Manhã de Santo António
Manhã de Santo António é uma curta-metragem luso-francesa de 2012, realizada e escrita por João Pedro Rodrigues.[1][2] O filme assume um registo experimental, retratando uma madrugada depois das festas populares em que quarenta jovens saem da estação de metro em Alvalade, caminhando como zombies em percursos distintos.[3] Manhã de Santo António é interpretado por um ensemble cast que inclui Carlos Conceição, Miguel Nunes e Mariana Sampaio.[4] O filme foi selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes, onde estreou a 24 de maio de 2012. Em Portugal, foi distribuído comercialmente pela Blackmaria, a partir de 11 de junho de 2015. Manhã de Santo António foi nomeada aos Prémios do Cinema Europeu de 2012, na categoria de melhor curta-metragem.[5][6] O filme inspirou uma exposição de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata intitulada Santo António, originalmente para o Museu Mimesis Art (Coreia do Sul), onde foi inaugurada a 26 de novembro de 2013.[7] SinopseA tradição popular dita que no dia 13 de junho, dia de Santo António, o padroeiro de Lisboa, os amantes provem o seu amor com a oferta de manjericos cujos vasos se enfeitam com cravos de papel e pequenas bandeiras com quadras populares.[3] Na madrugada desse dia, um grupo de quarenta jovens regressam a casa ressacados das festividades.[8] Apanham o primeiro metro da manhã e saem na estação de Alvalade. Deambulam como zombies controlados remotamente, num desfile de amor pelas ruas desertas de Lisboa. Alguns caem, levantam-se novamente, outros deitam-se ou afundam num lago. Entretanto, Lisboa prepara-se para o dia 13 de junho.[9] O filme acompanha os inesperados percursos destas personagens, a geometria do seu andar. Divergem do mesmo centro que é a estátua de Santo António, erguida durante o Estado Novo.[10] Elenco
Equipa técnica
ProduçãoManhã de Santo António é uma produção entre Portugal e França, que João Pedro Rodrigues realizou integrado num projeto artístico para a Escola de Arte Contemporânea Le Fresnoy (França), onde havia leccionado no ano letivo de 2010/11. Com a produção de Blackmaria Produção audiovisual, a curta-metragem contou com o apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual, Ministério da Cultura e RTP[15]. Exposição Santo AntónioO filme inspirou uma exposição de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata intitulada Santo António, criada originalmente para o Museu Mimesis Art (Coreia do Sul).[16] Segundo Rodrigues: "Como é, de alguma forma, uma curta-metragem um pouco mais abstrata que os meus filmes anteriores, mais próxima, talvez, de outras disciplinas como a dança, achei que seria interessante transformá-la numa instalação."[10] Com a colaboração de Mariana Gaivão, o realizador adaptou o filme numa montagem com mais material e imagens que não haviam sido incluídos na curta-metragem original. A instalação de 19,5 minutos seria projetada em simultâneo em quatro ecrãs. Em complementaridade, Guerra da Mata expôs desenhos a tinta da China, de pequena dimensão, apresentando detalhes das personagens de Manhã de Santo António. Temas e estéticaAcerca da temática da curta-metragem, Rodrigues assumiu uma perspetiva irónica: "aborda o sagrado e o profano ao narrar o retorno para casa de jovens que celebraram de forma pagã a festa que é comemorada em Portugal em homenagem a esse santo (Santo António)".[17] O interesse de Rodrigues na imagética de Santo António, nomeadamente as representações de corpos heroicizados dos santos, seria algo que o realizador viria a explorar na sua longa-metragem de 2016, O Ornitólogo.[18]
O filme encerra com uma quadra de cariz popular de Fernando Pessoa. O argumento de Manhã de Santo António é informado por Fernando Pessoa, utilizando elementos da cultura popular como uma quadra de cariz popular da autoria do ortónimo que encerra a obra.[19][20] O filme é também reminiscente do humor melancólico, as coreografias geométricas e o absurdo de Buster Keaton e Jacques Tati.[21] Manhã de Santo António assume uma abordagem arquitetural. Observam-se as personagens desde um ponto de vista da estátua de Santo António, com planos em plongée. A estética da errância dos jovens atores do elenco propõe uma reflexão sobre a ideia de movimento e repetição coreográfica. Com a instalação Santo António, o realizador expande essa componente da repetição, conjugada nos quatro ecrãs que interagem uns com os outros.[10] A projeção contínua de imagens sobre as quatro paredes suscita um sentimento de encerramento e de claustrofobia.[20] DistribuiçãoLançamentoManhã de Santo António foi selecionado para integrar a edição de 2012 do Festival de Cannes, onde estreou na sessão de encerramento da "Semaine de la Critique", a 24 de maio.[22] Em Portugal, a curta-metragem foi distribuída pela Blackmaria, onde estreou comercialmente a 11 de junho de 2015, no Cinema Ideal (Lisboa)[23], em complemente do filme Mekong Hotel, de Apichatpong Weerasethakul.[24] No âmbito da parceria Fnac e Curtas Vila do Conde, foi lançado o DVD intitulado João Pedro Rodrigues & João Rui Guerra da Mata: As Curtas-Metragens, o volume três de um conjunto de edições, que inclui Manhã de Santo António e todas as restantes obras de curta-metragem realizadas pelos dois cineastas, em conjunto e a solo (como Parabéns! e China, China).[25] A exposição Santo António, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, foi inaugurada a 26 de novembro de 2013 no Museu Mimesis Art (Coreia do Sul).[7] Seguiu para o Radcliffe Institute dos Estados Unidos, e foi exibida pela primeira vez em França de 25 de novembro a 2 de janeiro de 2017, no Centro Georges Pompidou, por ocasião do Festival d’Automne de Paris.[16] Festivais e mostrasApós a sua estreia mundial na Semana da Crítica do Festival de Cannes, a curta-metragem fez parte da seleção de 58 Festivais de cinema. Segue-se uma lista das principais monstras e festivais que exibiram Manhã de Santo António:
ReceçãoAudiênciaAo longo do seu ciclo de exibições, Manhã de Santo António foi visto por 6.175 espetadores.[28] Premiações
Referências
Ligações externas |