Jesus expulsando os vendilhões
Jesus expulsando os vendilhões ou Jesus expulsando os cambistas, episódio conhecido também como limpeza do Templo, é um dos eventos do ministério de Jesus narrado nos quatro evangelhos canônicos do Novo Testamento. Neste episódio, Jesus e seus discípulos viajam a Jerusalém para a Pessach (a Páscoa judaica) e lá ele expulsa os cambistas do Templo de Jerusalém (o Templo de Herodes ou "Segundo Templo"), acusando-os de tornar o local sagrado em um covil de ladrões através de suas atividades comerciais.[1][2] No Evangelho de João, Jesus se refere ao Templo como "casa de meu Pai", clamando para si assim o título de Filho de Deus.[3] Este é o único relato de Jesus utilizando-se de força física nos evangelhos. A narrativa ocorre perto do final dos evangelhos sinóticos (em Marcos 11:15–19; Mateus 21:12–17 e Lucas 19:45–48) e perto do início do Evangelho de João (em João 2:13–16), o que leva alguns acadêmicos a postularem que se trata, na verdade, de dois eventos separados, uma vez que João relata mais de uma Páscoa.[4] Representação nos evangelhosVer artigo principal: Evangelho
O relato se inicia afirmando que Jesus visitou o Templo de Jerusalém, o Templo de Herodes, cujo pátio é descrito como repleto de animais e mesas dos cambistas, que trocavam o dinheiro padrão grego e romano por dinheiro hebraico e de Tiro[1]. A cidade estaria lotada com judeus que tinham vindo para a páscoa, algo em torno de 300 000 ou 400 000 peregrinos.[5][6]
No Antigo Testamento há uma passagem em Jeremias 7:11, "Esta casa que é chamada do meu nome, porventura se tornou aos vossos olhos um covil de salteadores?". Em João, esta é a primeira de três vezes que Jesus vai a Jerusalém para a Pessach e o evangelista afirma que, durante esse período, ocorreram diversos sinais (não especificados) milagrosos realizados por Jesus, que fizeram as pessoas acreditarem em seu nome, mas o próprio Jesus não confiava neles, porque conhecia a todos (João 2:24).[4][7] Em Marcos 12:40 e em Lucas 20:47, Jesus novamente acusa as autoridades do Templo de ladrões e, desta vez, afirma que as viúvas pobres, como vítimas, são a prova. Os vendedores de pombas estavam vendendo os animais que seriam sacrificados pelos pobres que não podiam comprar sacrifícios mais caros e, especificamente, pelas mulheres. De acordo com Marcos 11:16, Jesus proibiu as pessoas de realizarem qualquer tipo de comércio no Templo - uma sanção que certamente arruinaria os sacerdotes.[4][7] Mateus afirma que os líderes do Templo questionaram Jesus se ele estava ciente que as crianças gritavam Hosana ao Filho de David, e Jesus respondeu "Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?" Mateus 21:16, aceitando a aclamação e citando Salmos 8:2.[4][7] CronologiaVer artigo principal: Cronologia de Jesus Existem debates sobre quando ocorreu a limpeza do Templo e se houve dois eventos separados. Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho concordam que Jesus realizou um ato semelhante duas vezes, com as denúncias menos severas do relato joanino (comerciantes, vendedores) ocorrendo no início do ministério público de Jesus e as denúncias mais severas dos relatos sinópticos ocorrendo imediatamente antes, e de fato acelerando, os eventos da crucificação. O episódio da expulsão dos vendilhões no Evangelho de João pode ser correlacionado com outras fontes históricas não-bíblicas a fim de obter uma estimativa da época em que se passou. João 2:13 afirma que Jesus foi ao Templo de Herodes no início do seu ministério e João 2:20 relata que Jesus ouviu: "Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias?" João 2:13.[8][9] Nas Antiguidades Judaicas, o historiador judeu do século I Flávio Josefo escreveu que (Ant 15.380) o Templo foi iniciado por Herodes, o Grande, no 15º-18º ano de seu reinado, por volta da época que Augusto visitou a Síria (Ant 15.354).[9][10][11][12] A expansão e reconstrução do Templo estavam em andamento quando ele foi destruído em 70 d.C. pelos romanos.[13] Dado que já haviam se passado quarenta e seis anos, a visita ao Templo no Evangelho de João foi estimada como tendo ocorrido por volta de 27-29 d.C.[8][9][14][15][16] Na arteA limpeza do Templo é um evento frequentemente representado na Vida de Cristo, sob vários títulos. O pintor espanhol El Greco pintou diversas versões, atualmente em Londres, Madrid, Mineápolis, Nova Iorque e Washington. Ver tambémReferências
Bibliografia
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