Glauco Villas Boas
Glauco Villas Boas (Jandaia do Sul, 10 de março de 1957 – Osasco, 12 de março de 2010) foi desenhista e cartunista. Pertencia à família dos sertanistas Orlando, Claudio e Leonardo Vilas Boas.[1][2] BiografiaMudou-se para Ribeirão Preto em 1976, e após ser descoberto pelo jornalista José Hamilton Ribeiro, publicou seus primeiros trabalhos no jornal Diário da Manhã.[1][3] Foi premiado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba em 1977, por um júri formado por Jaguar, Millôr Fernandes, Henfil e Angeli,[3][4] e mais tarde na 2ª Bienal de Humorismo Gráfica de Cuba.[5] Em 1984, ao desenvolver sua "autobiografia com exageros", começou a publicar no caderno Ilustrada do jornal Folha de S.Paulo, convidado por Angeli,[4] onde mostrou vários personagens, entre eles Geraldão, criado em 1981 após ler A Erva do Diabo, de Carlos Castaneda.[6] Logo também vieram Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e Zé do Apocalipse. Fez parte do elenco de redatores da TV Pirata e de alguns quadros do programa infantil TV Colosso, ambos da Rede Globo,[1] para a qual também desenvolveu vinhetas.[3] Editou a revista Geraldão pela Circo Editorial entre 1987 e 1990 e, nesse período, foi colaborador das revistas Chiclete com Banana e Circo.[5] Músico, também tocava em bandas de rock. Para o público infantil, leitor do suplemento semanal Folhinha criou o personagem Geraldinho, que é uma versão light (no traço e na temática) do seu personagem Geraldão. Era adepto do Santo Daime, e foi fundador de um centro daimista, situado em sua casa em Osasco.[7]
MorteGlauco foi assassinado em Osasco na madrugada de 12 de março de 2010, dois dias após completar 53 anos, por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, conhecido como Cadu. Inicialmente o advogado de Glauco divulgou à imprensa que o crime ocorrera durante uma tentativa de assalto seguido de sequestro: ele teria negociado com os bandidos, que o levariam e deixariam sua mulher e os dois filhos. Enquanto saíam de casa, um outro filho de Glauco (Raoni, de 25 anos) chegou ao local e tentou dissuadir os assaltantes, que atiraram e mataram pai e filho.[8] Esta versão foi posteriormente desmentida pela polícia que, após colher depoimentos das testemunhas do crime, chegaram ao nome do universitário Carlos Eduardo Sundfeld Nunes. Armado com uma pistola automática e uma faca, o suspeito teria chegado ao local disposto a levar Glauco e sua família para a casa de sua mãe em São Paulo com o objetivo de afirmar à mulher que ele era Jesus Cristo. Glauco tentou negociar para ir sozinho, e chegou a ser agredido. No momento da discussão, porém, Raoni chegou de carro. Em seguida, Carlos Eduardo atirou contra pai e filho, por motivos ainda não esclarecidos.[9] O universitário foi detido na Ponte da Amizade na madrugada de 15 de março enquanto tentava fugir para o Paraguai e, confrontado pela polícia, confessou o crime.[9] Posteriormente, em 4 de abril de 2016, Carlos Eduardo foi assassinado em um presídio em Goiás enquanto cumpria pena por outros homicídios não relacionados.[10] Glauco e Raoni foram enterrados no cemitério Gethsêmani Anhanguera, zona norte de São Paulo.[11] EstiloCom um humor ácido, piadas rápidas, traços limpos, "ultrassofisticado no pensamento" e com "um jeito particular, que unia inocência e malícia", Glauco colaborou para a modernização do projeto gráfico e do estilo dos cartoons brasileiros em período coincidente com o do advento de uma geração pós-ditadura.[1][3][4][6][12][12] Os trabalhos do cartunista expressavam "o singelo, uma expressão quase infantil", em resultado que mostrava a valorização do sentido urgente do humor.[13][14] A abordagem dos seus trabalhos era o cotidiano e a sua degradação. Problemas conjugais, neurose, solidão, drogas e violência urbana eram retratadas "sempre com graça e compaixão".[13] O nome de Glauco sempre esteve associado aos de Angeli e Laerte, "a santíssima trindade dos quadrinhos brasileiros", pela afinidade e por trabalharem no mesmo jornal durante 25 anos.[6] Obras
Notas e referências
Ligações externas
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