Língua crioula belizenha
A língua crioula belizenha, conhecida como kriol, pelos seus falantes, é uma língua crioula aparentada ao crioulo da Costa dos Mosquitos, ao crioulo de Rio Abajo, ao crioulo de Colón e ao crioulo de Santo André e Providência. O crioulo belizenho tem cerca de 350 000 falantes nativos, em Belize, onde é a língua franca, falada por 70% da população. Também é falado pela diáspora belizenha, concentrada especialmente nos Estados Unidos. Historicamente, a língua crioula belizenha é falada sobretudo pela população crioula de Belize - de origem africana e britânica. Posteriormente, a língua difundiu-se amplamente entre os diferentes grupos étnicos de Belize - garifunas, os mestiços e maias -, que a têm como segunda língua. HistóriaO crioulo belizenho é um idioma crioulo, derivado basicamente do inglês, com influências recentes e mínimas do espanhol. O seus substratos são línguas ameríndias como o misquito, e os diversos idiomas da África Ocidental que foram trazidos ao país com os escravos. O pídgin que surgiu após o contato dos proprietários de terra ingleses e seus escravos africanos como forma de comunicação básica acabou se desenvolvendo ao longo dos anos. Jamaicanos também foram trazidos à colônia, trazendo suas próprias adições ao vocabulário, e eventualmente esta tornou-se a língua materna dos filhos de escravos nascidos em Belize. Esta crioulização ocorreu entre 1680 e 1700, quando os britânicos já haviam se assentado permanentemente no Caribe. Não era, no entanto, o crioulo belizenho atual, e sim o crioulo da costa de Mískito, que com os anos se desenvolveu e se transformou no kriol, o idioma atual. O crioulo belizenho é o idioma nativo da maioria dos habitantes do país. Muitos deles também falam o inglês padrão, e um rápido processo de descrioulização está ocorrendo. Assim sendo, um contínuo pós-crioulo existe atualmente, e os falantes são capazes de alternar de código entre os diversos registros mesoletais, das suas variantes mais basiletal até o acroleto (dialeto transatlântico do inglês). O acroleto puro, no entanto, como o basileto puro, raramente é ouvido. Frases[1]Gud maanin: Bom dia Weh di gaan an?: E aí? Weh yuh naym: Qual seu nome? Mi naym da...: Meu nome é... FonologiaO kriol possui semelhanças com diversos dialetos crioulos caribenhos, no que diz respeito à fonologia e ortografia. Muitas de suas palavras e estruturas são similares tanto em seu léxico quanto na sua fonologia com o inglês, seu superestrato. Fonologicamente, o crioulo belizenho é um exemplo perfeito de um idioma crioulo: utiliza-se dum grande número de vogais nasais, palataliza as oclusivas não-labiais e prenasaliza as oclusivas sonoras. Além disso, os pidgins possuem uma tendência de simplificar, geralmente, a fonologia dum idioma, de maneira a facilitar a comunicação. Muitos crioulos mantiveram esta tendência, e o crioulo belizenho não é uma exceção.
Ao contrário da maioria dos crioulos, o kriol possui uma ortografia padronizada. Consoantes e vogaisO kriol utiliza três consoantes consoantes plosivas sonoras (/b/ /d/ /g/) e três plosivas surdas (/p/ /t/ /k/). As oclusivas surdas também podem ser aspiradas. No entanto, a aspiração não é constante, e as formas aspiradas e não-aspiradas são alófonos. O idioma emprega três consoantes nasais (/m/ /n/ /ŋ/), e faz uso frequente de fricativas, e tanto das consoantes surdas (/f/ /s/ /ʂ/) como das sonoras (/v/ /z/ /ʐ/. Suas líquidas, /l/ e /r/, são articuladas de maneira alveopalatal. A língua fica mais solta do que no inglês estadunidense, numa posição mais semelhante à do inglês britânico. As semivogais do kriol, /w/, /j/, e /h/ são muito utilizados. As oclusivas glotais ocorrem rara e inconsistentemente. O crioulo belizenho se utiliza de onze vogais; nove monotongos, três ditongos e o xevá [ə]. O ditongo mais frequente, /ai/, é utilizado em todas as variedades regionais. Tanto o /au/ quanto o /oi/ podem ocorrer, porém são adições recentes e são vistos como sinais de descrioulização. MorfologiaTempo verbalO tempo verbal não é assinalado no kriol. O idioma também não possui qualquer indicação de número ou pessoa. O verbo pode se referir tanto ao tempo presente quanto ao passado. O indicador de passado do inglês |d| indica uma forma acroletal. No entanto, existe a possibilidade de se marcar o tempo pretérito através do marcador |mi| antes do verbo. Tal uso, porém, é raro, se a sentença incluir algum marcador temporal semântico, como yestudeh ("yesterday", "ontem") or laas season ("last season", "estação passada"). O futuro é indicado através do emprego do marcador pré-verbal |wa| ou |a|. Ao contrário dos indicadores de passado, este marcador não é opcional. Referências
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