Língua nukak

Nükak

Nɨkák náu'

Falado(a) em:  Colômbia
Região: Guaviare
Total de falantes: ~700
Família: Macu
Ocidental
Kãkwã-Nukak
nükak
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: mbr

A língua nukak (nɨkãk náuʔ) é falada no departamento de Guaviare, na Colômbia pelos Nukak, povo originario da floresta entre los rios Inírida e Guaviare. Forma parte da família macu e é muito próxima da língua dos Kãkwã (Cacua ou Bará-Macus).[1][2]

Fonologia

Vogais

Tem seis vogais orais e seis nasais (alta anterior cerrada, alta central no redondeada, posterior alta redondeada, media anterior aberta, posterior media no redondeada, central baja).[1]

Vogais Anteriores Centrais Posteriores
Fechadas i ĩ ɨ ɨ̃ u ũ
Médias ɛ ɛ̃ ɤ ɤ̃
Abertas a ã

A vogal [u] se realiza como aproximante labial sonora [w], na posição pós-nuclear ou antes de outra vogal, no inicio da palavra o sílaba, com uma variante surda [ʍ] antes de [i], [ĩ], [ɨ], si sobe o tom.

La vocal [i] se realiza como semivocal palatal [j] (y) cuando aparece en seguida de otra vocal al final del morfema.

Consoantes

Apresenta onze fonemas consonânticos:[1]

Consoantes labial alveolar palatal velar glotal
oclusivas surdas p t c k ʔ
oclusivas sonoras b d ɟ ɡ
fricativas surdas h
vibrante lateral ɺ

As oclusivas sonoras /b/, /d/, /ɟ/, /g/ do lado de vogais nasais (em segmentos nasalizados), se realizam como as nasais [m], [n], [ɲ], [ŋ]; como pré-nasalizadas [mb], [ⁿd], [ɲɟ], [ŋg] no inicio da palavra e como pós-nasalizadas [bm], [dⁿ], [ɟɲ], [gŋ] no final da palavra. A oclusiva palatal surda /c/ varia livremente entre [č], [ʦ] e [ʧ]. A vibrante lateral [ɺ] varia com a aproximante [ɹ], la vibrante [ɾ] e a lateral [l].

Quando [ɺ] vai seguida de [t] se pronuncia [t]; se [ɺ] vai após de uma consoante sonora se pronuncia [d]. Quando [ɟ] está precedida de [t] ou [ʔ] se pronuncia sonora [ʧ]. Em alguns marcadores, infixos o prefixos, a glotal [ʔ]- é substituída pela nasal [n] quando está seguida de qualquer vogal ou da fricativa aspirada [h], ou nos sufixos a nasal [n] não soa seguida de [t].

A palatal sonora [ɟ] (y) / [ɲ], poderia tratar-se como um alofone da vogal [i], quando antecede a vogal em no inicio da raiz ou do afixo, ou quando está entre duas vogais.

Tons

Nɨkãk nauʔ é uma língua tonal que registra três fonemas. As vogais nucleares de substantivos, verbos y adjetivos registram um tom alto e outro baixo, um ascendente e mais um descendente com seu respetivo alargamento vocálico.[3] Porem, o tom descendente é a realização do tema alto nas sílabas fechadas por consoante oclusiva o por /h/ ou nas sílabas abertas consonante-vocal (C-V) no final do morfema.

O contraste tonal do qual se encontram pares mínimos opõe tons ascendentes com tons altos e cada um destes tonemas modifica totalmente o significado da palavra o segmento tonal. As sílabas não acentuadas têm sempre tom baixo. Os tons altos e ascendentes se registram só em lexemas monomórficos monossílabos, sejam substantivos, adjetivos ou verbos. Os dissílabos e trissílabos se caracterizam por estar acentuados na primeira sílaba. Nas palavras compostas ou sufixadas o acento concorre com o tom da primeira sílaba.

Gramática

Tipo

A ordem preferencial da oração é Sujeito-Objeto-Verbo SOV, porem, o sujeito pode não anteceder ao objeto, porque o verbo se conjuga com prefixos pessoais e a ordem se realiza como OSV. Os casos se expressam com sufixos nos substantivos (declinação). É uma língua aglutinante, as preposições das línguas indo-europeias são posposições sufixadas. Alguns adjetivos precedem, mas a maioria a maioria vão depois do substantivo e não têm gênero.

Substantivo

Os substantivos nukak têm gênero masculino o femenino (como en portugués). O plural dos animados se marca con o sufixo -wɨn. Presentam marcas de caso, por exemplo:[2][3]

acusativo -na
dativo -ré' ("para")
instrumental -hî' ("com")
locativo -rí' ("em", "por")
genitivo -î' ("de", "pertence a")

O vocativo se expressa em determinadas situações por uma mudança do tom e em outras marcando com o sufixo -a ou duplicando a última vogal, após da consoante.

Os substantivos admitem a forma interrogativa, que se marca com o sufixo -má' . Também admitem algumas marcas de tempo como -hîpî' ("o de antes"). O conetivo - equivale a "também" ou à conjunção "e".

São comuns os sufixos classificadores: -na' ("comprido e delgado"), da' ("redondo y pequeno"), -dub ("pequeno, delgado e com ponta"), -nɨí ("plano e delgado"), -ne ("melenudo"), -yi ("abundante").

Pronome

Os pronomes pessoais são:[3]

wéem ("eu")

méem ("tu")

nin ("este")

kan ("esse" visível)

kun ("aquele" ausente)

ninʔ ("esta")

kan' ("essa" visível)

kunʔ ("aquela" ausente)

káan ("isso")

wíit ("nós")

yéeb ("vós" / "vocêes")

kéet ("eles").

Os acusativos se marcam wéna, ména, ninna, kanna, kunna, nin'na, kan'na, kun'na, Wítta, yebmna, kéeta.

Os possesivos podem apresentar-se livres:

wĩʔ ("meu" / "minha")

míʔ ("teu" / "tua")

aĩʔ ("seu"/"sua" de ele)

miʔĩʔ ("seu"/"sua" de ela)

wĩiʔ ("nosso" / "nossa")

ñíʔ ("vosso" /"Vossa")

iʔĩʔ ("seu"/"sua" de eles ou de elas).

Também há possesivos atados, que aparecem como prefixos do substantivo possuído e são wa- (1ª pessoa singular), ma- (2ª p. s.), a- (3ª p. s. masculino), mi- (3ª p. s. feminina), hi (1ª p. plural), ñi (2ª p. plural), i- (3ª p. plural). Na conjugação verbal os mesmos operam como prefixos actanciais que funcionam como pronome pessoal na falta deste, mas também no mesmo tempo que ele.

Interrogativos

déi ("que?" "qual?"), de pán ("qué?" ação), háu'ka, de'e ("¿quem?), déimɨnɨ ("quando?"), ded ("onde?"), jáu' (por que?"). Funcionam com marcas: de caso, por exemplo do alativo de' yúkú ("para onde?"), o instrumental de'e hin (com que?) ou o genitivo de'e î' ("de quem?"). Pode-se enfatizar a pergunta ao interlocutor adicionando -báa' . Além disso, os interrogativos admitem também marcas de tempo como jáu' ra' ("por que?" atual). O interlocutor pode contestar com um interrogativo para declarar que no conhece a resposta.[3]

Verbo

Os verbos se conjugam com o prefixo actancial e com sufixos e infixos de aspecto (continuo, inmediato), tempo (passado, presente, futuro) e modo (imperativo, desiderativo, interrogativo).[3] Por exemplo:

Pretérito -nábé
Futuro -nátu'
dubitativo -náhitu'
Condicional -'náno'
Presente
imperfetivo -náka
negativo -kaná
continuo -né'
Interrogativo
passado -yáa
futuro -pî'
condicional -no'pî'
presente -ráa'
negativo -ka
Desiderativo -iná- ("tal vez")
Planeativo -ɨí' - ("planear" la acción)
Repetitivo -- ("repetidamente")
Agentivo -rít ("porque", "debido a que")

El imperativo se marca duplicando a última vogal da raiz, depois da última consoante. As vogais [u]. [i] quando se duplicam após a consoante final, se realizam como semivogais [w],[j]. As raízes que terminam em estas semivogais as assumem como consoantes aproximantes, de jeito que é a vogal que as antecede a que se duplica.[3]

A duplicação da vogal após da consonante que fecha a raiz, mas adicionando no final a consoante [p] (-VCVp), forma um copretérito e si se segue a marca -tí' forma un subjuntivo pretérito: jɨm ("estar"); jɨmɨ ("esté"),; jɨmɨp ("estaba"); jɨmɨptí' ("si estuviera").

A negação verbal se expressa de diferentes formas: o infixo -ka- entre la raiz e as marcas de aspecto, tempo ou modo; prefixando à raiz o equivalente da palavra "no" yab'- , ou "recusar" dɨi'- , ou "sem efeito" îí'. A negação imperativa (proibitiva) se marca com o sufixo -kê´ .

Es comum a composição de verbos, tanto por dois ou mais raíces verbais, como por verbo com nome, adjetivo ou adverbio. A marca -a após da raiz de um verbo intransitivo o troca em verbo transitivo.

Pelos sufixos -hát (o objeto para atuar oi a ideia abstrata da ação), -pe' (o objeto sobre o que tem recaído a ação, particípio), se nominalizam os verbos. O sujeito que atua ("ser o que") se sinaliza com o prefixo actancial e um sufixo correspondente -ni' , para a primeira e segunda pessoa e a terceira feminina singular; -ni para a terceira masculina singular e -nit para a terceira plural; a os que se pode adicionar a marca de iminência, atualidade o ênfase -yé' .

As raízes verbais terminam sempre em consoante ou nas aproximantes [w], [j] (y) que realizam [u], [i]. O verbo jɨm tem o significado específico de "estar", diferente a "ser" que se expresa muitas vezes de forma tácita com as diferentes marcas dos interrogativos e os pronomes pessoais e as vezes com yit, que tem uma forma enfática yittí' ("sou").[3]

Adverbio

A linguagem Nukak é rica em formas adverbiais. Vários advérbios são importantes na construção de frases. Por exemplo, é frequentemente usado hébáká ("verdadeiramente"), e para enfatizar ainda mais a declaração que está sendo feita é adicionado -yé' . A ligação verbal tɨtíma'hî ("depois"), pode estar entre o sujeito e o objeto e verbo. Um advérbio pode seguir substantivos, como hattí '("também", "nenhum", "ainda"), ou pode se expressar com um sufixo como -hê' ("apenas", "precisamente").[3]

Interjeição

Exemplos de exclamações usadas pelos Nukak são: Kútu' "¡Eh!", "¡Atención!", exclamación para empezar a hablar. hâré "¡Cuidado!" ou dɨpí hâré "¡Mucho cuidado!"; waá'yé' "¡Basta!; be'bét yé' "¡Rápido!"; ni'kábá'í' "¡Eso es!".[3]

Referências

  1. a b c Mahecha Rubio, Dany; Gabriel Cabrera y Carlos Franky (2000). «Algunos aspectos fonético-fonológicos del idioma Nukak [n+kak]». In: María Stella González de Pérez. Lenguas indígenas de Colombia. Una visión descriptiva. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo. pp. 547–560. ISBN 958-611-083-4 
  2. a b Mahecha, Dany (2009). «El nombre en Nɨkak». In: L. Wetzels. The linguistics of endangered languages. Contributions to morphology and morpho-syntax. Utrecht: LOT. pp. 63–93. ISBN 978-90-78328-98-8 
  3. a b c d e f g h i Conduff, Jan Ellen; Kennet W. Conduff y Richard Hess 2005: Gramática Pedagógica Provisional do idioma Nukák. Fotógrafa: Lisa Dianne Hill de Jiménez. Bogotá: Iglesia Nuevos Horizontes. ISBN 978-958-96239-6-1

Bibliografía

  • Asociación Nuevas Tribus de Colombia 1982 a 1993: Informes trimestrales de actividades, presentados a la Dirección General de Asuntos Indígenas del Ministerio de Gobierno o del Interior, Bogotá: varios mecs.
  • Cabrera, Gabriel; Carlos Franky y Dany Mahecha 1999: Los N+kak: nómadas de la Amazonia colombiana; Bogotá: Universidad Nacional de Colombia. ISBN 958-8051-35-5
  • Conduff, Jan Ellen 2006: Diccionario situacional del idioma Nukak. Ilustrador: Andrés Jiménez. Bogotá: Iglesia Nuevos Horizontes, 127 p. ISBN 978-958-96239-7-8.