John BarnettJohn Mitchell Barnett (Mount Shasta, 23 de fevereiro de 1962 – Charleston, 9 de março de 2024) foi um engenheiro aeronáutico norte-americano e ex-funcionário da Boeing que ganhou notoriedade ao denunciar irregularidades na segurança e qualidade da empresa durante a fabricação das aeronaves, bem como mencionar pressões internas sobre os colaboradores para acelerar o processo de produção e entrega dos produtos.[1] Suas declarações chamaram a atenção da mídia e de agências de segurança e regulamentação da aviação, em especial da Administração Federal de Aviação (FAA), levantando questões sobre a conduta corporativa da Boeing.[2] BiografiaIntegrou a equipe da Boeing de 1985 até sua aposentadoria em 2017, ocupando a partir de 2010, a função de gerente de controle de qualidade na planta da empresa em North Charleston, Carolina do Sul.[3] Denúncias contra a BoeingAntes de se aposentar, Barnett relatou diversos problemas de segurança e qualidade para a própria Boeing e para Administração Federal de Aviação (FAA). Seu relatório apontava que aparas de metal próximas aos sistemas elétricos do controle de voo dos aviões, poderiam provocar falhas catastróficas caso atingissem a fiação. A Boeing inicialmente negou as alegações, mas uma auditoria da FAA em 2017, identificou que pelo menos 53 peças utilizadas nas aeronaves encontravam-se em inconformidade, obrigando a Boeing a implementar medidas corretivas.[4] Ainda em 2017, Barnett delatou as falhas de segurança à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) como parte do Programa de Proteção de Denunciantes da FAA, abrindo um processo contra a Boeing. No entanto, as investigações foram encerradas em 2021, dando a causa ganha em favor da Boeing.[5] Durante uma entrevista para a BBC em 2019, Barnett afirmou que a Boeing pressionava os funcionários a acelerar a produção das aeronaves, o que resultava na instalação deliberada de peças defeituosas e de baixa qualidade. Ele também mencionou que testes nos sistemas de oxigênio de emergência do modelo 787 Dreamliner revelaram uma taxa de falha de 25%, o que significava que um em cada quatro sistemas, poderia falhar em uma situação real de emergência. Barnett disse ter reportado essas falhas aos gerentes, mas que nenhuma providência foi tomada.[6] Denúncias feitas por ex-funcionários da Boeing que alertavam sobre falhas na produção dos aviões, voltaram à discussão após parte da fuselagem de um modelo 737 Max 9 se desprender durante um voo operado pela Alaska Airlines em 5 de janeiro de 2024. Em entrevista à ABC News, Barnett relacionou o incidente com a cultura interna da Boeing, ressaltando a pressa na linha de produção das aeronaves, que poderia comprometer a segurança dos aviões.[7] Barnett foi encontrado morto em 9 de março de 2024, com um ferimento à bala autoinfligido dentro de sua picape em um estacionamento na Carolina do Sul, onde deveria prestar entrevistas relacionadas a um processo judicial movido por ele contra a Boeing por difamação e prejuízo à sua carreira. Dias antes, ele também atuou como testemunha em um processo de denunciantes contra a empresa.[4] Ver tambémReferências
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