Língua cheyenne
O cheyenne (ou Tsėhesenėstsestotse no idioma nativo) é uma língua falada por cerca de 1920[1] falantes nos estados americanos de Montana e Oklahoma, sendo que a maioria dos falantes concentram-se em Montana.[2] Ela é uma faz parte da família de línguas algonquinas e está definitivamente em perigo de extinção no caso da variante de Montana e severamente em perigo de extinção no caso da variante de Oklahoma, segundo a UNESCO.[3] EtimologiaO nome nativo Tsėhesenėstsestotse significa "povo, um ao outro, nós". O nome do idioma "Cheyenne" é homônimo ao nome do povo cheyenne, originado do francês chien ("cachorro") que segundo alguns, é devido a um importante líder militar da tribo[4] e segundo outros devido ao fato de os cheyenne usarem cachorros para puxar seus pertences e suprimentos.[5] DistribuiçãoO idioma cheyenne é falado nos estados americanos de Montana e Oklahoma. A separação entre dialeto de Montana e de Oklahoma ocorreu após o exército americano confinar o agora chamado grupo do sul a uma reserva infértil e de clima hostil em uma reserva Oklahoma, causando o adoecimento de dois terços da tribo e várias mortes. Em 1978, Dull Knife e Little Wolf lideraram o cerca de 350 cheyennes para o estado de Montana e passaram a ser denominados de grupo norte.[6] As diferenças entre esses dois dialetos são poucas, limitadas a diferenças de vocabulário e a ausência do fonema č no dialeto do sul.[7] Por exemplo, em Montana relógio é éše'he e também significa sol, enquanto que em Oklahoma, a palavra para relógio é ko'ko'êhaseo'o, que significa coisa que faz "tique-taque".[8] FonologiaOs fonemas consonantais do cheyenne são: p, t, ts, k, s, š (/ʃ/), x, m, n, ' (/ʔ/), v, e e h.[9] O fonema t é uma pausa plana apenas antes de vogais não frontais. O fonema k depende da vogal que o segue, de forma que o fonema pode ser de articulação velar posterior ou frontal.[10]
As pausas são normalmente não vozeadas e não aspiradas. Já os fonemas vocálicos são três: e, a e o. O primeiro, e, é produzido com a língua em posição média ou superior na parte frontal da boca. O segundo, a, flutua na região central baixa. O fonema o é produzido no fundo da boca com a língua desde uma posição baixa até alta.[10] Eles podem ser tanto longos quanto curtos.[9]
Além disso, o cheyenne possui os seguintes ditongos.
O cheyenne possui é uma língua tonal. Tons altos são marcados por acento agudo e tons médios são marcados por uma barra enquanto que tons baixos não recebem nenhuma marcação. Além disso, vogais que possuem um ponto em cima de si ou que são a última sílaba da palavra são sussurradas.[11] OrtografiaO alfabeto utilizado em materiais didáticos e na escrita do cheyenne em geral é o mesmo alfabeto definido pelo missionário Rodolphe Petter.[12]
Os acentos que indicam o tom são utilizados nas vogais.
GramáticaO cheyenne é uma língua aglutinativa, de forma que as frases são formadas através de prefixos e sufixos adicionados ao verbo. SubstantivosClassesOs substantivos são divididos entre animados (pessoas, animais, espíritos, sol, lua, pedra, estrela árvores) e inanimados.[13] PluralizaçãoDe forma geral, para substantivos inanimados, a mudança ocorre com a adição de um dos seguintes sufixos: -ȯtse, -nȯtse, -stse, -ne̊stse. Para objetos animados, existem mais sufixos, sendo -ho, -no, -o'o, -ne e -hne alguns deles. Além disso, podem ocorrer mudanças de tom e grafia.[13]
PossesivosApesar de existir um padrão para os prefixos que indicam posse, mudanças de tom e grafia são frequentes. Quando um objeto é possuído por terceira pessoa do singular ou plural o objeto é considerado "evitado" e pode ser tanto singular quanto plural.[13]
VerbosOs verbos podem ser divididos em quatro categorias: (AI) intransitivo com sujeito inanimado, (II) intransitivo com sujeito animado, (TI) transitivo com sujeito inanimado e (TA) transitivo com sujeito animado. Além disso, eles podem ter três ordens (independente, dependente e imperativos) que podem ser subdivididas em dois ou mais modos. Quanto ao sujeito, a tabela a seguir apresenta os prefixos de cada sujeito.[13]
Os modos dão a informação sobre como o falante veio a saber da ação. No modo interrogativo o falante não sabe o que aconteceu e pergunta sobre a ação. No modo indicativo ele sabe o que aconteceu e informa sobre como veio a saber (viu, ouviu, sentiu, etc.). Quanto o falante ouviu falar no ocorrido (ex.: é dito que...), usa-se o modo atributivo. Bastante utilizado, o modo dubiativo traz incerteza quanto ao acontecimento e diminui a força da afirmação. Utilizado principalmente em histórias, o modo mediador dá noção de distância espacial e temporal. O modo é informado junto ao verbo, assim como tempo, sujeito e objeto.[13]
VocabulárioO povo cheyenne se cumprimenta através de sorrisos e apertos de mão, não existindo uma expressão correspondente a "oi" ou "tchau". Entretanto, a palavra Haaahe é usada nesse contexto apenas entre homens que possuindo significado social de amizade e reconhecimento. Recentemente, alguns cheyennes usam o verbo nėstaévȧhósevóomȧtse que significa "vejo você no futuro" em despedidas - uma influência do inglês.[14] O idioma é descritivo, de tal forma que várias palavras são descrições de sua aparência ou função, especialmente para substantivos emprestados de outra cultura. Exemplos: eškôseese-hotame, que significa "porco", é formado pela aglutinação de "pontudo", "nariz" e "cachorro"; Me'šeese-ve'ho'e, que significa "mexicano", é formado pela aglutinação de "cabeludo", "nariz" (=bigode) e "homem branco".[15]
Referências
Bibliografia
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