Claramente envolvido com Tribigildo, Gainas arquitetou um encontro do imperador Arcádio com o rebelde na Calcedônia, onde conseguir ser nomeado como mestre dos dois exércitos. Nesta posição provocou o exílio de vários oficiais do partido pró-romano e tentou tomar o controle de Constantinopla para si, porém isso causou um massacre de suas tropas em 12 de julho de 400. Temoroso por sua vida, reuniu o restante de suas tropas e tentou fugir em direção à Ásia, porém foi impedido por Fravita. Assim, marchou em direção ao Danúbio na tentativa de fugir, porém foi preso e morto pelos hunos de Uldes(r. 390–411) e sua cabeça foi enviada a Arcádio.
Etimologia
A etimologia do nome é obscura. Foi variadamente registrado como Gaina, Gainas, Catina, Gagana, Gaiana, Gaino (Gainus), Gama e Cama. Apresenta uma desinência feminina -a, tal como outros nomes como Gilda ou Hunila, que se pensa ser fruto de uma latinização. É provável, por sua vez, que houvesse uma forma não atestada em -o, como em -Boio.[1]
Biografia
De origem gótica, Gainas foi originário do Norte do Danúbio. Começou sua carreira militar como um soldado de infantaria e esteve entre os comandantes que lideraram as tropas bárbaras de Teodósio I contra o usurpador Eugênio em 394. No ano seguinte, combinou suas forças com as de Estilicão e Eutrópio para provocar a queda de Rufino e tornou-se conde das tropas(395–399). Em 399, ao ser nomeado mestre dos soldados da Trácia[2] por Eutrópio, foi ordenado a marchar, junto de Leão, contra o comandante gótico Tribigildo, que havia se rebelado na Ásia Menor.[3] Ele deveria proteger a Trácia e Helesponto enquanto Leão cruzava em direção a Ásia. Quando Leão provou-se um comandante ineficiente, Gainas recebeu o comando total das tropas, porém permaneceu inativo enquanto encorajou Tribigildo a continuar a rebelião.[4]
Gainas então dirigiu-se ao imperador Arcádio, afirmando que também era incapaz de suprimir a revolta, exceto de certas condições fossem cumpridas primeiro, dentre as quais a demissão de Eutrópio. Ele logo entrou em termos com Tribigildo e conseguir organizar um encontro com o imperador na Calcedônia.[4] Durante o encontro, ocorrido ainda em 399, Gainas foi nomeado mestre dos dois exércitos(399–400). Nesta posição, assegurou o exílio de Aureliano, Saturnino e João e começou a instalar suas forças em Constantinopla. Na cidade, tentou cooptar o Igreja para os arianos, porém foi impedido por João Crisóstomo,[5] que inclusive evitou que os oficiais exilados fossem executados.[6] Além disso, pretendeu tomar para si o dinheiros dos banqueiros e ocupar o palácio imperial, porém foi malsucedido.[5]
Embora um comandante militar competente, Gainas era manifestamente incapaz de controlar a maior cidade habitada de seu tempo, cuja população greco-romana ressentiu intensamente os godos. Em 12 de julho de 400, com a aprovação pública do imperador, sete mil de suas tropas e suas famílias estacionadas em Constantinopla foram massacradas pelas multidões da cidade. O partido romano conseguiu restabelecer-se na capital e ele tornou-se um inimigo público. Em resposta, Gainas e suas forças tentaram fugir para o outro lado do Helesponto, mas sua frota foi atingida e destruída por um godo a serviço imperial, Fravita.[5][6]
Depois desta batalha, fugiu através do Danúbio e foi capturado pelos hunos sob Uldes(r. 390–411) que o mataram e enviaram sua cabeça para Arcádio como tributo diplomático.[5][6] Um ano após sua morte, Arcádio comemorou a derrota do general fazendo erigir uma coluna triunfal na capital, a Coluna de Arcádio.[3] As maquinações de Gainas foram citadas por vários autores bizantinos, dentro os quais o mais proeminente foi Sinésio de Cirene que mencionou-o em seu Sobre o Governo Imperial.[7] Um ariano, foi casado com uma bárbara e teve alguns filhos.[5]
Burns, Thomas S. (1994). Barbarians Within the Gates of Rome: A Study of Roman Military Policy and the Barbarians, Ca. 375-425 A.D. (em inglês). Bloomington: Imprensa da Universidade de Indiana. ISBN0253312884
Friell, J. G. P.; Stephen Joseph Williams (1999). The Rome that did not fall: the survival of the East in the fifth century (em inglês). Nova Iorque: Routledge. ISBN0-415-15403-0A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
Kajdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN0-19-504652-8
Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de IndianaA referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
Schönfeld, M. (1911). Wörterbuch der altgermanischen personen-und völkernamen. Heilderberga: Livraria da Universidade Carl Winter