Fabre Geffrard
Fabre Nicolas Guillaume Geffrard (Anse - à-Veau, 23 de setembro de 1806 - Kingston, 31 de dezembro de 1878)[1] foi o oitavo presidente do Haiti. General do exército de seu país, Geffrard assumiu o poder em 1859, após um golpe de estado que depôs o imperador Faustino I do Haiti. Durante seu governo, enfrentou várias rebeliões, até ser deposto em 1867, pelo major Sylvain Salnave.[2] FamíliaSeu pai morreu apenas algumas semanas após o nascimento de Fabre. O general Nicolás Geffrard, é um herói nacional. Lutou na guerra da independência, foi um dos autores da primeira Constituição do país[3] e compôs a música do hino nacional. Com a morte do pai, Fabre Geffrard foi então adotado por um parente, o coronel Fabre, comandante de um regimento na vila de Les Cayes.[4] Fabre Geffrard estudou no colégio de Les Cayes, até se alistar no exército, onde seguiria extensa carreira. Filho de Marguerite Lejeune Geffrard, casou-se com Marguerite Lorvana McIntosh, com quem teve oito filhos. Carreira militarGeffrard deixou o colégio em 1821 para se alistar no exército, seguindo a mesma carreira de seu pai e de seu tio, que o criou. Recebeu sucessivas promoções até tornar-se capitão, e, quando o general Herard Riviere deflagrou uma rebelião contra o presidente Jean Pierre Boyer em 1843, nomeou Geffrard como tenente-coronel, e o enviou para ocupar a cidade de Jérémie, onde foi promovido a coronel por um comitê popular. Geffrard venceu Boyer perto da cidade de Jacmel, e perseguiu-o até Tiburon. Após o triunfo da revolução em 1844, foi designado general-de-brigada e comandante de Jacmel. Em 1845, dominou uma rebelião do general Achaau, e foi promovido general de divisão; mas, quando o presidente Riche assumiu o poder em 1846, temendo sua popularidade, Geffrard foi preso e enviado à corte marcial, que, entretanto, absolveu-o. Durante a presidência de Faustin Soulouque, Geffrard comandou uma divisão da força expedicionária contra os dominicanos em 1849, sendo ferido na batalha de Azua. Em 1850, quando Solouque proclamou-se imperador, sob o título de Faustino I, ele concedeu a Geffrard o título de Duque de Tabaro. Em 1856, tomou parte de uma malsucedida segunda campanha contra Santo Domingo, e como comandante da retaguarda, protegeu a retirada das tropas e salvou a artilharia. Quando o governo de Soulouque tornou-se impopular, em 1858, o imperador começou a suspeitar da popularidade de Geffrard, e retirou-o de seu comando.[4] PresidênciaApós ter perdido o comando no exército, Geffrard, temendo a prisão, fugiu para Gonaïves. Com a notícia, os povos dos dois departamentos do norte se rebelaram, anunciaram a deposição de Soulouque e proclamaram a República sob presidência de Geffrard, em 22 de dezembro de 1858. Rapidamente, Geffrard reuniu um grande exército, e entrou triunfante em Porto Príncipe, já em 15 de janeiro de 1859, mas garantiu a saída em segurança do imperador e de sua família. Sob sua presidência, o Haiti deu início a uma nova era de progresso, com controle dos gastos públicos e a redução de impostos, sobretudo sobre a propriedade rural. Mas em 3 de setembro de 1859, o ministro do interior, Guerrier Prophete, chefiou uma revolta, que culminou em um atentado contra a vida de Geffrard, em que uma de suas filhas, recém-casada, foi assassinada. Na ausência do presidente, o ministro e dois cúmplices foram condenados à morte, outros 16 foram executados e alguns foram anistiados ou presos.[3] Firmou tratados de comércio com a França, a Inglaterra e a Espanha. Em 1861, seu governo tornou-se bastante impopular, em meio a acusações de subserviência à Espanha, por não se opor à ocupação de Santo Domingo por aquela potência, e em 1862, houve uma revolta sob a liderança do general Legros em Gonaïves, e em 1864, outra revolta, sob liderança de Sylvain Salnave no norte, que proclamou o governo provisório no distrito de Cabo Haitiano, em maio de 1865. Com a ajuda dos ingleses, cujos interesses estavam ameaçados pela posição de Salnaves, Geffrard conseguiu derrotar o governo provisório em novembro, tendo Salnaves refugiado-se a bordo de um navio de guerra dos Estados Unidos. Porém, em junho de 1866, Salnaves ainda fez nova tentativa em Gonaïves, e foi novamente derrotado. Para conciliar o povo, que começava a compará-lo a Faustin Soulouque, Geffrard promulgou leis liberais e aboliu a pena de morte por crimes políticos.[3] Mas a revolta continuou a crescer no interior, e em 22 de fevereiro de 1867, houve um destacado pronunciamento em favor de Salnave em Porto Príncipe; e, embora Geffrard tenha colocado a capital em Estado de Defesa, ele logo percebeu que a resistência seria inútil, e refugiou-se com sua família em um navio francês.[4] Em 13 de março de 1867, Salnave tomou a capital e Geffrard partiu para a Jamaica, onde ficou até sua morte, em 31 de dezembro de 1878.[5] Seu governo ficou marcado por atos de clemência e reformas salutares, tendo Geffrard recusado o poder absoluto que se lhe foi oferecido.[3] Porém, embora tenha tentado reformar o governo, pouco pôde fazer em meio às constantes rebeliões. Ver tambémReferências
Bibliografia
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