Etnoictiologia

A etnoictiologia é o ramo da ciências que estuda o modo como o conhecimento, os usos e os significados dos peixes ocorre nas diferentes sociedades humanas. Ela procura compreender o fenômeno da interação da espécie humana com os recursos ícticos, englobando-se aspectos tanto cognitivos quanto comportamentais.[1] A etnoictiologia é uma subdivisão da etnozoologia, a qual, por sua vez, pode ser interpretada como o estudo dos conhecimentos do homem sobre os animais e também dos usos da fauna pelo homem,[2] ou, parafraseando D’Olne Campos (1995), como o estudo da ciência zoológica do “outro”, construída a partir do referencial de saberes da academia.

Etimologia da expressão

O termo etnoictiologia foi primeiramente empregado na literatura científica por Morrill,[3] que a incluiu em título do artigo. O autor justificou o termo afirmando que este teria surgido a partir do modelo de “etnobotânica”.[4][5][6] Desde então, este termo tem obtido sucesso que se expressa pela quantidade de trabalhos que o empregam.[7]

Importância

A etnoictiologia é uma ferramenta bastante útil no estudo das mudanças ambientais provocadas por fatores antrópicos, tais como: a diminuição dos estoques pesqueiros, o desaparecimento de espécies de peixes, a inserção de espécies não-nativas (exóticas e/ou alóctones) em determinados ambientes.[8] Isso dentro de um contexto etnobiológico, implica a criação de importantes estratégias para conservação do meio ambiente[9]

Pesquisadores da área no Brasil

  • Milena Ramires
  • Daniela Marques Nunes
  • Alpina Begossi
  • José da Silva Mourão
  • Renato Azevedo Matias Silvano
  • Nivaldo Nordi
  • Luciana Pinheiro
  • Sandra Maria Lopes de Moura
  • Eraldo Medeiros Costa-Neto
  • Rosana Souza Lima
  • José Geraldo Wanderley Marques
  • Ana Paula Glinfskoi Thé
  • Walter Barrella
  • Natalia Hanazaki
  • Daniela Marques Nunes
  • Vandick da Silva Batista
  • Priscila Fabiana Macedo Lopes
  • Mariana Clauzet

Referências

  1. MARQUES, J.G.W. Etnoictiologia: pescando pescadores nas águas da transdisciplinaridade. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ICTIOLOGIA, 11, 1995a, Campinas. Resumos... Campinas: UNICAMP/Sociedade Brasileira de Ictiologia, 1995a. p. 1-41.
  2. BAHUCHET, S. Esquisse de l'ethnoichthyologie des Yasa du Cameroun. Anthropos, Fribourg, v. 87, p. 511-520, 1992.
  3. MORRILL, W.T. Ethnoichthyology of the Cha-Cha. Ethnology, Pittsburgh, v. 6, p. 405-417, 1967.
  4. Mourão, J. S; Nordi, N. 2002. Principais critérios utilizados por pescadores artesanais na taxonomia folk dos peixes do estuário do Rio Mamanguape, Paraíba – Brasil. Interciencia, 27 (11): 607-612.
  5. Mourão, J. S.; Nordi, N. 2003. Etnoictiologia de pescadores artesanais do estuário do rio Mamanguape, Paraíba, Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, 29 (1): 9-17.
  6. Costa-Neto, E. M; Dias, C. V; Melo, M. N. 2002. O conhecimento ictiológico tradicional dos pescadores da cidade de Barra, região do médio São Francisco, Estado da Bahia, Brasil. Acta Scientiarum, 24 (2): 561-572.
  7. Azevedo-Santos, V. M.; Costa-Neto, E. M.; Lima-Stripari, N. 2010. Concepção dos pescadores artesanais que utilizam o reservatório de Furnas, Estado de Minas Gerais, acerca dos recursos pesqueiros: um estudo etnoictiológico. Revista Biotemas, 23 (4): 135-145
  8. Azevedo-Santos, V. M.; Costa-Neto, E. M.; Lima-Stripari, N. 2010. Concepção dos pescadores artesanais que utilizam o reservatório de Furnas, Estado de Minas Gerais, acerca dos recursos pesqueiros: um estudo etnoictiológico. Revista Biotemas, 23 (4): 135-145
  9. Albuquerque, U. P. 1999. La importancia de los estudios etnobiológicos para establecimiento de estrategias de manejo y conservación en las florestas tropicales. Revista Biotemas, 12: 31-47.