José Boiteux Nota: Para o jornalista e historiador, veja José Artur Boiteux.
José Boiteux é um município do Estado de Santa Catarina, no Brasil. Localiza-se a uma latitude 26º57'30" sul e a uma longitude 49º37'41" oeste, estando a uma altitude de 240 metros. Sua população segundo estimativas do IBGE em 2021 era de 5019 habitantes.[5] José Boiteux apresenta traços culturais diferenciados dos demais municípios do Alto Vale do Itajaí, pois possui historicamente na constituição de sua gente a participação da etnia indígena Laklãnõ-Xokleng, que habitava a região muito antes da chegada dos colonizadores, bem como das demais etnias, como a italiana, alemã, portuguesa e afrodescendentes que posteriormente ajudaram a formar o rico caldeirão cultural que caracteriza o município hoje.[6] As arquiteturas diferenciadas do município destacam-se através da Barragem Norte, do antigo moinho de farinha localizado em Barra da Anta, da igreja localizada no centro da cidade e das residências históricas. As tradições gastronômicas são mantidas pelos descendentes de italianos, que contribuíram com a música e a dança tradicional de seus antepassados. O vinho e a cachaça artesanal são produtos coloniais de raríssima qualidade. Entre os eventos realizados destacam-se a Festa do Índio e a Festa do Município.[6] HistóriaA cidade recebe o nome do jornalista, historiador e político catarinense José Artur Boiteux, nascido na cidade de Tijucas (SC) o qual é considerado o patrono do ensino superior de Santa Catarina. Coincidentemente, anos mais tarde, a cidade que homenageia este importante intelectual com tal epíteto, terá entre seus cidadãos o primeiro integrante indígena do Brasil a obter um doutorado em linguística no país.[7] Tradicionalmente habitada por indígenas laklãnõ-xokleng, kaingang e guarani, a região começou a ser explorada em 1920 por descendentes de alemães que foram trazidos da região de Rio do Sul. Ignorando as comunidades originárias que ali residiam a séculos o Estado ao organizar e impor estes novos assentamentos acabou gerando conflitos pelas terras dos indígenas, os quais por estarem política e econômicamente em desvantagem acabaram perdendo seu território e sendo isoladas a força em reservas indígenas afastadas. Por este e outros fatores, em 1926 foi criada a área indígena Ibirama-La Klãnõ, que abrange atualmente parte do território municipal. Permanecendo como parte do município de Blumenau até 1934, torna-se em seguida distrito de Ibirama em virtude da emancipação daquele espaço geográfico. Em 1958, passou por um primeiro processo de emancipação política, o qual foi considerado inconstitucional, e desse modo, continuou na condição de distrito ibiramense até o final da década de 1980. Criado em 1989 através da Lei Estadual n° 7580 de 26 de abril de 1989 foi definitivamente instalado como município em janeiro de 1990.[8] Nos anos de 1940 e 50, José Boiteux possuía um número bastante elevado de indústrias de pequena produção mercantil, período que atraiu novos residentes o que diversificou cultural e demograficamente a região, entretanto, com o início dos projetos de contenção de enchentes no vale do Itajaí, que culminou com a construção da Barragem Norte, a economia local se desmantelou o que provocou a extinção da maioria destas indústrias, (FRAGA, 1997), o impacto econômico e ambiental foi sentido sobretudo na área da Barra do Rio Dollmann e da reserva Indígena Duque de Caxias. A Terra Indígena Laklãnõ-Xokleng abrange cerca de 40.522,90 ha da área do município e possuía segundo estimativas do Siasi/Sesai do ano de 2013, 2057 habitantes, que equivale a aproximadamente 40% da população do município, sendo o restante descendentes de europeus.[9] EconomiaPredominantemente rural, a agropecuária é o carro chefe da economia local, caracterizando-se por pequenas propriedades rurais, em regime de trabalho familiar, sendo que a maior parte da mão de obra empregam-se nestas atividades, que tem como principal fonte de renda o cultivo do fumo em folha, seguindo-se de outras culturas. A pecuária também é atividade de destaque, além da piscicultura e suinocultura que vem ganhando espaço nos últimos anos. O setor industrial tem como principal atividade as madeireiras, seguido de pequenas indústrias de conserva e algumas facções têxteis, sendo que no setor de comércio e serviços, existe uma rede de serviços que abastece o mercado consumidor local.[8] Mais recentemente e de forma ainda incipiente, empreendedores locais vêm investindo no turismo rural e de natureza a partir da demanda que surge espontaneamente do fluxo de turistas que buscam o município para escapar da rotina desgastante dos centros urbanos, como a cidade encontra-se relativamente próxima a grandes centros urbanos da região, vem lenta e gradualmente se tornando uma opção de lazer econômicamente mais acessível, segura e tranquila que as disponíveis em centros maiores, as atrações naturais da pequena cidade de José Boiteux se bem exploradas pelo poder público e potenciais investidores da região tem potencial para se tornar em mais uma alternativa econômica para o município. TurismoJosé Boiteux além da sua comunidade acolhedora e rica diversificação cultural se destaca também pela sua exuberante e encantadora natureza, em especial suas belas cachoeiras, dentre as quais, três delas merecem ser destacadas por sua grande beleza natural: Cachoeira do Rio Laeisz, Cachoeira Wiegand e Cachoeira do Encontro.[10] A cachoeira do Rio Laeisz é a mais impressionante e maior entre as cachoeiras de José Boiteux. A queda despenca no início do cânion do Rio Laeisz e sua altura aproximada é de uns 40 metros. A cachoeira e os paredões do cânion formam um cenário belíssimo. Abaixo da queda forma-se uma piscina natural que começa bem baixinha e fica bem profunda abaixo da queda.[11][12] Já a cachoeira Wiegand tem cerca de 20 metros de altura. Seus destaques são a plataforma natural de pedra, o jacuzzi natural (na parte superior) e o fato de poder entrar atrás da queda (na parte inferior).[13] A cachoeira do Encontro é formada, como o próprio nome explicita, pelo encontro de dois rios que formam duas cachoeiras, lado a lado, que caem separadas em um mesmo local, formando também uma belíssima piscina natural.[11] No município e na comunidade indígena existem agências de trilhas e caminhadas com profissionais que guiam turistas pelo interior, no caso da agência existente junto a comunidade indígena é possível conhecer também o interior da terra indígena, através das trilhas existentes.[14][15] A trilha da Sapopema é feita junto a mata atlântica com guias da própria comunidade, contando a história do povo indígena, conhecendo diversas espécies de árvores entre elas a árvore da Sapopema, que era usada para comunicação entre os indígenas na mata.[16][17] É possível conhecer também, nas trilhas realizadas com a agência da comunidade, as Cabanas Laklãnõ/Xokleng; Kapug (comida típica); Artesanato indígena; História e Memorial.[18][19] Outra trilha tradicional é a Basílio Priprá, que fica na Aldeia Palmeira e além de contar a história da comunidade, permite conhecer o prédio histórico Dr. Eduardo, oportunizando conhecer também outros aspectos da cultura Laklãnõ-Xokleng e visitar a loja de artesanato indígena existente no local.[20][21] A hospedagem pode ser realizada na área urbana, que possuí restaurantes e pousadas com a rica culinária local, ou em campings próximos as principais atrações[22], bem como em propriedades rurais do município que atuam no turismo rural, como a propriedade da "Família Lunelli" que possui como traço característico a tradição italiana, alambiques e produtos coloniais típicos [23] , e da "Família Vendrami" que se destaca pela produção de vinhos, sucos e geléias agroecológicas bem como com passeios junto a parrerais.[24] PersonalidadesO educador indígena Nanblá Gakran, nascido no município, membro do povo Laklãnõ-Xokleng, foi um linguista indígena brasileiro de destaque, primeiro integrante indígena do Brasil a obter um doutorado em linguística no país pela UNB, e o segundo a obter um mestrado na mesma área junto a UNICAMP, pós doutor pela UFSC.[25][26] Foi professor do departamento de História da UFSC e do curso de pedagogia indígena Xokleng junto a FURB e das escolas indígenas existentes na terra indígena Laklãnõ-Xokleng localizadas no município.[27][28] Especialista de destaque mundial no estudo e pesquisa da gramática e língua Laklãnõ, foi um dos desenvolvedores do alfabeto desta nação, e mesmo atuando em diversas instituições governamentais e de educação fora do município, foi nela que passou a maior parte de sua vida, dedicando-se a educação de jovens e adultos, bem como na formação de professores, missão que exerceu até a sua morte.[29] Também atuou como membro (conselheiro) do Conselho Estadual dos Povos Indígenas de Santa Catarina CEPIN/SC. Membro do Fórum Estadual da Educação FEE/SC e membro (conselheiro) do Conselho Estadual da Saúde CES/SC.[29][30] Ver também
Referências
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