O Festival Terras sem Sombra é um um evento cultural de carácter nacional e internacional que abarca a música erudita, o património e a biodiversidade do Alentejo. Organizado em torno do conhecimento e da memória, constitui uma temporada que se estende ao longo de vários meses e percorre diversos concelhos alentejanos.[1][2]
Fundado em 2003 por José António Falcão, atual diretor-geral, o Festival mantém desde a sua criação o carácter itinerante, pondo a tónica na descentralização cultural, na formação de novos públicos, na inclusão e na sustentabilidade. A programação abrange concertos e recitais, master classes, conferências, visitas ao património cultural e ações de salvaguarda da biodiversidade, todos de acesso gratuito..[3][1][4][5]
A dimensão internacional do Festival tem-se consolidado com a participação de países convidados como por exemplo os Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, Hungria, República Checa, Bélgica, Áustria[1][4]. De igual modo, o desenvolvimento de novos projetos – como o Terras sem Sombras Kids ou Onde a Vida Acontece – visam reforçar uma oferta cultural, de carácter lúdico e didático, especialmente dirigida a novos públicos e às famílias[6][7].
Foram atribuídos ao Terras sem Sombra, entre outras distinções, o: Prémio Vasco Vilalva, da Fundação Calouste Gulbenkian, em 2009[8]; o Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes, em 2010[9]; o Prémio ao Melhor Evento, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, em 2011[10]; e o Prémio Mais Alentejo, da revista homónima, em 2007 e 2012.
Vertentes
Música
Em cada edição o Festival Terras sem Sombra programa uma temporada de música erudita que conta com participações internacionais e nacionais. Conta com repertórios que abarcam da Idade Média à contemporaneidade, apresentados em igrejas, castelos, palácios e outros monumentos, escolhidos pelo seu valor histórico e pelas condições acústicas, em diferentes concelhos do Alentejo e da vizinha Espanha.[1][11][12]
Património
O Festival Terras sem Sombra celebra e promove a salvaguarda das expressões identitárias, materiais e imateriais, das gentes e do território. Do cante à arte chocalheira, do património edificado à arqueologia, do montado às práticas piscatórias, o legado histórico, artístico e antropológico do Alentejo é objeto de atividades que levam os participantes a conhecer a riqueza e diversidade cultural da região orientados por peritos e guias locais.[1][12][11]
Biodiversidade
O Festival Terras sem Sombra dá a conhecer a paisagem, os ecossistemas e os recursos naturais dos territórios que percorre numa tentativa de contribuir para a sua preservação e valorização. Assim, as comunidades locais, o público e os artistas são convidados a participar em ações que, em plena natureza, visam dirigir o olhar para os aspetos mais críticos, interessantes e genuínos dos territórios com vista à sensibilização para a salvaguarda da biodiversidade.[1][12][11]
Prémio Internacional Terras sem Sombra
O Festival atribui anualmente o Prémio Internacional Terras sem Sombra. Instituído em 2011, este prémio homenageia uma personalidade ou uma instituição que se tenham notabilizado em diferentes categorias: a promoção da Música; a valorização do Património Cultural e a salvaguarda da Biodiversidade[13].
O Prémio consta de um diploma e de uma obra de arte assinada por um artista contemporâneo, entregue no final da temporada, numa cerimónia formal presidida por uma personalidade de renome nacional ou internacional.[14]
Até à data foram atribuídos os seguintes galardões[13]:
Data
Nome
País
Área
2011
Cheryl Studer | Soprano
EUA
Música
2011
Pontificia Accademia Romana de Arqueologia
Vaticano
Património Cultural
2011
Mário Ruivo | Oceanógrafo
Portugal
Biodiversidade
2012
Dimitra Theodossiou | Cantora lírica
Grécia
Música
2012
Maria Helena Mendes Pinto | Conservadora de museus
A memória de cada uma das edições fica registada num livro-catálogo, que é um repositório de conhecimento produzido nessa temporada. Reúne textos de especialistas em música erudita, património artístico e biodiversidade[13].
Da tutela diocesana ao âmbito da sociedade civil
O Terras sem Sombra resulta de uma parceria iniciada pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB) e que, após a extinção deste organismo (2017), é prosseguida pela associação Pedra Angular, com a colaboração do Centro UNESCO de Arquitetura e Arte, dos serviços regionais de Cultura e de Turismo, dos municípios e de outras “forças vivas”, mormente instituições de ensino, associações, empresas e famílias.[15]
Uma investigação do jornal Público, em Junho de 2020, avançou que o sucedido poderá ter estado relacionado com alegadas controvérsias na gestão de José António Falcão, ocorridas alguns anos antes da referida extinção.[16]
A direção do Festival refutou esta leitura a posteriori dos factos e prestou esclarecimentos sobre o assunto.[17]
Referências
↑ abcdef«Sobre Nós». Terras sem Sombra. Consultado em 29 de dezembro de 2023