Fernanda Câncio
Fernanda Maria Câncio da Silva Pereira (Vila Franca de Xira, 16 de fevereiro de 1964) é uma jornalista portuguesa que pertence ao corpo redactorial do jornal Diário de Notícias, desde 2004. CarreiraFernanda Câncio é licenciada em Comunicação Social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Iniciou a sua actividade profissional em 1987 no jornal Expresso, passando depois para a revista Elle onde permaneceu até 1991. Até 1997 trabalhou na revista Grande Reportagem. De 1996 a 2002 exerceu a sua atividade no canal de televisão SIC efectuando reportagens e como editora do programa Esta Semana. De 1997 a 2003, integrou a redacção da Notícias Magazine, revista de domingo dos jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias. Colaborou noutros meios da comunicação social impressa como a revista Visão, o Jornal de Letras, o semanário Já, a Cosmopolitan, a Marie Claire, a Egoísta e a Conscience, revista publicada por Catholics For Free Choice.[1] Desde 2004 tem a categoria profissional de "grande repórter"[2] do Diário de Notícias. Em 2004 participou em Documental e Autobiográfico,[3] um projecto teatral de Lúcia Sigalho a partir da obra de Paula Rego, assinando a autoria dos textos em conjunto com Lúcia Sigalho e a escritora Mafalda Ivo Cruz. O espectáculo foi levado à cena no Serralves e no Centro Cultural de Belém.[4] Em 2008 produziu, com Abílio Leitão, a série de documentários A Vida Normalmente, para a RTP2, sobre a vida em bairros problemáticos.[5] Em 2009, foi comentadora residente, com Francisco José Viegas e João Pereira Coutinho, do programa de debate da TVI24 A Torto e a Direito, moderado por Constança Cunha e Sá.[6] Em 2010 participou, como entrevistadora, no programa Agora a Sério, do Canal Q.[7] Em 2012 foi comentadora residente do programa 25.ª Hora da TVI24.[8] PolémicasA sua crónica "O Juíz Macho e o Apalpão Latino" publicada no Diário de Notícias,[9] deu origem a um pedido de publicação ao abrigo do direito de resposta pelo vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura.[10] O pedido de publicação foi recusado pela direcção do jornal.[11] ActivismoFernanda Câncio foi signatária de uma petição à Assembleia da República[12] a favor da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em 2007 foi, em conjunto com Regina Guimarães, madrinha da II Marcha LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros) que se realizou na cidade do Porto.[13][14] PrémiosCâncio foi premiada, em Outubro de 2005, com o Prémio Arco-íris,[15][ligação inativa] da Associação ILGA Portugal, pelo seu contributo, enquanto blogger e jornalista, na luta contra a discriminação e a homofobia. Em 2008 foi novamente premiada pelo empenho na luta contra a homofobia. Tornou-se a primeira personalidade a receber dois Prémios Arco-Íris.[16] Também em 2008 recebeu o prémio Ex Aequo da Rede Ex Aequo – Associação de Jovens Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros e Simpatizantes – foi galardoada pela reportagem 'Não Vejo Nada de Fracturante em Mim' e por diversas crónicas. Ao receber esta distinção a jornalista disse que 'enquanto for necessário atribuir prémios a quem defende a igualdade é sinal de que ainda há muito a fazer.'[17][18] Em 2009 voltou a receber, como membro da equipa do "Sim" no programa Prós e Contras da RTP1,[19] o Prémio Arco-Íris. Vida pessoal
Em Abril de 2008, um dirigente do PSD insinuou publicamente que Fernanda Câncio seria namorada do primeiro-ministro José Sócrates. Pretendia assim contestar que a RTP tivesse contratado a jornalista para um programa de informação. A afirmação não foi comentada por nenhum dos envolvidos, apesar de vários comentadores políticos se referiram ao episódio declarando não saber se a afirmação seria verdadeira ou falsa.[20][21] Em Abril de 2009, Fernanda Câncio foi intitulada "namorada do primeiro-ministro" em notícias em três órgãos de comunicação social (Correio da Manhã, Expresso e SIC) a propósito das opiniões que exprimiu sobre a cobertura mediática do caso Freeport no programa da TVI24 A Torto e a Direito. Apresentou queixa à Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas e ao Conselho Deontológico do Sindicatos dos Jornalistas em relação aos jornalistas autores das peças em questão. O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, em parecer de Julho de 2009,[22] considerou "tecnicamente incorrecta e deontologicamente reprovável o enfoque e identificação da jornalista como sendo "namorada de" nos títulos e destaques das notícias, em análise, elaboradas pela SIC, pelo Correio da Manhã e pelo Expresso", frisando que "a devassa da vida privada dos cidadãos por alguns meios de comunicação não é, por si, susceptível de transformar acontecimentos privados em públicos, nem a sua divulgação e conhecimento legitima que eles possam ser retomados por outros media." O Conselho Deontológico entendeu também "atender ao argumento da legitimidade de interesse público da cobertura jornalística das opiniões de Fernanda Câncio, na TVI24 e nas colunas semanais do Diário de Notícias, tendo por base eventuais conflitos de interesse reprovados pelo Código Deontológico", e "sublinhar a transparência como um dos princípios éticos da discussão pública, aconselhando os intervenientes nesses debates a fazer a sua declaração de interesse, nos termos estritamente necessários e considerados mais correctos". Aconselha também a publicação de uma "declaração de interesses". A secção disciplinar da Comissão da Carteira de Jornalistas começou por arquivar as queixas. Fernanda Câncio recorreu para o plenário, que considerou que “a matéria em causa era do conhecimento público e de interesse jornalístico, dada a situação de conflito de interesses entretanto gerada”, acrescentando: “O conflito de interesses resulta de a autora do texto [Fernanda Câncio], à data dos factos e conforme é público e notório, ser namorada do primeiro-ministro – não se coibiu, todavia, de o defender, sem daquela relação ter dado conhecimento aos seus telespectadores”.[23] Na decisão da Comissão da Carteira de Jornalistas, dá-se como provado que a jornalista teria um relacionamento amoroso com o então primeiro-ministro com base na existência de fotografias de papparazzi efectuadas à porta da casa da mesma e na assumpção, pelo próprio primeiro-ministro, numa sua biografia da autoria de Eduarda Maio ("Sócrates: O Menino de Ouro do PS"), de que Fernanda Câncio seria sua namorada. A jornalista, na sua crónica semanal do DN, refutou a existência de tal assumpção por José Sócrates na biografia citada e comentou as decisões dos dois órgãos.[24] Em Outubro de 2015, Câncio colocou uma acção judicial contra os jornais SOL, i e Correio da Manhã; as revistas Sábado e Flash! e a CMTV para que fossem impedidos de publicar factos da investigação da Operação Marquês que a envolvesse e que considerava privados, derivados do seu “relacionamento pessoal com José Sócrates”. A jornalista alegava que, tendo em conta a cobertura jornalística que as publicações fizeram do caso e o facto de ter caído o segredo de justiça interno do processo, poderiam vir a violar os seus direitos de divulgação.[25] Em março de 2017, o Tribunal da Relação de Lisboa mandou a editora Gradiva recolher o livro de José António Saraiva, "Eu e os políticos" de todos os distribuidores. A decisão foi tomada na sequência do recurso de uma providência cautelar apresentada pela jornalista Fernanda Câncio, que considera que “Eu e os Políticos” viola o seu direito à reserva da vida privada. Em novas edições os dois parágrafos relativos à jornalista vão ter de ser eliminados.[26] BibliografiaLivros
Textos
Referências
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