Esvetoslau II
Esvetoslau II ou Esviatoslau II (em latim: Svetoslaus; em russo: Святослав Ярославич; romaniz.: Sviatoslav Yaroslavich; 1027 - 27 de dezembro de 1077 em Quieve), Esfendóstlabo (em grego medieval: Σφενδοσθλάβος; romaniz.: Sphendosthlábos) ou Sueinaldo (em nórdico antigo: Sveinald, de nome batismal Nicolau, foi grão-príncipe de Quieve entre 1073 e 1077. Era filho de Jaroslau I, o Sábio. Governou o Principado de Volínia no tempo de seu pai (de ca. 1040 até 1054). Ao falecer, Jaroslau deixou testamento que dividiu os territórios rus' entre seus cinco filhos; Esvetoslau recebeu o Principado de Czernicóvia. Esvetoslau juntou-se a seus irmãos Iziaslau I e Usevolodo I e formou um "triunvirato" principesco que tomou conta dos assuntos rus' até 1072. Eles lutaram contra seus inimigos, incluindo os turcos oguzes, e seu parente distante Useslau I. Os cumanos derrotaram suas forças unidas no outono de 1068, mas Esvetoslau repeliu um grupo cumano que pilhava seu principado. O triunvirato se esfacelou quando Esvetoslau, apoiado por Usevolodo, destronou e substituiu seu irmão mais velho Iziaslau em 1073 como grão-príncipe em Quieve. Ele comissionou a compilação de ao menos duas miscelâneas de obras teológicas. Do contrário, seu breve reinado foi sem complicações. VidaPrimeiros anosEra o quarto filho do grão-príncipe Jaroslau e sua esposa Ingegerda da Suécia. Nasceu em 1027.[1] O sinódico de Liubeche — lista de príncipes de Czernicóvia que foi concluída no Mosteiro de Santo Antônio em Liubeche — diz que seu nome batismal era Nicolau.[2] A Crônica de Nestor diz que Esvetoslau estava "em Volodimíria"[3] em Volínia por volta do tempo que seu pai ficou seriamente doente antes de sua morte.[4] Segundo o historiador Martin Dimnik, o relato da crônica mostra que Jaroslau tinha, muito provavelmente em torno de 1040, nomeado Esvetoslau para governar sua importante cidade rus'.[5] Em seu leito de morte, Jaroslau dividiu as mais relevantes cidades do reino entre seus cinco filhos — Iziaslau, Esvetoslau, Usevolodo, Igor e Viacheslau — que viveram além dele.[6][7] Para Esvetoslau, legou Czernicóvia.[8] O moribundo grão-príncipe ordenou que seus quatro filhos deveriam "prestar atenção"[9] em seu irmão mais velho Iziaslau, que recebeu Quieve.[7] TriunviratoJaroslau morreu em 20 de fevereiro de 1054.[10] Seus três filhos mais velhos — Iziaslau, Esvetoslau e Usevolodo — decidiram se unir e governar conjuntamente Quieve.[11] O historiador Martin Dimnik diz que levando em conta as habilidades políticas e militares de Esvetoslau, "é razoável assumir que foi um das maiores forças motivadoras, se não o real arquiteto, de muitas das políticas adotadas" pelos irmãos.[12] Os "triúnviros" cooperam intimamente nos ano seguintes.[11] Em 1059, liberaram seu tio Sudislau I que seu pai enviou à prisão cerca de 1035.[13][14] Eles fizeram uma expedição conjunta "a cavalo e navio contra os torcos"[15] ou turcos oguzes em 1060, segundo a Crônica de Nestor.[16] Ao ouvir da chegada das forças rus', os turcos fugiram de suas terras sem resistência.[17] Em 1065 liderou suas tropas contra seu sobrinho Rostislau I que no ano anterior expulsou à força seu filho Glebo I de Tamatarcha. [18] Com sua chegada, Rostislau fugiu deste importante centro dos domínios de seu tio, mas reocupou-o após Esvetoslau retornar para Czernicóvia.[19] Segundo a Crônica de Pescóvia, em 1065 um primo distante dos "triúnviros", Useslau I, atacou Pescóvia.[20] Useslau não pode tomá-la, mas tomou e saqueou Novogárdia Magna — que estava sob o filho de Iziaslau, Mistislau II — no inverno seguinte. [21][22] Iziaslau, Esvetoslau e Usevolodo logo uniram suas forças e marcharam contra Useslau, "embora havia a morte do inverno",[23] segundo a Crônica de Nestor.[24] Eles repeliram o exército de Useslau próximo ao rio Nemiga (próximo de Minsque) em 3 de março de 1066. Useslau, que fugiu do campo de batalha, concordou em negociar com os "triúnviros", mas eles traiçoeiramente capturaram-o numa reunião em Orcha no começo de junho.[20][25] Os cumanos, que emergiram como poder dominante nas estepes pônticas no começo dos anos 1060, invadiu as regiões meridionais de Quieve em 1068.[25] Os três irmãos juntos marcharam contra os invasores, mas os cumanos perseguiram-os ao rio Alta. Do campo de batalha, Esvetoslau retirou-se para Czernicóvia e reagrupou suas tropas. Retornou para derrotar os cumanos com uma força menor na cidade de Snovsk em 1 de novembro, aumentando assim seu prestígio em meio a população.[26] No meio tempo, os citadinos de Quieve destronaram e repeliram o irmão de Esvetoslau, Iziaslau.[27] Tomando vantagem da ausência de Iziaslau, Esvetoslau enviou seu filho Glebo para Novogárdia para governar a cidade.[28][29] Iziaslau retornou no comando de reforços poloneses.[30] Os citadinos de Quieve enviaram mensagens para Esvetoslau e Usevolodo, implorando-lhes que viessem à "cidade de seu pai"[31] e defendesse-a, segundo a Crônica de Nestor. Esvetoslau e Usevolodo pediram que Iziaslau "não liderasse os polacos no ataque contra Quieve", alegando que "se pretendesse nutrir sua raiva e destruir a cidade, estariam devidamente preocupados pela capital ancestral".[30][32][33] Iziaslau parcialmente consentiu: não liderou seus aliados polacos à cidade, mas sua comitiva chacinou ou mutilou muitos de seus oponentes em Quieve.[34] Também tentou punir Antônio — o fundador do Mosteiro das Cavernas em Quieve — que apoiou seus inimigos, mas Esvetoslau deu abrigo ao santo monge em Czernicóvia.[35] Com o retorno de Iziaslau, o "triunvirato" foi restaurado.[27] Os irmão visitaram Visorodo de modo a participarem na translação das relíquias de seus tios santificados, Bóris e Glebo em 3 de maio de 1072.[36] Segundo a Narrativa, Paixão e Encômio de Bóris e Glebo, Esvetoslau pegou a mão de Glebo e "pressionou-a em seu ferimento, pois tinha dor em seu pescoço, e em seus olhos, e sua testa" [37] antes de colocá-la de volta no caixão. Logo, Esvetoslau sentiu uma dor no topo de sua cabeça e seu servo encontrou uma unha do santo sob sua capa.[38] Muitos historiadores concordam que os irmãos expandiram o código legal de seu pai nessa ocasião, mas a data exata é desconhecida.[39][40] Grão-príncipe de QuieveSegundo a Crônica de Nestor, "o diabo agitou contenda"[41] entre os três irmão logo após a canonização de Bóris e Glebo.[42] Esvetoslau e Usevolodo uniram suas forças e expulsaram Iziaslau de Quieve em 22 de março de 1073.[43] O cronista colocou a culpa dessa ação em Esvetoslau, afirmando que "era o instigador da expulsão de seu irmão, por seu desejo de mais poder".[42] O cronista também afirma que Esvetoslau "enganou Usevolodo afirmando que" Iziaslau "estava entrando numa aliança"[41] com Useslau contra eles.[42] Historiadores modernos discordam sobre os motivos da ação de Esvetoslau. Franklin e Shepard escrevem que foi conduzido por "sincera ganância";[44] Martin diz que Esvetoslau parecia sofrer de uma grande doença e queria assegurar o direito de Quieve a seus filhos que seria perdido caso Esvetoslau" falecesse antes de Iziaslau sem ter governado"[45] a cidade. De fato, a Crônica de Nestor afirma que foi Esvetoslau que "governou em Quieve após a expulsão"[41] de Iziaslau.[46] Inicialmente, Teodósio, líder do Mosteiro das Cavernas, criticou Esvetoslau por usurpar o trono.[43][47] Contudo, antes de sua morte em maio de 1074 se reconciliou com o grão-príncipe, que apoiou a fundação de uma igreja em alvenaria dedicada a Mãe de Deus em Quieve.[44][48] Esvetoslau também apoiou a compilação de obras eclesiásticas. Duas miscelâneas — coleções de excertos da Bíblia e de obras teológicas — foram concluídas sob seus auspícios em 1073 e 1076.[49] Segundo a Miscelânea de 1073, Esvetoslau, que é louvado como "novo Ptolomeu", nesse tempo reuniu grande número de livros espirituais.[50] O governo de Esvetoslau foi logo e sem problemas.[51] Seu irmão destronado primeiro fugiu à Polônia, mas o duque Boleslau II (r. 1058–1079), que era genro de Esvetoslau, expulsou-o de suas terras.[27][52] Depois, Iziaslau procurou a assistência do imperador Henrique IV (r. 1053–1105).[43] O último, em 1075, enviou seus emissários — incluindo o cunhado de Esvetoslau, Burcardo — para Quieve para coletar mais informação.[53] Segundo a Crônica de Nestor, "em seu orgulho", Esvetoslau "mostrou-os suas riquezas", exibindo-lhes "a inumerável quantidade de seu ouro, prata e sedas".[54][55] Em 1076, Esvetoslau enviou reforços à Polônia para ajudar seu genro contra os boêmios.[56] Esvetoslau morreu em 27 de dezembro de 1077.[57] A Crônica de Nestor diz que "o corte de uma ferida"[58] causou sua morte. Ele foi sepultado na Catedral do Santo Salvador em Czernicóvia.[59] Dentro de um ano, seu irmão mais velho Iziaslau foi restaurado e os filhos de Esvetoslau perderam boa parte de seus domínios.[57][60] FamíliaSegundo o Sinódico de Liubeche, sua esposa de chamava-se Cecília.[61][62] Por outro lado, os cronistas germânicos escrevem que sua esposa era Oda, irmã de Burcardo, prorreitor de Tréveris e ela deu à luz um filho. Um retrato descrevendo Esvetoslau e sua família na Miscelânea de 1073 mostra que teve cinco filhos e quatro deles eram adultos no tempo que o retrato foi feito.[63] Com base nessas fontes, é óbvio que Esvetoslau foi casado duas vezes.[64] Segundo Dimnik, Esvetoslau casou-se sua primeira esposa Cecília entre 1043 e 1047. Seu primeiro filho parece ter sido uma menina, Vicheslava.[65] O irmão mais velho dela Glebo I tornou-se príncipe de Tamatarcha e depois de Novogárdia.[66] O segundo filho de Esvetoslau e cecília foi Olegue I, o futuro príncipe de Czernicóvia.[67] Davi I, o futuro príncipe de Novogárdia e Czernicóvia nasceu cerca de 1015.[68] Romano I, que tornou-se príncipe de Tamatarcha, nasceu cerca de 1052.[69] Esvetoslau casou-se com sua segunda esposa, Oda de Estade, cerca de 1065 segundo Dimnik.[70] Oda, a filha do marquês da Marca do Norte Lotário Udo I de algum modo estava relacionada com o imperador Henrique III.[71] Não há, contudo, qualquer evidência que apoie essa reivindicação. Ela deu à luz o quinto filho de Esvetoslau, Jaroslau I, que mais tarde tornou-se príncipe de Murom e Czernicóvia.[69] Após a morte de Esvetoslau, Oda e seu filho mudaram-se ao Sacro Império Romano-Germânico.[71] Referências
Bibliografia
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