François Hotman
François Hotman (Paris, 23 de agosto de 1524 — Basileia, 12 de fevereiro de 1590), huguenote, monarcômaco, autor de Franco-Gallia. Franco-GalliaFranco-Gallia foi uma obra publicada em 1573 em Genebra (Suíça), originalmente em latim, com o título de Francogallia sive tractatus isagogicus de regimine Regum Galliae et de jure sucessionis, como reação às violências praticadas contra os huguenotes durante a Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572. Trata-se de uma das primeiras obras de combate à tirania de qualidade superior a um panfleto político, pois possui uma argumentação bastante superiores do que as obras anteriores que também manisfestavam oposição à tirania. Em 1574, a obra foi publicada em francês, com o título de La France-Gaule, na cidade de Colônia (Alemanha). Com a violência contra os huguenotes, acirrada a partir da Noite de São Bartolomeu, Hotman buscou refúgio em Genebra nos primeiros dias de outubro de 1572, onde pode se dedicar à conclusão de Franco-Gallia. Em suma, a obra apresenta uma narrativa histórica que busca demonstrar que o absolutismo monárquico era incompatível com as tradições históricas dos gauleses e dos francos. Nessa narrativa, os francos, cujo significado etimológico quer dizer "livres", eram um povo de origem germânica, que, inicialmente, habitava a região costeira entre o Rio Reno e o Rio Elba, que, depois, em aliança com os gauleses, substituiriam o poder do Império Romano na região que atualmente corresponde à França. Os gauleses eram o povo que habitava aquela região antes da conquista romana. O ponto de partida desse processo foi a eleição, por meio de sufrágio na Assembleia Geral dos Três Estados[1], do Rei Quilderico I, filho de Meroveu, em 458. A partir desse evento, as tribos francas e de gaulesas formariam uma só nação. Desse modo, sua narrativa busca valorizar o papel das assembleias, que eram o instrumento que melhor manifestava a vontade do povo e no qual, no qual residia o real poder, pois tais assembleias se ocupavam das grandes questões de Estado, tais como:
Essas Assembleias elegiam o Rei, mas entre candidatos de uma determinada família, mas, principalmente a partir da Dinastia Capetiana, consolidou-se o costume de escolher sempre o filho primogênito do sexo masculino, sendo que, quando faltavam herdeiros do sexo masculino, o trono era passado ao primogênito da linhagem mais próxima. As mulheres não poderiam ser coroadas, mas podiam exercer a regência. Após a publicação original a obra sofreu acréscimos, que tinham como função, inclusive, responder às críticas deitas às edições anteriores, em 1876 e em 1586, que representam 40% da versão final, de modo que, em sua versão completa, conta com os seguintes capítulos:
Além dos argumentos com base nas tradições históricas franco-gaulesas, são mencionadas lições de pensadores do mundo greco-romano, tais como: Platão, Aristóteles, Políbio e Cícero, sobre as vantagens de impor limites ao poder do rei. Como exemplos de situações nas quais a Assembleia Geral depôs o Rei, apresenta as deposições de:
Referências
|