Ismar de Oliveira Soares
Ismar de Oliveira Soares (Resende, RJ, 20 de outubro de 1943) é um filósofo, geógrafo, historiador, jornalista, doutor em Comunicação e, pesquisador brasileiro do campo da Educomunicação na América Latina. Um dos fundadores do curso de Licenciatura em Educomunicação da Universidade de São Paulo (USP). Dedicou-se primeiramente à carreira de seminarista, onde teve contato com a área de comunicação e movimentos sociais ligados ao catolicismo. Teórico e pesquisador da comunicação, é autor do livro Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação, lançado em 2011 pela Editora Paulinas.[1] BiografiaIsmar Soares nasceu em 20 de outubro de 1943, na cidade de Resende, localizada entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Filho de pais católicos, toma gosto pela leitura e escrita já na infância ao cursar a primeira comunhão. Aos onze anos de idade inscreve-se para o Seminário Salesiano em Lavrinhas, onde inicia a carreira de seminarista aos doze anos.[2] Com os Salesianos realiza os estudos básicos e vive seus primeiros contatos com a comunicação e com movimentos populares de base católica. No colégio participa da criação de uma rádio comunitária e um jornal para circular entre os seminaristas.[2] Em 1965, forma-se bacharel em Geografia e licenciado em História pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena (SP). Aos 26 anos de idade interrompe a formação de padre e muda-se para a cidade de São Paulo para dedicar-se ao magistério e à graduação em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero (1967 - 1970). Atuou como educador na Medianeira dos Jesuítas (Colégio Nossa Senhora Medianeira), no Colégio São Luís e no Colégio Estadual Camargo Aranha. Na mesma época, inicia seu contato com a União Cristã Brasileira de Comunicação (UCBC),[3] participando da criação de protocolos de proteção para jornalistas perseguidos pelo Regime Militar.[2] A partir de leituras da obra de Paulo Freire, cria pela UCBC o projeto Leitura Crítica da Comunicação (LCC) e realiza suas primeiras publicações sobre comunicação e educação pela Edições Paulinas. Após sete anos trabalhando com projetos de comunicação e querendo aprimorar seu conhecimento na área, realiza entre 1977 e 1986 mestrado e doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), instituição que adentra como docente de Psicologia da Comunicação no Departamento de Comunicações e Artes no ano de 1988. Já imerso no campo da Educomunicação, em 2000, vai aos Estados Unidos realizar pós doutorado pela Marquette University, Milwaukee.[4] Após 26 anos de docência e diversos projetos realizados junto à da universidade, em 2014 torna-se professor aposentado com menção honrosa pela ECA-USP[5]. Campos de EstudoPesquisador, educador e agente cultural, seu “estilo realizador” pode ser percebido em suas contribuições que sustentam a sua coerência epistemológica entre teoria e prática: ao mesmo tempo que reflete a partir de suas vivências enquanto líder e participante de diversos grupos, traz as reflexões da academia para a vida cotidiana.[6] Sua produção pode ser dividida em: Comunicação CristãSeu histórico de educação católica influenciou na sua produção acadêmica - desde sua tese de mestrado e doutorado a diversos artigos publicados. Ele escreveu sobre a importância do diálogo das Igrejas com o resto da sociedade, com uma linguagem acessível, chegando aos diversos setores sociais.[7] Participou da organização de mais de dez seminários nacionais e latino-americanos sobre a relação entre religião e comunicação, bem como a criação do Serviço à Pastoral da Comunicação das Edições Paulinas (SEPAC), um projeto de capacitação permanente para o campo da educação para a comunicação nos anos 80. Em 1996, como parte da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), defendeu a necessidade de todas as paróquias brasileiras criarem equipes de pastoral de comunicação, reforçando a “perspectiva participativa” de sua proposta comunicacional.[7] Comunicação PopularContribuições dos referenciais marxistas e da pedagogia de Paulo Freire inspiraram muitas das ideias e projetos de Soares, reconhecido como um representante de um Humanismo marxista.[7] Participou da fundação de diversos projetos que promoviam a educação para comunicação como o Projeto LCC – Leitura Crítica da Comunicação e o Educom.rádio. EducomunicaçãoTendo como referência autores como Paulo Freire, Mario Kaplún, Jesús Martín-Barbero, Ismar de Oliveira Soares contribui para a consolidação e ampliação do campo da Educomunicação na América Latina. No início dos anos 2000, a partir da designação fundada por Mario Kaplún, Soares propõe uma ampliação do significado da Educomunicação para
Através de uma pesquisa empírica[9] (1997-1999), identificou o perfil dos educadores que vinham usando a comunicação nas escolas, com a colaboração de especialistas de 14 países da América Latina, do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP, e da Universidade Salvador (UNIFACS), Bahia. A Educomunicação apareceu como um campo emergente e principal hipótese na pesquisa do NCE-USP, revelando-se como um novo paradigma e indicando a demanda da formação de um novo profissional - o(a) educomunicador(a), capaz de mediar um processo dialógico entre todos os envolvidos nas etapas de aprendizagem, sejam elas formais, não formais ou informais.[10] Fez parte do pedido para abertura da licenciatura em Educomunicação, que só foi aprovado em novembro de 2009, 13 anos depois, pelo Conselho Universitário da USP e com o efetivo início em fevereiro de 2011. LegadoNúcleo de Comunicação e Educação (NCE-USP)Em 1996, nasce o Núcleo de Comunicação e Educação[11] na Universidade de São Paulo, sendo Ismar seu fundador e coordenador geral. Este núcleo reúne professores de diversas universidades brasileiras que se interessam pela interface entre Comunicação e Educação. Com 25 anos de história, existem três grandes marcos: Congresso Internacional em 1998 (quatro grandes temáticas orientaram o Congresso: “Educação para a comunicação”, “O uso das tecnologias na educação”, “A comunicação educativa a serviço da cidadania”, “A inter-relação comunicação/educação e artes”), a pesquisa-perfil em 1997-1999 e os projetos nos anos 2000 (educom.rádio, educom.tv, educom.jt, dentre outros).[12] Entre 1997 e 1999, uma pesquisa realizada pelo núcleo contou com especialistas de diferentes países latino americanos e países da Península Ibérica para entender e debater as possibilidades da inter-relação entre áreas da Comunicação e da Educação. Posteriormente, como parte do resultado, desenvolve-se um novo campo: a Educomunicação, através da complementação entre comunicação para a educação ou tecnologias da comunicação utilizadas na educação.[13] Através da pesquisa A Inter-relação Comunicação e Educação no âmbito da Cultura Latino-americana (o perfil dos pesquisadores e dos especialistas na área)[14] o Núcleo de Comunicação e Educação legitima a área da Educomunicação como um novo paradigma transversal, em que trata de ecossistemas comunicativos democráticos, dialógicos e participativos. Todo trabalho do núcleo possui intencionalidade educativa, voltado para os direitos humanos, especialmente o direito à comunicação. Os profissionais da Educomunicação trabalham com o conceito de desenvolvimento e avaliação de projetos, tendo como meio um campo de intervenção social específico (interface entre Comunicação/Educação) para tecnologias educativas, leitura crítica dos meios e produção de cultura.[15] O professor Ismar Soares, em parceria com a Secretaria de Saúde de São Paulo, o Núcleo de Comunicação e Educação e a Associação Brasileira de Pesquisadores da Educomunicação (ABPEducom), é coordenador do projeto Educom.saúde que promove formação com agentes da saúde por meio da mediação de educomunicadores.[16] Educom.RádioEducom.Rádio foi um projeto idealizado entre o primeiro semestre de 2001 e o segundo semestre de 2004 por Ismar Soares com a finalidade de trazer uma conscientização, debate das soluções e reflexões sobre problemas de violência física, psicológica, social ou moral, era um curso totalizado por 12 encontros, 8 horas cada. O objetivo do projeto é combater a violência e proporcionar uma cultura de paz nas escolas de ensino fundamental da rede pública municipal de ensino.[17] Envolvendo professores, alunos e membros da comunidade de 455 escolas públicas municipais de São Paulo, o projeto trabalhava com a linguagem radiofônica e o desenvolvimentos de trabalhos de cunho educomunicativos integrados às práticas curriculares. Com três anos e meio de duração, o curso conta com uma equipe de formadores composta por 200 especialistas formados pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE-USP).[18] ObrasNo ano de 1985 Soares escreve o livro Comunicação, Igreja e Estado na América Latina. Neste, se destacou e demonstrou a relevância de seus estudos para a comunicação católica. Na obra, o autor discute as relações entre Igreja e Estado no campo da comunicação social. Ao organizar com Joana Puntel as contribuições dos congressos da União Cristã Brasileira de Comunicação Social e de inúmeros pensadores católicos que discutiam os rumos da comunicação cristã,[19] nesta obra Soares analisou o discurso e a prática de comunicação das Igrejas, se tornando uma das referências no assunto. Soares é um dos principais estudiosos do conceito de Educomunicação no Brasil e na América Latina. Parte de suas obras são voltadas para a pesquisa em Educomunicação, suas Áreas de Intervenção, o conceito do profissional educomunicador e as aproximações entre os campos educação e comunicação.[20] Em 2011, Ismar publicou o livro Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação, pela editora Paulinas. Além de reunir resultados das pesquisas do Núcleo de Comunicação e Educação da USP sobre o conceito de Educomunicação,[21] a obra apresentada práticas educomunicativas realizadas em projetos aliados à política educacional do MEC. A obra faz parte da Coleção Educomunicação e visa oferecer, a partir de uma visão sistêmica do conceito da Educomunicação, reflexões sobre a ampliação do "coeficiente comunicativo.[22] No livro Educomunicação e suas áreas de intervenção: novos paradigmas para o diálogo intercultural, Soares e outros pesquisadores destacam a inserção da Educomunicação nas práticas interculturais.[23] Para o pesquisador, tais práticas são visíveis nas ações profissionais de educomunicadores, em que lidam com abordagens multifuncionais da interface Comunicação/Educação, colocadas em prática para a valorização da diversidade e para a construção da dialogicidade, da cidadania e participação democrática, das relações humanas nos ecossistemas comunicativos em práticas comunitárias.[23] Livros publicadosLista de publicações do pesquisador Ismar de Oliveira Soares[5]:
Prêmios e Honrarias
Referências
Ligações ExternasProdução intelectual de Ismar de Oliveira Soares cadastrada no Repositório da Produção USP |