Igreja Matriz de Entradas
A Igreja Matriz de Entradas, igualmente conhecida como Igreja Paroquial de Entradas ou Igreja de São Tiago, é um monumento religioso na vila de Entradas, no município de Castro Verde, em Portugal.[1] A Igreja Matriz de Entradas está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1993.[1] DescriçãoA igreja está situada no centro da vila de Entradas, junto ao Largo da Liberdade,[2] originalmente conhecido como Largo da Igreja.[3] Foi dedicada ao apóstolo Santiago Maior, demonstrando a ligação histórica entre a vila de Entradas e a Ordem de Santiago, da qual foi uma comenda.[3] É considerada um dos símbolos da vila de Entradas, sendo a sua grande torre sineira visível a uma grande distância.[4] O edifício destaca-se pela sua verticalidade, estando no interior uma só nave, com uma capela-mor de forma saliente, à qual está adossada a torre sineira.[2] Esta torre tem planta quadrada e termina num coruchéu sobre um tambor.[5] A fachada principal, de aparência sóbria, termina numa empena triangular com uma cruz latina.[5] É rasgada por um portal de verga recta, encimado por um janelão de forma rectangular.[5] Na cobertura existem cinco acrotérios com urnas no estilo barroco, quatro nos cunhais do edifício, enquanto que o quinto está situado no topo da empena da fachada traseira da nave.[5] Os cunhais da capela-mor e da torre sineira também são coroados por acrotérios com urnas, de menores dimensões.[5] No interior o elemento de maior interesse é o altar-mor barroco, em mármore de Estremoz,[5] em tons brancos, pretos e rosados, que apresenta uma grande verticalidade, em consonância com o edifício da igreja.[2] O altar-mor é considerado como o de maior valor na Diocese de Beja, apesar de se encontrar numa igreja classificada como secundária.[5] Com efeito, a presença do altar-mor ficou ligada a uma lenda, que relata que as pedras de mármore tinham sido encomendadas para um templo na cidade de Faro, mas o carro de bois que as estava a transportar foi impedido de continuar viagem devido ao clima rigoroso, pelo que a mercadoria ficou ao abandono perto da vila de Entradas.[5] No altar-mor existe uma grande tela retratando a figura do Santiago Mata-mouros, enquanto que nos dois altares colaterais estão quadros com os temas da Sagrada Família e de Nossa Senhora e o Menino.[5] Destacam-se igualmente o arco triunfal, assente em largas pilastras, e dois meios arcos redondos junto à parede da capela-mor, abrindo desta forma os vãos para as molduras em pedra dos altares menores.[5] De interesse são também a cimalha moldurada onde assentam as abóbadas, a pia baptismal em mámore,[5] e a custódia.[2] Estes dois últimos elementos são ambos do Século XVI, e terão sobrevivido da igreja original.[2] O imóvel possui um pequeno adro, elevado em relação ao pavimento da rua.[5] HistóriaO local onde se situa a igreja poderá ter estado ocupado anteriormente por um outro templo, que pode ter sido construído durante o período medieval.[2] Nos registos das Visitações de 1566 foi descrito como um edifício complexo, com campanário, e uma capela principal dedicada a Santiago, construída em pedra e cal e com uma abóboda de alvenaria.[3] O corpo da igreja estava construído em pedra, barro e taipa, e tinha dois altares laterais no cruzeiro.[3] No interior possuía uma pia baptismal em mármore.[3] O telhado, suportado por três arcos de alvenaria, era de duas águas, em telha vã.[3] O portal estava situado na parede Sul, e era coberto por um alpendre.[3] O altar-mor estava forrado com azulejos, e na parede Norte da capela estava uma porta para uma sacristia de reduzidas dimensões, que não estava pavimentada e era coberta por uma abóbada de berço.[3] De acordo com as Visitações feitas em 1750 pelo Arcebispo de Évora, D. Frei Miguel de Távora, a construção da igreja começou em 1745, mas cerca de cinco anos depois apenas estava concluída a caixa murária do edifício.[3] Assim, os trabalhos só terão sido retomados nos princípios da segunda metade do século.[3] Porém, este relato difere do que foi feito nas Memórias Paroquiais de 1758, onde se fala de uma antiga igreja de Santiago Maior, que teria sofrido obras de remodelação em 1745.[3] As obras da igreja terão sido concluídas por volta de 1770 a 1780, passando desde logo a ter a categoria de matriz de Entradas, retirando esta classificação à Igreja da Misericórdia.[6] O edifício sofreu danos devido aos sismos de 1858 e 1969.[3] Em 1993 foram feitas obras na igreja, que incluíram a limpeza da cobertura e caiação.[3] O edifício foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 45/93, de 30 de Novembro.[7] Em 2005 foram feitos estudos arqueológicos nas zonas em redor das Igrejas Matriz e da Misericórdia, no âmbito de trabalhos de requalificação, tendo sido descoberta uma área sepulcral que provavelmente faria parte da Matriz.[3] Foram encontrados os vestígios osteológicos de vários indivíduos, além de partes de estátuas em barro com motivos religiosos, pregos de ferro, e botões de bronze com imagens de Santa Rita.[3] Em 2010 já tinham sido feitas obras de requalificação na zona envolvente à Igreja Matriz, como parte de um programa municipal para a requalificação urbana de Entradas, que também incluiu o restauro da Igreja de Nossa Senhora da Esperança, o reaproveitamento do antigo hospital para uma biblioteca, a criação do Museu da Ruralidade, e a reinstalação do Pelourinho.[8] Posteriormente, a igreja foi alvo de trabalhos de restauro, tanto no interior como no exterior, organizados pela Paróquia de Entradas, e que custaram cerca de 28 mil Euros, tendo sido parcialmente financiadas pela Câmara Municipal de Castro Verde e a Junta de Freguesia de Entradas.[4] Ver também
Referências
Ligações externas
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