François Bordes

François Bordes
François Bordes
Nascimento 30 de dezembro de 1919
Rives
Morte 30 de abril de 1981 (61 anos)
Tucson
Cidadania França
Cônjuge Denise de Sonneville-Bordes
Alma mater
Ocupação antropólogo, arqueólogo, estudioso de pré-historia, escritor, professor universitário, escritor de ficção científica, geólogo

François Bordes (Rives, Lot e Garona, 30 de dezembro de 1919Tucson, Arizona, 30 de abril de 1981) foi um importante pré-historiador francês. Também escreveu romances de ficção científica com o pseudônimo de "Francis Carsac".

Cursou estudos em Toulouse, em Bordéus e em Paris, obtendo o doutoramento em Ciências Naturais com uma tese intitulada: "Les limons quaternaires du Bassin de la Seine - Stratigraphie archéologie paléolithique" (Os limões quaternários do vale do Sena. Estratigrafia e arqueologia paleolítica), publicada em 1954 pelo Instituto de Paleontologia Humana de Paris.[1]

Fez parte do CNRS entre 1945 e 1955, antes de se tornar em professor nas matérias de Geologia do Quaternário e Pré-História, na Faculdade de Ciências da Universidade de Bordéus, em 1956. Nesta cidade fundou o Instituto do Quaternário (hoje denominado Instituto de Pré-História e Geologia do Quaternário).

Entre 1957 e 1975 foi diretor do organismo Antiquités Préhistoriques d'Aquitaine, atualmente equivalente a Conservador do Patrimônio do Ministério de Cultura francês.

Há dirigido inumeráveis escavações arqueológicas em sítios arqueológicos de primeira ordem, sobretudo ao sudoeste da França, destacando-se Pech-de-l'Azé, Combe-Grenal ou Corbiac, entre outros.

A sua contribuição mais aplaudida foi a de descrever a diversidade de indústrias líticas do Paleolítico Inferior e Médio com uma metodologia empírica ajudada por meio de cálculos estatísticos e matemáticos simples e acessíveis.[2] Apesar da sua simplicidade, a inclusão das matemáticas foi uma inovação tão grande nos anos 50 que se chegou a falar do "Método de Bordes".[3] Realmente, o seu sistema criou uma grande escola de pré-historiadores, com uma influência decisiva que provocou a aparição de tendências opostas que reagiam contra ela (na mesma França destaca-se a tipologia analítica e estrutural de G. Laplace[4] e nos países anglo-saxões a New Archaeology ou Arqueologia processual[5]).

Os principais tópicos da escola de François Bordes são a tipologia lítica do Paleolítico Inferior e Médio de Europa Ocidental[6] (depois estendida pelos seus discípulos ao Paleolítico Superior,[7] ao Epipaleolítico[8] e a outros períodos e culturas pré-históricas) e a determinação de diferentes variantes culturais do Mousteriense, (chamadas fácies de Mousteriense típico, fácies de Mousteriense tipo Ferrassie, fácies de Mousteriense tipo Quina, fácies de Mousteriense de Denticulados e fácies de Mousteriense de Tradição Acheulense).[9] Apesar das fortes críticas por parte de paradigmas científicos opostos e, apesar da contínua inovação da ciência pré-histórica, ambas as contribuições continuam sendo, hoje em dia, referências obrigadas em qualquer estudo sobre o tema.

Foi, igualmente, um dos primeiros em fazer experimentos de talhe de rochas duras de fratura conchoide, visando reconstruir as técnicas de fabricação pré-históricas.[10]

Referências

  1. Bordes, françois (1954). Les limons quaternaires du Bassin de la Seine - Stratigraphie archéologie paléolithique. [S.l.]: Archives de l'Institut de Paléontologie Humaine, memoire 26. Masson Cie éditeurs 
  2. Bordes, François (1961). Typologie du Paléolithique ancien moyen. [S.l.]: Impriméries Delmas, Bordéus 
  3. Bordes, François (1967). «Considerations sur la typologie les techniques dans le Paléolithique». Quärtar. Volume 18: 25-55 
  4. Laplace, George (1974). «La typologie analytique structurale. Base rationelle d'étude des industries litiques osseouses». Paris. Les banques de donées en Archéologie CNRS: 91-143 . O ponto de partida de Laplace era completamente diferente do de Bordes, mas o seu objeto final era muito parecido, o de elaborar lista de tipos líticos para poder confrontá-las com outras e estabelecer conclusões a partir de tais comparações
  5. Binford, Lewis (1966). «A preliminary analysis of functional variability in the Mousterian of Levallois facies». American Anthropologist, part 2. 68 (2): 238-295 
  6. Bordes, François (1950). «Principes d'une mèthode d'etude des techniques de dèbitage de la typologie du Paleolithique ancien moyen». L'Anthropologie. tome 54: 113-126 
  7. Sonneville-Bordes, D. de, Perrot, J. (1954–1956). «Lexique typologique du Paléolitique Supérieur». Bulletin de la Société Préhistorique Française. Tomos 51, 52 e 53 (Pp. respectivas: T. 51: 327-335; T. 52: 76-79; T. 53: 408-412 e 547-559) 
  8. Rozoy, Georges (1973). Les dérniers chasseurs. [S.l.]: Bulletin spécial de la société archeologique champenoise. ISBN Três volumes. Verifique |isbn= (ajuda) 
  9. Bordes, François (1983). «Veinticinco años después : el complejo musteriense revisado». Trabajos de prehistoria. Volume 40 (Número 1). ISSN 0082-5638  (pp. 247-264)
  10. Bordes, François (1947). «Etude comparative des différentes techniques de taille du silex des roches dures». L'Anthropologie,. tome 51 (Pp. 1-29) 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «François Bordes».