Madeleine Rosay
Madeleine Rosay, nome artístico de Magdalena Rosenzveig (Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1923 — Rio de Janeiro, 28 de julho de 1996), foi uma bailarina brasileira, a primeira do país a receber o título de primeira-bailarina.[1] Tinha, então, apenas quinze anos de idade.[2] Deixando a carreira em 1949, participou dos primórdios da televisão no Brasil, como apresentadora de programas de entrevistas.[2] Contemporânea e colega de Eros Volúsia, as duas travaram uma rivalidade que se tornou notória. BiografiaDe família judaica, era filha de David Rosenzveig e Jeannette Kohn, ambos naturais da Polônia que haviam chegado ao Brasil um ano antes do nascimento da filha[3]. Iniciou na dança, segundo narrou numa entrevista, por indicação médica de que precisava realizar "exercícios leves" e, então passou a ter aulas com Maria Olenewa e, aos treze anos, passou a ser aproveitada no elenco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; seus pais foram contra sua carreira artística, mas ela conseguiu convencê-los de que a dança era algo "sublime".[2] Com a criação, em 11 de abril de 1927, da primeira escola de dança do Brasil no Municipal por Olenewa, e sua oficialização em 1931 pela prefeitura da então capital do país, em 1936 foi formado o primeiro corpo de baile daquela instituição, tendo como primeira-bailarina Madeleine Rosay.[1] Neste ano ela havia retornado dos Estados Unidos, para onde fora a fim de realizar cursos de aperfeiçoamento, frequentando escolas de dança como o do American Ballet.[2] Além das apresentações no Theatro Municipal, Rosay apresentava-se no teatro de revista, com o objetivo de popularizar a arte do balé e, também, de complementar sua renda; tais apresentações tornaram-se bastante populares, sobretudo porque havia a mistura do balé clássico com ritmos nacionais como o lundu ou o maxixe; essas apresentações, feitas nos cassinos que então existiam no Rio de Janeiro, agradavam à elite local, sobretudo na Era Vargas, quando esta mesma elite passou a valorizar produtos ligados à cultura popular brasileira.[1] Montou uma pequena companhia, formada por oito pessoas; em Teresópolis foi a responsável pela primeira apresentação de Márcia Haydée.[2] Sua carreira foi interrompida em 1949, em razão de haver se casado com o empresário David Cohen e este não gostava que ela dançasse; isto, contudo, permitiu que ela desse início a uma nova carreira, desta feita na recentemente instalada TV Tupi: o convite surgira por meio de um patrocinador da emissora, durante uma recepção que Madeleine dera; ela então participou de quatro programas de sucesso.[2] Após encerrar a carreira como bailarina tornou-se coreógrafa e professora de balé, e veio a se tornar diretora da Escola Municipal de Bailados do Rio de Janeiro; foi, ainda, assistente de coreógrafo da companhia do Theatro Municipal.[4] Durante o período em que ficou fora dos palcos ela escrevia uma coluna sobre balé na revista Querida.[2] Com o nome atual de Escola de Dança Maria Olenewa, homenageando sua fundadora, Rosay foi sua diretora em duas ocasiões: 1949-1950 e 1961-1966.[5] Em 1998 seu trabalho foi lembrado com destaque na exposição "Memórias da Dança", realizada no Centro de Artes Hélio Oiticica.[6] Produção artísticaRosay apresentou, na emissora carioca Tupi, o programa televisivo "Adivinhe o que ele faz", inspirado em What's My Line?, que fora sucesso pela estadunidense CBS.[7] Ali entrevistou celebridades da época, como Carlos Lacerda, Tenório Cavalcanti, Hebe Camargo, Silvino Netto, etc.; após este programa ela apresentou o infantil "Teatrinho do Peteleco", com marionetes; também apresentou "Nossa Juventude Pensa Assim" para público um pouco mais velho onde psicólogos entrevistavam jovens e, finalmente, "No Mundo da Dança", onde realizava entrevistas com os expoentes dessa arte; estes programas foram depois transferidos para a TV Rio e por seu trabalho ela não recebia salário.[2] Espetáculos protagonizadosOs principais espetáculos protagonizados por Rosay foram:
BibliografiaRosay escreveu o seguinte livro:
FilmografiaTeve participação nos seguintes filmes:
CríticaAlimentando a rivalidade com a bailarina Eros Volúsia, o crítico Jayme de Barros, ao falar da atuação de Rosay no espetáculo "Batuque", dizia que esta não conseguia alcançar o sincretismo daquela, e que sua performance seria uma "caricatura" das danças brasileiras pois lhe faltava "a estilização, a integração no motivo musical" e a "intuição artística, o sangue, a alma, a cor morena de Eros”; este debate dizia respeito à tentativa das duas bailarinas, sob a direção de Maria Olenewa, em se criar um estilo brasileiro de dança clássica, e que teria alcançado em Volúsia o melhor trânsito entre o erudito, o nacional e o popular.[15] HomenagensNa cidade de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, há o Centro de Artes Madeleine Rosay.[16] Referências
Ligações externas
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