KeffiyehKeffiyeh, kufiyyah, kaffiyah ou keffiya (em árabe: كوفية kūfiyyah: "proveniente da cidade de Kufa" (الكوفة); plural كوفيات kūfiyyāt; literalmente "coifa"), é um acessório de cabeça, também conhecido como ghutrah (غُترَة), shemagh (شماغ šmāġ), ḥaṭṭah (حَطّة), mashadah (مَشَدة), chafiye (em persa: چَفیِه) ou cemedanî (em curdo: جه مه داني).[1] É tradicionalmente usado na cabeça ou como lenço no pescoço pelos homens no Médio Oriente. UtilizaçãoO keffiyeh é comumente encontrado em regiões áridas, pois oferece proteção contra queimaduras solares, poeira e areia. É feito a partir de um lenço quadrado e geralmente é feito de algodão.[1] Um cordão chamado agal é frequentemente usado pelos árabes para mantê-lo no lugar.[2] Foi usado por árabes, curdos, judeus mizrahim e judeus do Antigo Yishuv,[3] e associado ao movimento nacionalista árabe desde a Revolta Árabe (1916-1918). Na segunda metade do século XX, foi associado ao movimento palestino devido à sua adoção pelo seu líder, Yasser Arafat.[4][5] OrigemO keffiyeh surgiu entre os beduínos como uma cobertura prática e protetora para a cabeça e o rosto, especialmente no clima árido do deserto em que tradicionalmente viviam.[6][7] O termo em si vem do italiano - cuffia - significando "coifa".[1] A palavra ghutrah (em árabe: غُترَة, translit. ḡutraado: ḡutra) vem da raiz árabe ghatr (غتر), que significa "cobrir". As primeiras imagens de árabes invariavelmente os mostram usando turbantes, e não está claro quando o keffiyeh se tornou aceitável para as classes altas. Enquanto os relatos escritos de ghutrah datam do início do século XVIII, a primeira imagem conhecida é do século XIX, representando Abdullah bin Saud Al Saud, feita antes de sua execução em 1819.[8] VariaçõesO keffiyeh é usado por todo o Oriente Médio, segundo variações locais e está disponível em várias cores e estilos com muitos métodos diferentes de amarrá-lo, dependendo da origem regional e da natureza da ocasião. Os turcomanos iraquianos, por exemplo, usam-no com agal e o chamam de jamadani,[9] enquanto os omanenses o chamam de mussar e não usam o agal; em vez disso, amarram-no sobre o kuma para ocasiões formais. Entre os seus muitos usuários estão os árabes, curdos e yazidis.[10] Durante sua estada com os árabes dos pântanos do Iraque, Gavin Young observou que os sayyids locais — "homens venerados aceitos [...] como descendentes do Profeta Muhammad e Ali ibn Abi Talib" — usavam keffiyeh verde-escuro em contraste com os exemplares xadrezes preto e branco típicos dos habitantes da área.[11] A vestimenta também carrega simbologias políticas e até a década de 2000, a Turquia proibiu o keffiyeh porque era considerado um símbolo de solidariedade com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização curda considerada terrorista por Ancara.[12] Shemagh jordanianoOutro tipo de keffiyeh é o shemagh, que é um cachecol de algodão vermelho e branco, xadrez e com borlas. Quanto maiores as borlas, mais importante é a pessoa. Este keffiyeh vermelho e branco é associado à Jordânia e é seu símbolo nacional.[13] O shemagh é usado principalmente na Jordânia e pelas comunidades beduínas.[14] O shemagh jordaniano e o keffiyeh palestino são diferentes em relação à cor e aos significados geográficos.[15] Outras variações regionais do shemagh são o shemagh egípcio do Sinai e o shemagh saudita (também conhecido como ghutrah).[13] Keffiyeh palestinoAntes da década de 1930, os moradores das vilas e camponeses árabes usavam o keffiyeh branco e o agal, enquanto os moradores das cidades e a elite educada usavam o tarbush otomano, o fez.[16] Durante a Grande Revolta Árabe de 1936-1939 na Palestina, os comandantes rebeldes árabes ordenaram que todos os árabes vestissem o keffiyeh. Em 1938, o Alto Comissário Britânico para o Mandato na Palestina, Harold MacMichael, relatou ao Ministério das Relações Exteriores: "Esta ‘ordem’ foi obedecida com surpreendente docilidade e não é exagero dizer que num mês oito em cada dez tarbushes no país foram substituídos pelo [keffiyeh e] ‘agal’." Após o fim da revolta, a maioria dos moradores voltou a usar o tarbush ou optou por não usar chapéu.[17] A proeminência do keffiyeh preto e branco aumentou durante a década de 1960 com o início do movimento de resistência palestino e sua adoção pelo líder palestino Yasser Arafat.[18] Os primeiros migrantes judeus no Mandato na Palestina adotaram o keffiyeh porque o viam como parte do estilo de vida local autêntico.[19] Soldados israelenses o usaram como lenço na Guerra Árabe-Israelense de 1948.[20] Em 2024, o governo da Tunísia proibiu o uso do keffiyeh palestino em salas de exame pelo risco dos alunos colarem nas provas escolares.[21] Ver tambémReferências
Bibliografia
Ligações externas |