Igreja Nova (Constantinopla)
Igreja Nova (em grego: Νέα Ἐκκλησία; romaniz.: Nea Ekklesia) foi um igreja construída pelo imperador bizantino Basílio I, o Macedônio (r. 867–886) em Constantinopla entre os anos de 876 e 880. Ela foi a primeira igreja monumental construída na capital bizantina depois de Santa Sofia no século VI e marca o início do período intermediário da arquitetura bizantina. Ela continuou em uso durante todo o período paleólogo. Utilizada como depósito de pólvora pelos conquistadores otomanos, foi destruída em 1490 após ter sido atingida por um relâmpago. Embora não tenha sobrevivido, muito se sabe, à exceção de sua estrutura precisa, acerca da Igreja Nova principalmente devido as menções feitas em obras bizantinas como a Vida de Basílio (Vita Basilii) bem como em mapas do período. Ricamente decorada, foi o local onde algumas relíquias cristãs foram depositadas dentre elas aquelas de Constantino. HistóriaO imperador Basílio I foi o fundador da dinastia macedônica, a mais poderosa na história bizantina. Ele se considerava um restaurador do império, um novo Justiniano I, e iniciou um grande programa de obras públicas em Constantinopla, emulando seu grande predecessor. A Igreja Nova era a Santa Sofia de Basílio, com o próprio nome implicando o começo de uma nova era.[1] A igreja foi construída sob a supervisão pessoal de Basílio[2][3] no canto sudeste do complexo do Grande Palácio,[4] próximo da antigo Tzicanistério (campo de pólo). Basílio construiu outra igreja nas proximidades, a "Virgem do Farol". A Igreja Nova foi consagrada em 1 de maio de 880 pelo patriarca Fócio e dedicada a Jesus Cristo, ao arcanjo Miguel (em fontes posteriores, Gabriel), ao profeta Elias (um dos santos favoritos de Basílio), à Virgem Maria e a São Nicolau.[2][5] É uma importante indicação das intenções de Basílio para com sua nova igreja que ele a proveu com suas próprias terras e com uma administração autónoma, nos mesmos moldes de Santa Sofia. Durante o seu reinado e no de seu sucessor, a Igreja Nova teve um importante papel nas cerimonias palacianas[6] e, pelo menos até ao reinado de Constantino VII Porfirogênito (c. 913–959), o aniversário de sua consagração era uma importante festa dinástica.[7] Em algum ponto do século XI ela foi convertida num mosteiro e passou a ser conhecida como "Novo Mosteiro" (em grego: Νέα Μονή).[4] O imperador Isaac II Ângelo (c. 1185-1195; 1203-1204) retirou muito de sua decoração, móveis e vasos litúrgicos[8] e utilizou-os para restaurar a Igreja de São Miguel em Anáplo.[9] O edifício continuou a ser utilizados pelos latinos e sobreviveu ao período paleólogo até a conquista otomana da cidade. Os conquistadores, porém, utilizaram a igreja como depósito de pólvora e, assim, em 1490, quando o edifício foi atingido por um raio, foi destruído e, em seguida, demolido.[4] Por isso, as únicas fontes de informação que temos sobre o edifício são literárias, especialmente a obra do século X "Vida de Basílio", e algumas representações muito primitivas em mapas.[1] DescriçãoComo já foi dito, não se sabe muito sobre os detalhes da estrutura. A igreja foi construída com cinco cúpulas: a central era dedicada a Cristo enquanto que as quatro menores abrigavam capelas para os outros quatro santos a quem a igreja fora dedicada. O exato arranjo das cúpulas e mesmo o tipo de igreja são temas de disputa.[10] Muitos acadêmicos consideram que ela tinha uma estrutura em cruz grega,[11] similar a do Mireleu e da igreja do Mosteiro de Lips (atualmente a Mesquita de Fenari Issa). De fato, o uso disseminado deste desenho por todo o mundo ortodoxo, dos Bálcãs à Rússia, é atribuído ao prestígio desta importante igreja imperial.[12] A Igreja Nova foi a maior e mais importante obra do programa de Basílio e ele não poupou despesas para decorá-la de forma mais luxuosa possível: outras igrejas e estruturas da capital, inclusive o mausoléu de Justiniano I, foram limpos por conta disto[12] e a marinha bizantina, empregada para transportar o mármore requerido, deixou a Siracusa, na Sicília, desprotegida e ela acabou caindo frente aos Aglábidas.[13] O neto de Basílio, o imperador Constantino VII Porfirogênito, dá a seguinte descrição da decoração da igreja em sua laudatória écfrase:[14]
O átrio da igreja estava à frente da entrada oeste com duas fontes de mármore e pórfiro. Dois pórticos ladeavam os lados leste e oeste da igreja até o Tzicanistério e, do lado voltado para o mar (sul), um tesouro e uma sacristia foram construídos. A oeste do complexo da igreja estava um jardim conhecido como mesocépio (mesokēpion; "jardim do meio").[15] RelíquiasJuntamente com o oratório de Santo Estêvão no Palácio de Dafne e a Igreja da Virgem do Farol, a Igreja Nova era o principal local de abrigo das santas relíquias no Grande Palácio.[16] Entre elas estavam o manto de pele de cordeiro de Elias, a mesa de Abraão, na qual ele recebeu três anjos, o chifre que o profeta Samuel utilizou para ungir David e as relíquias de Constantino. Após o século X, mais relíquias foram aparentemente transladadas para lá a partir de outros locais, incluindo a "vara de Moisés" que estava no Crisotriclino.[17] Referências
Bibliografia
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