Esturjão-chinês (nome científico: Aciper sinensis; em chinês: 中华鲟; em pinyin: Zhōnghuá xún) é um peixe membro da família Acipenseridae e da ordem Acipenseriformes.
Os pesquisadores acreditam que esse esturjão já existia na época dos dinossauros, há 140 milhões de anos. Por este motivo, ele é por vezes chamado de “fóssil vivo”. Esse animal é rigorosamente protegido pelo governo chinês, que o classifica como “tesouro nacional”, da mesma forma que o seu congênere mamífero, o panda gigante.
Características físicas
O esturjão é uma espécie de peixe comparativamente primitiva, tendo surgido no período Cretáceo.[5] Os cientistas acreditam que ele seja uma espécie de transição entre peixes de esqueleto cartilaginoso e de esqueleto ósseo. Este peixe possui conjuntos múltiplos de ósteons.[6]
Os esturjão-chinês tem um comprimento médio de 200 a 500 centímetros, e pesa de 200 a 500 quilogramas, o que faz desta espécie o terceiro maior esturjão, após o esturjão-branco e o esturjão-atlântico. A sua cabeça é afilada, e a boca está situada na parte inferior.[6]
Ciclo de vida
Os esturjões são peixes anádromos. O esturjão-chinês é considerado um peixe de água doce de grandes dimensões, embora passe parte do seu ciclo de vida no mar, como o salmão.[7]
A espécie migra subindo os rios. Ela parte de áreas da costa oriental da China e migra de volta para os rios para a reprodução, assim que atinge a maturidade sexual. O esturjão-chinês é a espécie de esturjão que realiza a migração mais longa, subindo o Rio Yangtzé por uma extensão de mais de 3.500 quilômetros.[8] A espécie possui uma capacidade reprodutiva limitada; só reproduzindo-se três ou quatro vezes durante o seu ciclo de vida. As fêmeas trazem dentro de si mais de um milhão de ovos, que são expelidos quando maduros para que passem por fertilização externa. O índice de sobrevivência até a eclosão dos ovos é estimado em menos de 1%.[7]
Habitat
O esturjão-chinês é uma espécie ameaçada na sua nativa China. Ele encontra-se disperso pelos principais afluentes do Rio Yangtzé e pelas regiões costeiras do Rio Qiantang, Rio Minjiang e Rio das Pérolas.[6] O esturjão-chinês jovem alimenta-se da maioria dos animais aquáticos, enquanto que os adultos comem insetos aquáticos, larvas, diatomáceas e substâncias húmicas.[6]
Segundo estimativas de especialistas, na década de setenta havia 2.000 esturjões-chineses se reproduzindo no Rio Yangtzé a cada ano. Agora este número está reduzido a apenas centenas devido às ameaças ao seu habitat, como a poluição e outras ações humanas. A rota migratória dos peixes adultos rumo a zonas tradicionais de reprodução, como o Rio Jinsha, acima do Rio Yangtzé, foi bloqueada com a construção da barragem da usina hidroelétrica de Gezhouba, no início da década de oitenta.[8]
O esturjão é também altamente sensível ao nível crescente de ruídos no rio, provocado pelo tráfego de embarcações, e é também vulnerável às hélices dos barcos, que lhes provocam ferimentos ou a morte.[8]
Proteção e pesquisa
As características primitivas do esturjão-chinês fazem com que a espécie seja de grande interesse acadêmico nas áreas de taxonomia e biologia. Por esse motivo, a China vem estudando maneiras de reproduzir e preservar esta espécie ameaçada, que, desde a década de setenta, é classificada de “Animal Protegido de Classe Um da China”.[5]
Construído em 1982, o Museu do Esturjão-chinês faz parte da Instituição do Esturjão-chinês da China, que está utilizando técnicas de reprodução artificiais para tentar preservar esta espécie ameaçada.
Programa de repopulação
O Instituto de Pesquisa da Pesca do Rio Yangtzé da Academia Chinesa de Ciências da Pesca, em Jingzhou, é uma das agências encarregadas de reproduzir o esturjão-chinês em cativeiro para restaurar a população dos rios antes que a espécie desapareça.[8]
As autoridades alegam que tiveram algum sucesso com a indução artificial da desova. Em 29 de abril de 2005, para marcar o 20º aniversário do início dos esforços da China no sentido de proteger a espécie, mais de 10 mil alevinos, 200 indivíduos jovens e dois adultos foram introduzidos no Rio Yangtzé e no Rio Yichang. No decorrer do projeto, cinco milhões de peixes nascidos em cativeiro foram soltos no ambiente natural.[9] No entanto, em 2007, 14 esturjões jovens puderam ser monitorados perto da foz do Rio Yangtzé, contra 600 no ano anterior, o que gerou o temor de que a batalha pela conservação da espécie esteja sendo perdida no Rio Yangtzé, um curso d'água poluído e com grande densidade populacional nas suas margens.[10]
Para comemorar as Olimpíadas da China, o governo presenteou Hong Kong com cinco esturjões, simbolizando os cinco anéis olímpicos. Os peixes passaram a ser exibidos no Ocean Park Hong Kong em 20 de junho de 2008. Todavia, um dos peixes morreu em janeiro de 2009, devido a causas desconhecidas.[5]
Referências