, Altair (13 de março de 2021). «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». Diário do Rio de Janeiro. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ «Editora Unesp homenageia historiador Manolo Florentino». Editora da Unesp. 15 de março de 2021. Consultado em 27 de abril de 2021
- ↑ Florentino, Manolo (1997). Em costas negras: uma história do tráfico atlântico de escravos entre a Africa e o Rio de Janeiro, séculos XVIII e XIX. [S.l.]: Companhia das Letras
- ↑ Fragoso, João Luís Ribeiro; Florentino, Manolo (1993). O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro, c. 1790-c. 1840. [S.l.]: Diadorim
- ↑ Florentino, Manolo (18 de agosto de 2017). A paz das senzalas. [S.l.]: SciELO - Editora UNESP
- ↑ Florentino, Manolo (2005). Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. [S.l.]: Civilização Brasileira
- ↑ a b Lewkowics, Ida; Gutiérrez, Horacio; Florentino, Manolo (2008). Trabalho compulsório e trabalho livre na história do Brasil. [S.l.]: UNESP
- ↑ Grellet, Fábio (12 de março de 2021). «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». Zero Hora. Consultado em 27 de abril de 2021
Bibliografia