Nascida por volta de 5 de outubro de 1640[4] no Castelo de Lussac-les-Châteaux[5], na região da Nova Aquitânia[6], Francisca Atenas de Rochechouart de Mortemart era filha de Gabriel de Rochechouart, Duque de Mortemart e de sua esposa Diane de Grandseigne.
Embora não fosse particularmente rica, Francisca Atenas pertencia à uma família que possuía um dos sangues nobres mais antigos França, o que garantiu a mãe de Francisca Atenas, Diane, uma posição na corte do rei Luís XIV de França, como dama de companhia da rainha-mãe Ana da Áustria.[7]
Aos 20 anos, Francisca Atenas tornou-se dama de companhia da cunhada do rei, a duquesa Henriqueta Ana, conhecida na corte pelo tradicional título de Madame.[8]
Logo depois, devido ao relacionamento entre a mãe de Montespan e a rainha-mãe, Ana da Áustria, Francisca Atenas foi nomeada dama de companhia da esposa de Luís XIV, a rainha Maria Teresa.[9]
Amante real
Em 1666, Madame de Montespan estava tentando tomar o lugar da então amante-chefe (maîtresse-en-titre) de Luís XIV, Louise de La Vallière. Usando sua inteligência e charme, ela procurou se insinuar com o rei. Ela também se tornou próxima do delfim, cuja afeição por ela nunca sobresteve.[10] Embora Louise de La Vallière soubesse que Montespan estava tentando conquistar o coração do rei e supostamente divertir-se com seus "esforços miseráveis", ela definitivamente subestimou sua nova rival. Montespan cultivou habilmente amizades com Louise e a rainha Maria Teresa e quando ambas as senhoras estavam grávidas, Madame de Montespan foi convidada para ajudá-las a entreter o rei durante jantares privados. Logo elas se arrependeram dessa decisão, pois Montespan passou a cultivar um relacionamento íntimo com o rei. Madame de Montespan teria seduzido o rei ao deixar cair sua toalha gentilmente quando viu Luís espionando-a enquanto ela se banhava. Para esconder seu novo relacionamento, o rei colocou as damas em quartos conectados para que ele pudesse ter acesso a ambos. Pouco depois, a posição de Louise foi renegada ao segundo lugar. Louise deixou a corte para um convento, seja por arrependimento e religiosidade ou porque não tinha outra opção. Os holofotes agora pertenciam a Francisca Atenas, de 25 anos.[11]
Caso dos Venenos
Enquanto Montespan ainda era amante-chefe, o rei envolveu-se com outras mulheres, entre elas a bela, mas tola, Maria Angélica de Fontanges, e apaixonou-se por Madame de Maintenon, escolhida pela própria Montespan para governanta de seus filhos com o rei. Isso era quase como uma vingança do destino contra a astuciosa Montespan, que quando da queda de Louise de La Valliére, pediu ao rei que a pobre a ajudasse em sua toilette, argumentando que "só ela sabia arrumar seus cabelos e suas fitas".[carece de fontes?]
Montespan não sabia a razão do interesse do rei por Maintenon, uma mulher gentil e piedosa. Diz-se que certa vez, Francisca disse à Maintenon que o rei possuía três amantes: "Eu possuo o título, Fontanges, desempenha o cargo, e você possui o coração!"[carece de fontes?]
O desvio dos amores do rei não se deveram apenas ao temperamento arrogante de Montespan. Em meio a uma sucessão de envenenamentos em Paris, Catherine Deshayes, dita la Voisin, foi interrogada e denunciou várias mulheres nobres como sendo suas clientes. Entre elas, encontrava-se uma mulher tão poderosa, que seria impossível pronunciar no processo. Essa não era outra senão a ardilosa Montespan. A filha da bruxa, La Monvoisin, em seu interrogatório, admitiu ter visto Montespan fazendo rituais com sua mãe, e teriam chegado ao ponto de sacrificar uma criança, cujo sangue fora depositado num frasco, juntamente com suas entranhas. Madame Montespan teria levado o frasco consigo, na virilha, para enfeitiçar o rei. Em 1666, Madame de Montespan supostamente chegou ao ponto de permitir que um padre, Étienne Guibourg, realizasse uma missa negra sobre seu corpo nu[12] em uma cerimônia que incluía sacrifício de uma criança.[13] O episódio ficou conhecido como o Caso dos Venenos.[3]
Temendo ser motivo de chacota, o rei deu um jeito de encobrir o crime de Montespan. Esta permaneceu na corte como se nada tivesse acontecido, dando festas e jantares, mas o rei passou a desprezá-la, e não comia ou bebia nada que por ela lhe fosse oferecido.[3]
Exílio e morte
Em 1691, rebaixada da sua posição de amante real, Montespan retirou-se para o Convento Filles de Saint-Joseph[9], na rue Saint-Dominique[14] em Paris, com uma pensão de meio milhão de francos. Em gratidão por seus anos de serviço, o rei fez criou o título de "duque de Vivonne" para seu irmão, bem como promoveu-o a marechal da França. Do mesmo modo, Luís XIV promoveu a irmã de Montespan, Gabrielle de Rochechouart, a "abadessa na Abadia de Fontevraud".[9]
Em 1703, abandonou o convento para viver com a irmã em Fontevraud de 1703. Em 1700, Madame de Montespan adquiriu o Castelo de Oiron, mudando-se para lá em 1704 após a morte de Gabrielle.[15] Durante seu retiro, Montespan doou grandes somas para hospitais e instituições de caridade. Ela também foi uma generosa mecenas das artes e letras e patrocinadora e amiga de Pierre Corneille, Jean Racine e Jean de La Fontaine.[9]
Em seus últimos anos, Montespan dedicou-se a severas penitências.[9] Ela morreu em 27 de maio de 1707, com quase 77 anos, enquanto estava em Bourbon-l'Archambault tratando-se de uma doença nas águas termais da cidade. O rei proibiu seus filhos com a marquesa de vestirem luto pela mãe.[9]
↑Chabod, Marquis de Saint-Maurice, Thomas François (1910). Calmann-Levy, ed. Lettres sur la cour de Louis XIV (em francês). [S.l.: s.n.] p. 31. Consultado em 4 de março de 2018
↑.Fraser, Antonia. Love and Louis XIV: The Women in the Life of the Sun King, 2006, cap. 6
↑Levi, Anthony (2004). Carroll & Graf, ed. Louis XIV. Nova Iorque: [s.n.] p. 165. ISBN0786713097
↑Somerset, Anne, The Affair of the Poisons: Murder, Infanticide, and Satanism at the Court of Louis XIV (St. Martin's Press (12 de outubro de 2003) ISBN0-312-33017-0), p. 227.