Atualmente, o governo tanzaniano prefere denominar o sítio com o seu nome original masai, "Olduvai", e assim se encontra escrito nos indicadores das estradas. O nome provém da abundância nesta zona da planta do mesmo nome, cuja principal característica é que retém água no seu interior, pelo qual, quando este líquido escasseia, é mastigada por elefantes e masai. A confusão vem desde que chegaram os primeiros exploradores alemães no princípio do século XX, que transcreveram incorretamente o seu nome original.
Há milhões de anos este local era ocupado por um grande lago, cujas beiras foram cobertas com depósitos sucessivos de cinzasvulcânicas. Por volta de 500 000 anos atrás, a atividade sísmica produziu a modificação da rede fluvial, drenando o lago e começando a erodir os sedimentos. Atualmente, nas paredes da garganta, ficou ao descoberto um conjunto estratigráfico de cerca de 100 m de espessura no qual se diferenciaram até sete níveis principais.
O conjunto sedimentar corresponde a depósitos de origem lacustre, aluviais e fluviais, com intercalações de tobas vulcânicas.
No término inferior da série, e por baixo das camadas sedimentares, encontram-se rochas vulcânicas, as ignimbritas de Naabi, cujo teto foi datado em torno dos 2 milhões de anos.
O nível com restos arqueológicos mais antigo, conhecido como Camada I (Bed I), de cerca de 50 m de potência, registra assentamentos com uma indústria lítica muito primitiva, desenvolvida com lascas fabricadas com basalto e quartzo. Dado que este tipo de ferramentas foram descobertas pela primeira vez neste local, a etapa cultural na que se produziram foi denominada Olduvaiense por Mary Leakey. Os ossos achados nesta camada são de hominídeos primitivos como Paranthropus boisei e dos primeiros espécimes encontrados de Homo habilis. O teto da unidade foi datado em 1,8 Ma.
Acima desta, encontra-se a Camada II, de 15 a 20 m de potência, que registra uma redução gradual do primitivo lago e importante atividade tectônica datada por volta de 1,6 Ma. As ferramentas de pedra começam a ser substituídas por bifaces mais sofisticados da indústriaacheulense, que coexiste com um Olduvaiense evoluído. O final desta camada poderia ser datado por volta de 1,2 Ma.
O conjunto das Camadas III e IV não supera os 11 m de espessura, e correspondem a sedimentos aluviais, já desaparecido o lago dos episódios precedentes. Seguem-se encontrado ferramentas acheulenses e olduvaienses evoluídas, atribuídas a Homo ergaster. A datação do teto da Camada IV não é bem definido, mas dados paleomagnéticos dos níveis posteriores indicam uma idade anterior a 1 Ma.
Posteriormente formaram-se as camadas seguintes, que se denominaram Camadas Masek (Masek Beds, de 1 Ma a 400 000 anos) —com um período de importante atividade tectônica e vulcanismo entre 600 000 e 400 000 anos—, Camadas Ndutu (400 000 a 75 000 anos) e Camadas Naisiusiu (22 000 a 15 000 anos) e que contêm ferramentas da indústria lítica desenvolvida por Homo sapiens.
Museu
O Museu da garganta de Olduvai (Olduvai Gorge Museum em inglês) fica nas proximidades da garganta. O museu apresenta exposições relativas à história da garganta.
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «garganta de Olduvai».
Bibliografia
CARBONELL, Eudald (Coord.) al. (2005) Homínidos: Las primeras ocupaciones de los continentes. Editorial Ariel, S.A., Barcelona. 780 págs. ISBN 84-344-6789-5 (em castelhano)
COLE, Sonia (1975) Leakey's Luck. Harcourt Brace Jovanvich, Nova York. (em inglês)
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LEAKEY, L.S.B. (1974) By the evidence: Memoirs 1932-1951. Harcourt Brace Jovanavich, Nova York, ISBN 0-15-149454-1 (em inglês)
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LEAKEY, M.D. (1984) Disclosing the past. Doubleday & Co., Nova York, ISBN 0-385-18961-3 (em inglês)