John Rockwell Smith
John Rockwell Smith, (Lexington, 29 de dezembro de 1846 — Campinas, 9 de abril de 1918), foi um missionário estadunidense e pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, presidindo seu Supremo Concílio entre os anos 1915-1916 (na época Assembleia Geral).[1] Missão e MinistérioApós a conclusão de sua graduação, o missionário foi enviado pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (hoje PCUS) ao Brasil, tendo chegado em 15 de janeiro de 1873, mais especificamente em Recife, no Pernambuco.[2][3] Segundo o relato do Rev. Cláudio Henrique Albuquerque, no sítio virtual da Primeira Igreja Presbiteriana de Recife, "no Recife, o Rev. Smith fixou residência na Rua Imperial, 31, no lº andar. Um mês após sua chegada, Smith escreveu uma carta à Missão dando relatório do seu trabalho." O texto da carta segue abaixo:[4]
Ressalte-se que o Sr. Manoel José da Silva Viana muito cooperou com o surgimento da Igreja Evangélica Congregacional Pernambucana. Porém o fato é que o Evangelho já tinha iniciado sua apresentação em território pernambucano.[5] Ocorre que Smith, poucos meses após sua chegada, ainda em 1873, em virtude da oposição católica (vaias, insultos e ameaças), encontrou-se com o presidente de Pernambuco no Palácio do Campo das Princesas, o Barão Henrique Pereira de Lucena, a fim de obter autorização para pregar.[4] Conseguiu a autorização, porém para pregar "em caráter particular, dentro de uma casa residencial e não em templo. Ele poderia ensinar inglês, vender ou distribuir Bíblias e livros religiosos segundo o regulamento do Conselho de Instrução Pública, observando as leis do Império."[4] Sua primeira pregação foi em 10 de agosto de 1873, contando com a presença de 14 pessoas, sendo 10 adultos, 3 impúberes e o também missionário Rev. John Boyle. Ainda segundo o Rev. Cláudio H. Albuquerque, "o local da reunião foi uma casa situada no bairro de Santo Antônio, nas imediações da Rua Nova. Desde então, Smith passou a pregar nas manhãs dos domingos e fazia visitas durante a semana e aprendia português com um jovem professor. Em setembro, Smith passou a pregar também nas quintas-feiras já com um português melhor e mais compreensível."[4] À Missão que o enviara, Smith testemunhou:
Em 11 de abril de 1878, o Governo de Pernambuco o reconhece como ministro evangélico:[6]
Primeira Igreja Presbiteriana de RecifeSmith tornou-se um respeitado professor de inglês, no entanto, tanto ele, quanto o rebanho que com ele congregava, não cessavam de receber insultos e ameaças, tais quais: "Vamos apedrejá-los!, vamos jogá-los no rio para irem nadando até o Palácio e se queixarem ao Presidente da Província. Esse americano barbudo precisa aprender a respeitar!" Somente após cinco anos de peleja, com 12 convertidos, Smith organiza a Primeira Igreja Presbiteriana de Recife, aos 11 de agosto de 1878, que contou com a presença do Rev. Alexander Latimer Blackford.[7] Na ocasião, foram os membros fundadores:
No momento da organização, o Rev. Smith assim discursou:[4]
Belmiro de Araújo César, por sua vez, disse:[4]
Ali, foram eleitos o Pastor Titular (Smith), dois presbíteros e dois diáconos, além de um plano de disseminação do Evangelho, que seria pregado em três pontos: na Travessa do Príncipe, na Rua Imperial e em Areias. Casamento e Atuação no NordesteApós anos de intenso labor, muitas vezes solitário, Smith retirou-se, em 1881, ao Sul do Brasil, a fim de uma visita, tendo seu trabalho sido confiado aos missionários estadunidenses Rev. De Lacey Wardlaw e sua esposa, a Sra. Mary Hoge Wardlaw. Durante aquela visita, Smith conheceu aquela que, não muito tempo depois, veio a ser sua esposa, a Sra. Susan Carolina Porter (posteriormente Susan Carolina Porter Smith),[8][9] filha de James D. Porter e Susan Meggs Porter, com a qual retorna a Recife. Os Wardlaw, em 1882, foram transferidos para Fortaleza, de modo que o Rev. Smith atuou sozinho até a vinda do Rev. George William Butler em 1883, oportunidade em que pôde tirar suas primeiras férias em 11 anos de árduo trabalho, nos Estados Unidos. Quando de lá retornou Smith e sua família, trouxa consigo o Rev. Joseph Henry Gauss, juntamente com a esposa deste. Em 1884, seu cunhado, William Calvin Porter, que viria a ajudá-lo no trabalho. Em 19 de julho de 1887, juntamente com sua esposa e filhos, desembarca em Maceió, Alagoas, para partir ao município de Pão de Açúcar. Aos 18 de agosto do mesmo ano, procedeu com a organização da Igreja, tendo Smith pregado em Mateus, capítulo 28, versículo 18. Juntamente com o Rev. José Francisco Primênio da Silva, que também fazia parte da comissão, batizou 16 adultos e 13 menores, além de 3 adultos e 3 menores na noite seguinte. Assim fora organizada a Igreja Presbiteriana de Pão de Açúcar, com 35 membros.[6][10] Smith permaneceu em Recife até 1892, mas deixando um valioso legado na região: cinco igrejas no Nordeste, o jornal "Salvação de Graça" e o Presbitério de Pernambuco (que fora organizado aos 17 de agosto de 1888). Atuação no Sudeste Brasileiro e últimos diasO Seminário Presbiteriano do Sul fora fundado em 8 de setembro de 1888 (na organização do Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, em setembro de 1888, Smith fora relator da comissão que sugeriu a criação do referido seminário, apoiado por um dos poucos missionários da Igreja do Norte, o Rev. John Merrill Kyle) e estava localizado em Nova Friburgo (deveria ser instalado em Campinas, mas, por conta do surto de febre amarela, precisou ficar em Nova Friburgo).[11] Para tanto, Smith e Blackford foram eleitos para serem professores do Seminário, mas Blackford veio a falecer em 1890. Smith concluiu seu Doutorado em Divindade em 1891 e mudou-se para o Sudeste, mais especificamente em Nova Friburgo, em 1892. O Seminário passou a funcionar somente em 15 de novembro de 1892, do qual foi o primeiro reitor.[7] Foram também professores, além de Smith, o já citado rev. Kyle e João Gaspar Meyer, ministro luterano. Alguns dos que compunham sua diretoria, também compunham a diretoria do Colégio Protestante de São Paulo, "como Chamberlain e Carvalhosa."[11] Smith era membro da Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos (hoje Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos), enquanto Blackford pertencia à Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos (hoje Igreja Presbiteriana (EUA)). Boa parte dos missionários da Igreja do Sul (PCUS) fixaram-se nas Regiões Norte e Nordeste do Brasil, enquanto que, de semelhante modo, uma boa parte dos missionários da Igreja do Norte (PCUSA) fixaram-se nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil. O Seminário finalmente foi transferido para Campinas em 1895, o que fez com que o Rev. Smith mudasse novamente. Smith passou, então, a colaborar com a Igreja Presbiteriana de Campinas. Em 1897, no Sínodo, Smith apresenta o que ficou conhecido como "Moção Smith", ipsis literis:[11][12]
Da Igreja do Norte do EUA, somente o Rev. Kyle apoiou a Moção, que contou com grande apoio de ministros nacionais e da Igreja do Sul do EUA. Em 1903, a Igreja Presbiteriana do Brasil viu-se diante da sua maior crise. Em razão da posição presbiteriana acerca da Maçonaria (a IPB só passou a não aceitar membros que estivessem envolvidos com a Maçonaria em 2010)[13] e de não-interferência de missionários estadunidenses, surge a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Desta forma, Smith passou a congregar na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo naquele mesmo ano, na qual sua esposa foi presidente da Sociedade Auxiliadora Feminina local entre 1903 e 1905 (ano em que comprou-se o terreno na Rua Helvétia, onde localiza-se o atual templo). Smith foi Presidente Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil (Assembleia Geral, à época) entre os anos 1915-1916. O Rev. Smith morreu em 9 de abril de 1918, tendo formado mais de cinquenta ministros, dos quais, dentre seus últimos alunos, estava Guilherme Kerr. Seu túmulo encontra-se no Cemitério da Saudade, em Campinas, com os dizeres Pelejaram a boa peleja, guardaram a fé. Quem nos separará do amor de Cristo?. No mesmo túmulo, em 17 de novembro de 1921, também passou a repousar sua esposa, data do falecimento desta. Rev. John e D. Susan Smith tiveram 4 filhos e 2 filhas. Dentre estes, tornaram-se pastores James Porter, Robert Benjamin e William Kyle e tornou-se médico Rockwell Emerson. Seis de seus netos seguiram o caminho do Ministério da Palavra.[1] Ver tambémReferências
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