Fernão de QueirósFernão de Queirós (1617 - 1688) foi um padre jesuíta e cronista português do século XVII, autor de importantes obras sobre a História do sul da Índia e do Ceilão português. A grafia do seu sobrenome também é referida como Fernão de Queiroz ou Fernão de Queyroz.
Juventude e ingresso nos JesuítasNasceu em Amarante em 1617 e faleceu em Goa, em 12 de abril de 1688.[1] Aos 14 anos de idade, em 26 de dezembro de 1631, tornou-se noviço da Sociedade de Jesus, em Coimbra. Viajou para em Índia em 1653 e nunca regressou a Portugal.[1] Vida na ÍndiaFoi reitor dos colégios de Tana e Baçaim e exerceu altas funções no Tribunal do Santo Ofício no ano 1658. Participou nos eventos políticos e militares do Estado da índia na década de 1660, após a perda de Ceilão para o domínio holandês e a entrega de Bombaim para a Inglaterra, como dote pelo casamento de D. Catarina de Bragança com o rei Carlos II de Inglaterra.[1] Em 1663, na sua qualidade de reitor do colégio de São Paulo em Goa[2] e de representante eclesiástico no Conselho de Estado, Queirós participou de uma reunião em que se analisaram as dificuldades políticas e militares enfrentadas pelo Estado da Índia na defesa dos seus interesses na costa sul do Malabar.[1] Queirós foi também ativo participante nos assuntos administrativos da Igreja Católica do Estado da Índia, em particular em tudo o que se relacionou com os Jesuítas na Índia. Foi Provincial da Sociedade de Jesus entre os anos de 1667 e 1680 e foi também nomeado Patriarca da Etiópia.[1] Em 1668, participou de uma outra reunião do Conselho de Estado onde se analisou a necessidade de recolher mais impostos para pagar a soma prevista nos recentes acordos de paz entre Portugal e a Holanda.[1] No final de 1667, envolveu-se em controvérsia com D. António Brandão, arcebispo de Goa de 1675 a 1678, relativa aos direitos de propriedade sobre as Igrejas em Salcete.[1] Queirós defendia o direito dos Jesuítas de manterem a jurisdição religiosa e patrimonial dessas Igrejas, tal como acontecia desde o tempo do vice-rei D. Constantino de Bragança, que governara Goa de 1558 a 1561. A controvérsia foi resolvida a favor dos Jesuítas logo após o falecimento do arcebispo, ocorrido em meados de 1678.[1] Queirós faleceu em Goa com 71 anos de idade, após uma estadia de 35 anos no Oriente.[1] Obras PublicadasAs suas obras História da vida do venerável Irmão Pedro de Basto e Conquista Temporal e Espiritual de Ceilão[3][4] são consideradas hoje em dia dos mais importantes trabalhos produzidos na época sobre a História do sul da Índia, em particular sobre o período colonial português em Ceilão.[5] A Conquista Temporal e Espiritual de Ceilão foi completada em 1687, perto do fim da sua vida e é um manuscrito composto de 322 folhas. Foi enviado da Índia para Lisboa mas não chegou a ser publicado em Portugal, acabando por seguir para o Rio de Janeiro em 1808, na biblioteca de D. João VI.[1] O texto foi mais tarde publicado pelo governo de Ceilão em 1916,[4] sob a orientação do acadêmico Paulus Edward Pieris[1](1874 - 1955), sendo uma edição em inglês publicada em 1930 (e reeditada em 1992),[6] com tradução feita por Simon Gregory Perera.[1] Estes dois académicos utilizaram também esta obra de Queiroz como fonte para livros e artigos que publicaram, sobre a História de Ceilão na época colonial.[7] Referindo-se à Conquista Temporal e Espiritual de Ceilão, o historiador Tikiri Abeyasinghe escreveu o seguinte: "Das três potências europeias que governaram Ceilão, os portugueses foram sem igual em ter produzido cronistas e escritores que foram os primeiros e mais severos críticos dos seus compatriotas. Isso é ainda mais louvável quando nos lembramos que muitos desses cronistas e escritores tinham posições oficiais e beneficiavam de patrocínio da coroa".[8] E, sobre a mesma obra, o historiador George Winius disse, em livro publicado no ano de 1971:[9]
Uma grande parte dos trabalhos de Queirós perdeu-se durante o incêndio do colégio de São Paulo de Goa, ocorrido em dezembro de 1664. Só algumas das suas cartas e o manuscrito da biografia de Pedro de Basto se salvaram então.[1] O texto da História da vida do venerável Irmão Pedro de Basto foi finalmente publicado em 1689, um ano após a morte de Fernão de Queirós.[1] Referências
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