Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara
Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara é o décimo primeiro álbum de estúdio de Taiguara, considerado como um marco da carreira do músico e da música brasileira. O álbum foi gravado no Brasil, após o primeiro período de exílio de Taiguara no exterior. Na Inglaterra, chega a gravar o Let The Children Hear The Music censurado mesmo no exterior e nunca lançado. Em 1975, de volta ao Brasil, ganha permissão para uma nova gravação, a ser lançada pela gravadora EMI-Odeon no mesmo ano. Entretanto, em apenas 72 horas após seu lançamento, a Ditadura Militar brasileira baniu o disco e recolheu das lojas, destruindo as cópias. Pouco depois, Taiguara partiria para o exílio na Inglaterra e na Tanzânia. Viria a gravar um álbum novamente apenas em 1983, com o lançamento de Canções de Amor e Liberdade. Posteriormente, os direitos autorais de Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara foram comprados por produtores japoneses que lançaram o disco em seu país em 1980.[1] Em Outubro de 2005, ano em que Taiguara completaria 60 anos, um website dedicado ao disco junto a uma Campanha de Repatriamento [2] foi criado por sua filha ´Imyra Chalar, qual rendeu cerca de 100.000 assinaturas, e em 2013 Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara foi oficialmente lançado no Brasil, em todo o território nacional. A remasterização e lançamento foram realizados pela gravadora Kuarup.[3] Wagner Tiso (direção musical e piano), Toninho Horta (violão e guitarra), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Nivaldo Ornelas (sax e flauta), Novelli (baixo) e Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão), músicos presentes na gravação de 1976, realizaram concerto em homenagem ao lançamento do álbum no Brasil.[4] Composição e GravaçãoImyra, Tayra, Ipy - Taiguara, demorou cerca de seis meses para ser gravado, segundo Wagner Tiso, pelo fato de Taiguara ter uma verve perfeccionista, que levava a pequenos atritos durante as gravações. Para burlar a censura, que já havia vetado uma série de músicas e seu último álbum, na Inglaterra, Taiguara utilizou-se de diversas analogias poéticas para procurar expressar suas visões sem sofrer repressão.[4] Desta forma, diversos temas surgiam em canções aparentemente sobre outros temas. Em "Terra das Palmeiras", o verso clama uma "amada amordaçada" e o "sabiá" que não canta mais. Em "Primeira Bateria", Taiguara afirma "liberdade/quero até morrer por você". A faixa "Pianice", vinheta de abertura, provém das gravações de uma peça sinfônica surgida de seus estudos na Guildhall School of Music and Drama. A ironia também é utilizada: "Público", em que Taiguara afirma "eles querem lotar o Maracanã/e precisam de mim, lá vou eu" satiriza sua fase de "o ganhador de festivais". O famoso tema Aquarela do Brasil, de Ary Barroso aparece na faixa "Aquarela de um país na lua".[4][5] A tripla ascendência indígena, africana e hispânica de Taiguara é evocada nas faixas "A Volta do Pássaro Ameríndio", "Sete Cenas de Imyra", "Luanda, Violeta Africana" e "Como em Guernica" (esta última cantada em espanhol). Taiguara procurava realizar o show de abertura da temporada Imyra, Tayra, Ipy - Taiguara em um Primeiro de Maio, nas ruínas de São Miguel das Missões. O local escolhido completaria o conceito do álbum: no encarte que acompanharia o disco, segue escrito a definição da palavra "Taiguara", do tupi-guarani "Taygoara", que significaria "forro, livre, senhor de si".[4][6] CensuraEmbora Taiguara tivesse recebido autorização para realizar um álbum no Brasil, o músico tomou algumas precauções para que seu disco não sofresse o mesmo destino do anterior, Let The Children Hear The Music. Algumas das músicas cujas letras eram mais sujeitas a serem alvo da censura foram assinadas utilizando pseudônimos. Taiguara também utilizou o nome de sua esposa na época, Gheisa Gomes Chalar da Silva, como autora das três canções consideradas mais controversas, "Terra das Palmeiras", "Situação" e "Público". Embora este método tenha sido eficaz para que a gravação ocorresse e o lançamento fosse planejado, a estratégia durou pouco tempo. O disco ficou apenas três dias (aproximadamente 72 horas) em circulação, sendo recolhido das lojas pela polícia em seguida. Já prestes a começar a turnê do álbum, o espetáculo de abertura, marcado para o dia Primeiro de Maio de 1976, nas ruínas das Missões de São Miguel no Rio Grande do Sul, foi cancelado apenas 24 horas antes de sua realização.[7] Isto levaria o artista a se exilar novamente, desta vez para Europa e África. Iria retornar ao Brasil apenas no início dos anos 1980, com a gradual abertura da Ditadura Militar. Faixas
EquipeMúsicosAs harmonias das faixas do álbum foram compostas em conjunto pelos músicos[8] que participaram das gravações:
Produção de Estúdio
Referências
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