João do Amaral Franco
João Manuel António Paes do Amaral Franco (Lisboa, 25 de Junho de 1921 — Lisboa, 8 de Maio de 2009), mais conhecido por João do Amaral Franco, foi um botânico e sistemata, professor do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. É autor de uma flora de Portugal, a Nova Flora de Portugal. BiografiaNasceu em Santos-o-Velho, Lisboa, filho de Frederico Gaspar Schindler Franco Castelo Branco e de Maria Rita de Sá Paes do Amaral. Licenciado em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, iniciou a sua carreira científica ainda como aluno na década de 1940, trabalhando na área da botânica, da taxonomia vegetal e da sistemática. O seu campo inicial de estudo foi a dendrologia de coníferas.[1] A meados da década iniciou a sua carreira académica e profissional ao ser contratado como segundo assistente no Instituto Superior de Agronomia, a escola onde se licenciara. No início da década de 1950 iniciou funções como professor agregado, mantendo constante investigação sobre asconíferas, de que resultou a publicação de vária notas e a proposta de vários acertos taxonómicos naquele grupo. Os interesses de investigação foram-se alargando, estabelecendo contacto com investigadores europeus, com destaque para os sediados no Real Jardim Botânico de Kew e no Museu de História Natural de Londres, instituições onde trabalhou.[1] Outra área de interesse foram a biogeografia e a florística, tendo iniciado estudos sobre a flora de Portugal, dos quais resultaram diversas publicações. Em simultâneo concentrou-se no estudo da taxonomia vegetal, matéria em que adquiriu reputação de especialista. Foi nomeado professor extraordinário do 1º grupo de cadeiras do Instituto Superior de Agronomia, passando a ter a seu cargo o herbário da instituição, presentemente designado Herbário João de Carvalho e Vasconcellos e conhecido internacionalmente pela sigla LISI. Entre as numerosas colaborações que manteve, destacam-se durante a década de 1960 os trabalhos conjuntos com António Rodrigo Pinto da Silva e Maria da Luz Rocha Afonso e a sua integração no projecto Flora Europaea.[1] Iniciou em 1971, com a saída do 1.º volume, a publicação da Nova Flora de Portugal, seguindo a sugestão dos botânicos britânicos Vernon Heywood e Thomas Gaskell Tutin, com cuja colaboração contou. Por essa mesma época iniciou uma profícua colaboração com a iniciativa Atlas Florae Europaeae e participou na elaboração dos terceiro e quarto volumes da Flora Europaea.[1] Foi durante a década de 1970 que produziu as suas principais contribuições para o conhecimento da fitogeografia e corologia da flora portuguesa, com importante produção taxonómica nas Notulae Systematicae.[1] A partir doa anos de 1980 passou a professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia, alargando a sua área de interesse às monocotiledóneas, com destaque para as gramíneas. Nesse período elabora e publica o 2.º volume da Nova Flora de Portugal e publicou, em colaboração com Maria da Luz Rocha Afonso, o guia intitulado Distribuição de Pteridófitos e Gimnospérmicas em Portugal.[2] Para além de manter a colaboração como a equipa que elaborava o Atlas Florae Europaeae, foi nomeado conselheiro nacional para o projecto Med-Checklist (Med-Checklist - A critical inventory of vascular plants of the circum-mediterranean countries),[3] um trabalho colaborativo de um grande número de peritos e instituições europeiase norte-africanas, visando criar um catálogo sinonímico dos taxa de plantas vasculares com distribuição natural na bacia do Mediterrâneo. Foi também um dos editores do projecto Flora Ibérica,[4] tendo colaborado activamente na produção do 1.º volume. Jubilou-se em 1991 mas manteve a sua colaboração no herbário do Instituto Superior de Agronomia (LISI), no qual manteve intensa actividade de revisão de material herborizado, e nos trabalhos do Departamento de Protecção de Plantas e de Fitoecologia daquele instituto. Também se manteve como colaborador na Flora Ibérica e no Atlas Florae Europaeae. Em colaboração com Maria da Luz Rocha Afonso publicou em 1994 o primeiro fascículo do 3.º volume da Nova Flora de Portugal. Nos anos seguintes publicou diversos artigos e notas sobre as gramíneas, correspondentes à preparação dos fascículos seguintes da obra. Ainda colaborou na conclusão do 3.º volume da Nova Flora de Portugal, o último com a sua colaboração.[5] deixando uma obra que inclui mais de 150 publicações e centenas de descrições, redescrições, aperfeiçoamentos em descrições anteriores e alteração de corologias. É autor de cerca de 160 novos taxa ou combinações, e foi recentemente homenageado como epónimo das espécies Teucrium francoi e Festuca francoi. Tendo leccionado as disciplinas de botânica do Instituto Superior de Agronomia de 1950 a 1991, foi professor de várias gerações de engenheiros agrónomos e silvicultores e membro de uma grande parte dos júris de doutoramento, e outros, dos botânicos portugueses da actualidade. Considerado o patriarca da botânica portuguesa, autor da sua última flora publicada, faleceu em Lisboa aos 87 anos de idade, após uma carreira científica de 67 anos de activa investigação,[1] Notas
Obras publicadasEntre muitas outras, é autor das seguintes monografias:
Ligações externas
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