João Vaz nasceu em Setúbal, na freguesia de São Julião, numa família da média burguesia comercial da cidade, filho de José Dias Ferreira Vaz e de Basilisa Carlota Anastácia Vaz, naturais da mesma freguesia.[3][4]
Fez a decoração de algumas igrejas, teatros (Teatro Garcia de Resende em Évora e Teatro Luísa Todi em Setúbal) e palácios (Palácio-Hotel do Buçaco, Palácio de São Bento e Palácio de Belém), algumas vezes em colaboração com António Ramalho, mas a sua obra principal é a pintura de cenas marinhas (sobretudo dos rios Sado e Tejo). Apesar de esta ter sido a sua tendência natural, também se dedicou à pintura de interiores de igrejas (Igreja de Jesus de Setúbal e Mosteiro de Jesus de Setúbal) e paisagens (Torre das Cabaças de Santarém, Manhã no Algarve e Povoação à beira do rio). A sua primeira exposição teve lugar na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1881, além de expôr em outras exposições realizadas fora do país, como em Paris (1900) e Rio de Janeiro (1908).
A 1 de agosto de 1885, na freguesia de Marvila, em Santarém, contraiu matrimónio com Maria da Graça Stockler Salema Garção de Morais (1861-1906), de quem cedo enviuvou, tendo tido seis filhos: Paulo (1887); Maria Margarida (1888); Mário (1889); Rui (1891); Vasco (1893) e Graça de Morais Vaz (1899).[5]
Ganhou o primeiro prémio e o prémio de honra da Sociedade Nacional de Belas-Artes, respetivamente em 1915 e 1916, e fez parte do Grupo do Leão desde a sua génese. Expôs no Grémio Artístico e na Sociedade Promotora das Belas Artes, com óleos e aguarelas, e foi professor de Desenho e diretor da Escola Industrial Afonso Domingues, desde 1884.
Foi membro da comissão encarregada pelo Governo de formular a reorganização do ensino industrial e comercial nos graus elementar e médio (1912), e instalou o curso comercial na Escola de Desenho Industrial de Setúbal (1914).[1][2][6]
Numa carta deixada aos seus filhos expressa o seu último desejo: "(...) Desejo que, se acordarem expôr os trabalhos que deixar elles sejam seleccionados com critério, só escolhendo aquelles que não desmereçam do meu nome de artista, embora modesto (...)".[7]
Pelos seus trabalhos foi nomeado Académico de Mérito e foi agraciado com a Ordem de Sant'Iago da Espada. Em homenagem ao pintor, na Escola Industrial Afonso Domingues, foi levantado um busto em bronze, esculpido por José Pereira; encontra-se uma reprodução em mármore num monumento inaugurado a 18 de setembro de 1949, na sua terra natal.[9]
Dois dos selos da emissão filatélica comemorativa do 4.º centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia (1898):
Selo de 25 réis verde amarelo: Uma janela manuelina, a figura da História e, ao fundo, a frota;
Selo de 75 réis castanho: O escudo de armas manuelino e a figura de S. Gabriel sobre o casco de um navio.[10]
Colaboração em revistas
Encontra-se colaboração da sua autoria nas publicações periódicas Branco e Negro[11] (1896-1898), Atlantida[12] (1915-1920) e Contemporânea[13] (1915-1926).
Bibliografia
CLARO, Rogério Peres. Um Século de Ensino Técnico Profissional em Setúbal. Setúbal, Câmara Municipal de Setúbal, 2000. ISBN972-9016-34-8.
ENVIA, João Francisco. Setubalenses de Mérito. Setúbal, edição a., 2003, pp. 215-217. ISBN972-97298-4-0
FALCÃO, Isabel; BORGES, José Pedro de Aboim (fot.). João Vaz (1859-1931): um pintor do naturalismo. Lisboa, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, 2005. ISBN972-776-273-5.
MACEDO, Diogo de. António Ramalho, João Vaz: um retratista, um marinhista. Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea, 1954.
PAXECO, Óscar. Roteiro do Tríptico de Luciano. 3.ª edição, Setúbal, Câmara Municipal de Setúbal, 1999. ISBN972-9016-33-X.
Portugal, Instituto Português do Património Cultural. Arte portuguesa do século XIX.[14] Lisboa, Instituto Português do Património Cultural, 1988.
VAZ, João Barreto de Morais. O pintor João Vaz: contributo para o conhecimento da sua vida e obra. Texto policopiado, 2 vols., Lisboa, 1998. Tese de mestrado em História da Arte defendida na Universidade Lusíada de Lisboa.
Notas
↑Ao Teatro Rainha D. Amélia sucedeu o Teatro Luísa Todi, ainda hoje existente.
↑Antigo edifício da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, situado no Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa.
Referências
↑ abcdENVIA, João Francisco. Setubalenses de Mérito. Setúbal, edição a., 2003, pp. 215-217. ISBN972-97298-4-0
↑ abcdFALCÃO, Isabel; BORGES, José Pedro de Aboim (fot.). João Vaz (1859-1931): um pintor do naturalismo. Lisboa : Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, 2005. ISBN972-776-273-5