Exército Russo de Libertação
O Exército Russo de Libertação (em russo: Russkaya osvoboditel'naya armiya, Русская освободительная армия, abreviado em cirílico para РОА; também chamado de Exército de Vlasov) foi uma força militar formada por russos subordinados ao alto-comando dos exércitos da Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.[1][2] Vlasov, um general soviético, concordou em colaborar com a Alemanha Nazista depois de ter sido capturado na Frente Oriental. Os soldados sob seu comando eram principalmente ex-prisioneiros de guerra soviéticos, mas também incluíam emigrantes russos brancos, alguns dos quais eram veteranos do Exército Branco anticomunista da Guerra Civil Russa (1917-1923). Em 14 de novembro de 1944, foi oficialmente renomeado como Forças Armadas do Comitê para a Libertação dos Povos da Rússia, com o KONR sendo formado como um corpo político ao qual o exército jurou lealdade. Em 28 de janeiro de 1945, foi oficialmente declarado que as divisões russas não faziam mais parte do exército alemão, mas estariam diretamente sob o comando do KONR.[3] Perto do fim da guerra, em 1945, muitas de suas unidades haviam mudado de lado e passaram a combater com os Aliados até a rendição da Alemanha. Em maio de 1945, membros do ROA mudaram de lado e se juntaram ao levante anti-nazista de Praga. Ainda assim, Vlasov e outras lideranças deste movimento foram presos pelos soviéticos e posteriormente executados por traição. OrigensQuando a Alemanha Nazista e seus aliados invadiram a União Soviética, milhões de cidadãos soviéticos - incluindo muitos eslavos - receberam os invasores como libertadores e se voluntariaram para ajudar.[4] Por causa da ideologia racista do nazismo, o Alto Comando alemão inicialmente recusou essa mão-de-obra disponível,[4] mas ainda assim centenas de milhares de eslavos foram recrutados nas primeiras semanas da campanha.[4] Esses voluntários foram chamados "Hiwi"; um acrônimo para Hilfswilliger, que significa "auxiliares voluntários".[4] Muitos desses recrutas serviram em formações na Waffen-SS, em milícias locais e em forças de polícia; sendo usados primordialmente em operações anti-partisan. Os demais foram usados em pequenos grupos para trabalhos auxiliares como motoristas, cozinheiros, enfermeiros e quaisquer outros trabalhos mundanos que pudessem liberar mais soldados alemães para a linha de frente.[4] Inicialmente, esses voluntários usaram seus uniformes soviéticos com as insígnias removidas, identificados apenas por braçadeiras com os dizeres "Im Dienst der Deutsche Wehrmacht" ("Em serviço da Wehrmacht alemã").[5] Outra formação foram os Osttruppen ("Tropas Orientais"), incluindo todos os cidadãos soviéticos agrupados em formações de combate incorporadas a unidades alemãs.[6] Oficialmente, estas eram batalhões chamados Ostbataillonen (singular, Ostbataillon), significando "Batalhões Orientais". Essas primeiras unidades foram iniciativas de comandos locais desafiando as ordens de Berlim, e a maioria dos seus homens eram cidadãos não-russos: bálticos, ucranianos, cossacos, caucasianos etc.[6] Estes consideravam-se povos oprimidos pelos "Grandes Russos" da terra-coração sediada em torno de Moscou.[6] Em novembro de 1941, o Grupo de Exércitos Centro organizou os primeiros seis batalhões desse tipo, usando o termo "Osttruppen"; cuja função primária era a segurança da retaguarda alemã, ocupando postos e patrulhando as linhas de comunicação internas.[6] Pouco depois, o Alto Comando autorizou mais formações, porém com uma série de restrições - batalhões não poderiam conter mais de 200 e serviriam apenas na retaguarda.[6] Nessa época, foram formados os seguintes batalhões russos:[7]
Estes batalhões também contavam com ucranianos e bielo-russos para recompletamento, formando um total de 54 batalhões russos. No final de 1941, o Alto Comando criou as legiões asiáticas e caucasianas - Ostlegionnen - com um tamanho tão importante que tentativas de uniformização, incluindo insígnias, foi feita já no verão de 1942.[6] Em 14 de julho de 1942, foi criada a Medalha de Bravura e Condecoração de Mérito para Povos Orientais (Tapferkeits und Verdienstauszeichnung für Ostvölker),[8][9] conhecida como Ostvolkmedaille (Medalha dos Povos Orientais) e podia ser usada no estilo russo, em fileira.[10] A primeira unidade nacional da Osttruppen russa foi a milícia anti-partisan da região de Orel-Kursk, que era conhecida por sua brutalidade sob a liderança de Bronislav Kaminski.[7] Esta milícia era uma turba violenta de várias nacionalidades que se autodenominava Exército Popular de Libertação Russo (Russkaya Osvoboditelnaya Narodnaya Armiya, RONA), mas eram conhecidos como Brigada Kaminski.[7] Essa brigada foi incorporada na Waffen-SS como Volksheer-Brigade, Waffen-Sturm-Brigade der SS RONA, e depois expandida na 29º Divisão SS,[7] sempre servindo em ações anti-partisan e se destacando mais por matar civis. Outra tentativa mais séria foi o Exército Nacional Popular Russo (Russkaya Natsional'naya Narodnaya Armiya, RNNA), criado pelo Grupo de Exércitos Centro em 1942.[7] Designado pelos alemães também como "Unidade Experimental Centro", por ser uma unidade de teste do Grupo de Exércitos Centro, e como "Brigada Ostindorf" pela cidade onde estava acantonada,[7] o RNNA possuía seis batalhões sob o comando do ex-general soviético Boiarsky e era incomum dentre as Osttruppen no fato de todos os graduados e oficiais serem russos.[7] Seu uniforme consistia no velho uniforme soviético com as insígnias do Exército Vermelho removidas.[7] Em dezembro de 1942, foi decidido que o RNNA seria enviado para a linha de frente mas, devido à desconfiança alemã, os batalhões foram dispersados separadamente. Essa decisão causou um grande desapontamento nos russos que sonhavam com uma força nacional lutando ao lado do Terceiro Reich contra a União Soviética.[7] Luta contra os alemães e captura pelos soviéticosDurante a marcha para o sul, a primeira divisão da ROA veio em auxílio dos guerrilheiros tchecos na revolta de Praga contra a ocupação alemã, que começou em 5 de maio de 1945. Vlasov inicialmente relutou em concordar com esse movimento, mas acabou não resistindo à decisão do general Bunyachenko de lutar contra os alemães.[11][12][13] A primeira divisão entrou em batalha com unidades Waffen-SS que haviam sido enviadas para nivelar a cidade. As unidades ROA, armadas com armamento pesado, repeliram o implacável ataque da SS e, juntamente com os insurgentes tchecos, conseguiram preservar a maior parte de Praga da destruição. Devido à predominância de comunistas na nova Rada tcheca ("conselho"), a primeira divisão teve que deixar a cidade no dia seguinte e tentou se render ao Terceiro Exército dos EUA do General Patton. Os Aliados, no entanto, não estavam interessados em ajudar ou abrigar a ROA, temendo que tal ajuda prejudicasse as relações com a URSS.[11][12][13] Mais de mil soldados foram inicialmente levados sob custódia dos Aliados pela 44ª Divisão de Infantaria e outras tropas dos EUA. Em um movimento que o comando aliado manteve em segredo por muitos anos, eles foram entregues à força aos soviéticos pelos Aliados, devido a um acordo anterior entre Churchill e Stalin de que todos os soldados da ROA seriam devolvidos à URSS. Alguns oficiais aliados que simpatizavam com os soldados da ROA permitiram que eles escapassem em pequenos grupos para as zonas controladas pelos americanos.[11][12][13] O governo soviético rotulou todos os soldados da ROA (vlasovtsy) como traidores, e aqueles que foram repatriados foram julgados e condenados à detenção em campos de prisioneiros. Vlasov e vários outros líderes da ROA foram julgados e enforcados em Moscou em 1º de agosto de 1946.[11][12][13] Ordem de batalhaA composição do VS-KONR foi a seguinte:[14][15]
Elementos de ar
Dois pilotos da Força Aérea Soviética, Semyon Trofimovich Bychkov e Bronislav Romanovich Antilevsky, desertaram e se tornaram parte da força aérea ROA, comandada pelo major-general Maltsev Viktor Ivanovich. A força aérea foi dissolvida em julho de 1944. Referências
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