João Parvi
João Parvi (em Latim Ioannes Parvi ou Ioannes Pettit), e também conhecido como D. João de Évora (Bayeux, Normandia, c. 1480 - Ribeira Grande, Cabo Verde, 29 de Novembro de 1546), foi um prelado português de origem francesa. BiografiaNascimento e educaçãoNasceu na diocese de Baiona, em França, com o nome de Jean Petit, tendo sido naturalizado português por mercê do Rei D. João III de Portugal.[1] Documenta-se como Doutor em 1520, na Universidade de Lisboa, então Estudos Gerais. Fez parte do núcleo humanista da Universidade de Évora], de que também fizeram parte nomes como D. Francisco de Melo, Mestre André de Resende e Nicolau Clenardo.[1] Carreira eclesiásticaFoi membro do Cabido da prestigiada Sé de Évora, onde ocupava a posição de Arcediago do Bago e Cónego Magistral, sendo o eclesiástico a oficiar nesta cátedra.[1] Em 23 de Setembro de 1538, foi apresentado e ordenado como 2.° Bispo de Cabo Verde.[2] Foi a segunda pessoa a ocupar esta posição, após D. Brás Neto, que ficou em Lisboa e não chegou a vir ao arquipélago.[3] Foi contemporâneo de D. Martinho de Portugal, que tinha sido enviado pelo rei a Roma aos Estados Pontifícios, para criar as Dioceses de Angra, Cabo Verde, São Tomé e Goa, o que pode ter tido influência na sua escolha.[1] Ainda em Portugal, em 1538, fez chegar à Inquisição de Lisboa uma carta sobre os abusos dos Cristãos-Novos nas ilhas de Cabo Verde, pelo que deve ter trocado correspondência com as autoridades civis e eclesiásticas locais. Em 23 de Setembro de 1538, foi confirmado pela Cúria Romana, e em 19 de Outubro desse ano principiou a conferir ordens sacras, pelo que deve ter sido neste período que foi sagrado na dignidade episcopal.[1] No entanto, demorou a ir residir para o seu bispado, tendo-se confirmado a sua estada em Évora até Janeiro de 1545.[1] Em Setembro desse ano, fez o seu Testamento, deixando como herdeiro o seu "sobrinho", mas que tudo indica que fosse seu filho, Reginaldo Parvi, nascido cerca de 1520, casado e com descendência[1]; neste documento, relatou estar prestes a partir para a Ilha de Santiago de Cabo Verde, onde provavelmente chegou em finais de 1545, sendo então o primeiro Bispo residente.[1] O Padroado Régio estava ciente do arranque frágil dos Bispados atlânticos insulares e, enquanto D. João Parvi não foi residir, o Rei nomeou um Visitador do arquipélago, que devia exercer igualmente o posto de Lugar-Tenente do Vigário-Geral e Ouvidor do Eclesiástico em Cabo Verde. Foi designado Afonso Martins, Beneficiado da Igreja da cidade da Ribeira Grande, que, entre outras acções fiscalizadoras que terá desenvolvido, se deslocou à ilha do Fogo, a pedido da elite local, a fim de fazer visitação à Igreja de São Filipe, na vila com o mesmo nome. D. João Parvi deu início à organização das estruturas diocesanas, nomeadamente ao Cabido, conforme o prescrevia a Bula de criação do Bispado de Cabo Verde. FalecimentoFaleceu na Ribeira Grande, em Santo Antão, a 29 de Dezembro de 1546, tendo cumprido apenas cerca de um ano de episcopado.[1] A sua sepultura foi instalada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na Ribeira Grande.[1] Legou um foro ao cabido, para que este lhe rezasse missas por sua alma.[1] Foi sucedido, no cargo de Bispo, por Francisco da Cruz.[3] Cerca de 120 anos depois, por volta de 1670, Manuel Severim de Faria, em tom apologético, refere-se a D. João Parvi como um sacrificado ao serviço da Igreja, afirmando que faleceu rapidamente depois de chegar devido ao fervor com que se dedicava à actividade pastoral, não tendo sequer observado o devido resguardo de saúde de alguns meses a que o clima local obrigava os reinóis. Diz textualmente que «expirou estando crismando, afrontado com o trabalho de muita gente».[1] Ver tambémReferências
Ligações externas
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