Igreja de Santo Estanislau (Paraguaçu)

Igreja de Santo Estanislau
Igreja de Santo Estanislau (Paraguaçu)
Igreja de Santo Estanislau em Alto Paraguaçu, no município de Itaiópolis, Santa Catarina, Brasil
Informações gerais
Início da construção 2 de novembro de 1915
Fim da construção 8 de maio de 1922
Religião Igreja Católica
Diocese Diocese de Joinville
Ano de consagração 1926
Geografia
País Brasil
Localização Bairro Paraguaçu, Itaiópolis
Região Santa Catarina
Coordenadas 26° 23′ 18″ S, 49° 55′ 00″ O
Map
Localização em mapa dinâmico

A Igreja de Santo Estanislau é uma igreja Católica Apostólica Romana localizada em Itaiópolis, Santa Catarina, Brasil. A igreja foi tombada pelo Iphan[1] em 2007, assim como o bairro em que ela se localiza, Alto Paraguaçu, que foi igualmente tombado pelo Iphan como Núcleo Histórico, em 2007.[2] A igreja e o seu entorno têm relevante importância mediante as marcas da colonização polonesa típica da região, e considera-se que seria o maior templo católico construído por imigrantes poloneses na América Latina.[3][4] A igreja pertence à Diocese de Joinville, e foi construída entre 1915 e 1922.[5]

Histórico

Inicialmente foi construída no Alto Paraguaçu, bairro de Itaiópolis, apenas uma capela, em 1896, e que seria a segunda capela da cidade – a primeira foi a igreja de rito bizantino-ucraniano Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Xavier da Silva, em 1895. A capela de Santo Estanislau foi, portanto, a primeira igreja católica romana de Itaiópolis, e foi construída pelos imigrantes poloneses, totalmente em madeira. A paróquia de S. Estanislau foi criada no dia 31 de dezembro de 1901, de uma parte da paróquia de Rio Negro (observa-se que, na época, a Colônia Lucena, que seria posteriormente Itaiópolis, ainda pertencia à cidade de Rio Negro, no Paraná. Os trabalhos preparatórios para a criação da paróquia foram realizados pelo Padre Cesário Wyszynski, que no dia 5 de janeiro de 1902 foi nomeado primeiro pároco da recém-criada paróquia.[6] Após Wyszynski, veio o Padre João Wolyncewicz, e no dia 15 de janeiro de 1904 a paróquia foi assumida pelos padres Vicentinos (Padre Tomás Soltysiak, pároco e Padre Hugo Dylla, vigário).[6] Entre os anos 1907 e 1925 foi realizada, então, a construção da nova igreja de Santo Estanislau, quando era o pároco o Padre João Kominek.[7]

Interior da Igreja de Santo Estanislau.

Considera-se, historicamente, que o padre polonês João Kominek tenha sido o responsável pelo início da construção da atual Igreja de Santo Estanislau,[4] iniciada em 2 de novembro de 1915, no alto da colina Paraguaçu, a 1056 metros do nível do mar, no local de um antigo cemitério dos índios Xokleng. sob a denominação de Santo Estanislau, Bispo e Mártir de Cracóvia, conforme a planta da Igreja de Stojanów (1911), com algumas modificações, introduzidas pelo Padre Francisco Chylaszek.[4] Sua inauguração foi em 8 de maio de 1922. Dom Joaquim Domingues de Oliveira, arcebispo de Florianópolis, fez a consagração da igreja em 1926.

No entorno da igreja, Padre Kominek também iniciou a construção de um Colégio para 160 crianças, um internato para 45 meninas da região, uma pequena farmácia e organizou uma Biblioteca Paroquial com 2000 livros. Foi ele também que idealizou e incentivou a organização da Sociedade “Bratniej Pomocy” (Ajuda Fraterna) em Alto Paraguaçu.[4] Além dessas atividades, o Pe. Kominek é considerado um pacificador dos índios Xokleng da região do planalto norte catarinense, entrando em contato com o responsável pelos índios NA ÉPOCA, Eduardo de Lima e Silva Hoerhann, que já havia obtido a sua confiança e conseguido a sua transferência pacífica para o aldeamento da reserva Duque de Caxias no Vale do Itajai.

Em 1953, foi constituída a Paróquia de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, de um desmembramento da Paróquia de S. Estanislau Bispo e Mártir de Alto Paraguaçu, através de um decreto do ordinário da diocese de Joinville, de Dom Pio Freitas CM, no dia 27 de novembro de 1953.[8]

Características

Igreja de Santo Estanislau em Paraguaçu, Itaiópolis, Santa Catarina, é um marco da colonização polonesa e foi tombada pelo Iphan.
Detalhe da Igreja de Santo Estanislau.

Foi construída em estilo neo-gótico, com grandes portas de madeira, possuindo a planta no formato de uma cruz: uma nave central entrecortada por duas capelas e a capela-mor. Seu telhado era coberto por telhas francesas, mas, mediante as fortes tempestades foi substituído por uma cobertura de zinco. A igreja possui 54 metros de comprimento, a nave central tem 11 metros de largura, e as naves laterais, em forma de cruz, têm 24 metros. A torre mede 54 metros de altura, e nela estão o relógio, os sinos e, externamente a águia branca, símbolo dos poloneses.[9]

A pintura mural da Igreja de Santo Estanislau foi executada por Evaldo e Valdemar Ducat, da cidade de Irati, Paraná. Os motivos da pintura mural são fitomórficos, modulares, geométricos e painéis artísticos configurando-se harmoniosamente nas paredes, nos arcos, forros e abóbadas. Um conjunto de técnicas, materiais e composição artística que fazem parte da memória desta cultura.[10]

Foi construída com tijolos maciços, argamassa feita com cal artesanalmente em forno próprio, onde das minas retiravam-se as pedras que eram reduzidas a pó por cremação e madeira. A base de sua estrutura tem aproximadamente oito metros de profundidade, e é feita de pedras extraídas manualmente de morros próximos e transportados em carroças.

Os bancos, o púlpito, o coro e a escada em caracol que lhe dá acesso são de madeira de imbuia maciça, entalhada com motivos delicados. O Altar e a Pia Batismal são revestidos de mármore.

O altar central foi colocado em 1952, e os altares laterais de imbuia são relíquias pertencentes à antiga capela, nos quais está registrado o nome de dois artistas que realizaram as pinturas em 1904. Exibe quadros com as estações da crucificação de Cristo, com molduras entalhadas em madeira. Os vitrais são ricos em cores e detalhes e apresentam características medievais.

A Igreja está inserida no Núcleo Histórico de Alto Paraguaçu, também tombado pelo Iphan. Próximo a Igreja Santo Estanislau, estão as “Capelinhas do Rosário”, que abrigam mosaicos onde são mostradas passagens da Via-Sacra. Inauguradas em maio de 2004, as Capelinhas do Rosário foram executadas por Élcio e Hélio Nilsen e apresentam mosaicos feitos por Maria Inês Asinelli. O monumento é uma homenagem aos 25 anos de pontificado do Papa João Paulo II e por 2003 ser o ano do rosário. Assim, no início do roteiro das capelas foi construído um pequeno santuário dedicado a Karol Wojtyla, nascido na Polônia, tal como grande parte dos colonizadores de Itaiópolis.[11]

Notas e referências

  1. Iphan
  2. Jus Brasil
  3. Itaiópolis.sc.org
  4. a b c d RODYCZ, Wilson Carlos. Colônia Lucena- Itaiópolis. Crônica dos imigrantes poloneses. Florianópolis/ Itaiópolis: Braspol, 2002
  5. «Diocese de Joinville». Consultado em 28 de outubro de 2015. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  6. a b Pe. L. Serzysko CM, Jubileuszowaparafia, em: Kalendarz “Ludu”, Curitiba 1953, p. 79; 75 anos de presença dos padres vicentinos, Curitiba 1978, p. 68. in RODYCZ, Wilson Carlos. Colônia Lucena- Itaiópolis. Crônica dos imigrantes poloneses. Florianópolis/ Itaiópolis: Braspol, 2002
  7. Pe. J. Piton CM, Mapa ludnosci polskiej w Brazylii, em: Kalendarz “Ludu”, Curitiba 1972, p. 145 in RODYCZ, Wilson Carlos. Colônia Lucena- Itaiópolis. Crônica dos imigrantes poloneses. Florianópolis/ Itaiópolis: Braspol, 2002.
  8. AP Itaiópolis, Livro do tombo, vol. I, p. 1-2 in RODYCZ, Wilson Carlos. Colônia Lucena- Itaiópolis. Crônica dos imigrantes poloneses. Florianópolis/ Itaiópolis: Braspol, 2002
  9. BIENARSKI, Lourenço. “A contribuição dos padres vicentinos em Alto Paraguaçu”. In Rodycz, Wilson Carlos. “Colônia Lucena – Itaiópolis: Crônica dos |Imigrantes poloneses”. Braspol, 2002, p. 173
  10. CAVAGNARI, Oriete; ZANINI, Denise et al. Curso Técnico de Conservação e Restauração em Pintura Mural. UFP. Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação. Vol.1, No.6, pp. 320 - 325 Copyright © 2007 AERPA Editora In http://www.restaurabr.org/arc/arc06pdf/06_OrieteCavagnari.pdf Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine.
  11. Radar Sul[ligação inativa]

Ligações externas