José Vitoriano
José Rodrigues Vitoriano ComL (Silves, 30 de Dezembro de 1917 – Lisboa, 3 de Fevereiro de 2006) foi um sindicalista, dirigente do Partido Comunista Português, e vice-presidente da Assembleia da República. BiografiaNascimento e formaçãoJosé Rodrigues Vitoriano nasceu no lugar de Torre e Cercas, no concelho de Silves, em 30 de Dezembro de 1917.[1] Devido à falta de recursos da sua família, fez os estudos primários com dificuldade, não lhe tendo sido possível prosseguir para o ensino secundário.[1] Posteriormente frequentou a Escola Comercial e Industrial de Silves, onde terminou o curso aos vinte e oito anos.[1] Carreira profissional e activismoAos 13 anos, começou a trabalhar como operário,[2] como carregador numa fábrica de cortiça.[1] Foi nessa altura que se sindicalizou,[1] tendo aderido ao Partido Comunista Português em 1941, onde se tornou funcionário em 1951.[3] Também nessa altura começou o seu interesse pelas actividades sociais, com a organização de vários eventos culturais no Silves Futebol Clube, associação da qual era sócio.[1] Em 1945 foi eleito como presidente no Sindicato dos Corticeiros de Faro, posição que ocupou até 1948.[3] Entre 1947 e 1948, pertenceu à Comissão Sindical Nacional do Partido Comunista.[3]
Em 1948, foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado, que o submeteu a um intenso processo de interrogatório, tendo sido julgado e condenado a um período de prisão nas cadeias de Caxias e Peniche até Maio de 1950[3] ou 1951.[1] Passou depois à clandestinidade, embora tenha sido novamente detido em Janeiro de 1953.[3] Foi outra vez torturado e julgado, tendo sido condenado a quatro anos de prisão.[1] No entanto, acabou por permanecer cativo cerca de catorze anos, tendo sido libertado devido a movimentos progressistas nacionais, e à intervenção da Amnistia Internacional,[1] em Agosto de 1966.[3] Pouco depois, o casal saiu do país, tendo viajado por vários pontos do mundo, onde lutou contra o regime ditatorial português.[1] Regressaram a Portugal em 1973, onde continuaram o seu activismo político.[1] Quando ocorreu a Revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, José Vitoriano e a sua mulher estava na zona da cidade do Porto.[1] Foi deputado na Assembleia da República entre 1976 e 1989, tendo sido eleito por seis vezes, pelos círculos de Faro, Setúbal, e Beja.[1][4] Também exerceu como vice-presidente da Assembleia da República entre 1976 e 1987.[1] Em 1967, José Rodrigues Vitoriano integrou-se no Comité Central do Partido Comunista, onde permaneceu até 2000, tendo feito igualmente parte do secretariado do Comité Central entre 1968 e 1972, da Comissão Política do Comité Central entre 1976 a 1988, e da Comissão Central de Controlo entre 1988 e 2000.[3] Também foi um adepto do esperanto em Portugal, tendo contribuído para o ensino deste idioma.[1] Falecimento e famíliaJosé Rodrigues Vitoriano faleceu em 3 de Fevereiro de 2006, aos 88 anos de idade, vítima de um cancro na pleura.[2] Estava casado com Diamantina Vicente, com quem teve um filho.[1] O funeral foi realizado no dia seguinte, na Igreja de São João de Deus, em Lisboa, tendo o corpo sido depois cremado no Cemitério dos Olivais.[3] HomenagensEm 14 de Abril de 1982, José Rodrigues Vitoriano foi feito Comendador da Ordem da Liberdade.[5] Em Janeiro de 2018, a autarquia de Silves comemorou o centenário do nascimento de José Vitoriano, com a inauguração de uma exposição na Biblioteca Municipal, o descerramento de um busto, e a reedição do livro José Rodrigues Vitoriano, O Operário Construído, da historiadora Maria João Raminhos Duarte.[2] Ver tambémReferências
Bibliografia
Leitura recomendada
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