Esclaramunda de Foix
Esclaramunda de Foix (em francês: Esclarmonde; em castelhano: Clairmunda; c. 1250/55 – 1316)[1] foi rainha de Maiorca como consorte de Jaime II de Maiorca de 1276 a 1285, e novamente de 1295 a 1311. Ela se encarregou da tutela do neto, Jaime III de Maiorca, além de ter sido protetora da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. FamíliaEsclaramunda foi a quarta filha, sexta e última criança nascida do conde Rogério IV de Foix e de Brunissenda de Cardona. Os seus avós paternos foram Rogério Bernardo II de Foix e Ermesinda de Castellbò. Os seus avós maternos foram Raimundo Folch IV, Visconde de Cardona e Inês, Senhora de Torroja.[2] Ela teve cinco irmãos mais velhos: o conde Rogério Bernardo III, marido de Margarida de Bearne; Pedro; Sibila, esposa de Aimery IV, Visconde de Narbona; Inês, esposa de Esquivato I, Conde de Bigorre e Filipa, esposa de Arnaldo I de Comminges, Visconde de Couserans. BiografiaEsclaramunda recebeu seu nome em homenagem à bisavó, Esclaramunda, a Velha, que era arcediaga dos cátaros.[3] Segundo o testamento de seu pai, datado de 1263, Esclaramunda deveria ser criada no Castelo de Foix, na França até a idade de 15 anos.[1] Após o fracasso das negociações de casamento promovidas pelo rei Jaime I de Aragão para casar o infante Jaime, seu filho com Iolanda da Hungria, com Beatriz de Saboia, Jaime, sem autorização paterna, decidiu casar-se com Esclaramunda. A candidata escolhida pertencia a uma antiga família do condado, outrora filiada ao movimento cátaro. Não era uma família poderosa, mas distinta, e a sua maior virtude, a que mais deve ter pesado na mente do infante, era o fato de os seus domínios serem adjacentes aos de Rossilhão.[4] No contexto da rebelião dos barões da Catalunha, da morte do meio-irmão do infante, Ferran Sánchez de Castro, e do irmão Sancho, arcebispo de Toledo, o casamento ocorreu em 15 de outubro de 1275, em Perpinhão, com a assinatura do contrato em 1 de setembro daquele ano. Embora algumas fontes digam que ela tinha 21 anos à época do matrimônio,[3] segunda a Crônica de Muntaner, ela tinha apenas 14 anos, enquanto que o noivo já tinha 32 anos.[4] Como o palácio ou castelo real estava em construção, o novo casal mudou-se para Montpellier, onde permaneceu durante um ano. Ao saber da seriedade de Jaime I, o infante Jaime e Esclaramunda viajaram para Valência em julho de 1276. De lá embarcaram para Maiorca para prestarem juramento e confirmarem os privilégios do reino. Em 12 de setembro de 1276, os privilégios foram solenemente confirmados. Uma nova dinastia estava começando.[4] Eles também moraram em Perpinhão, na França, onde hoje se conserva o Palácio dos Reis de Maiorca. Em Palma de Maiorca, estabeleceram residência no Palácio Real de La Almudaina, e também tiveram casas em Sineu, Manacor e Valldemossa. Esclaramunda, confinada à esfera doméstica pelos cronistas da época, como Ramon Muntaner e Bernardo Desclot, só aparece em documentações no ano de 1285. Seu cunhado, Pedro III de Aragão, conhecido como "o Grande", atacou o palácio de Perpinhão para forçar Jaime II de Maiorca a romper a aliança com o rei da França. O rei de Maiorca conseguiu fugir, mas Esclaramunda e os seus quatro filhos foram capturados. Em sua partida apressada de Perpinhão, Pedro III levou Esclaramunda e seus filhos como reféns. No caminho para La Jonquera, o visconde de Cardona, parente de Esclaramunda, e o conde de Pallars, intercederam pela libertação da rainha, então em estado, e dos seus filhos. Só ao chegar a La Jonquera, Pedro, permitiu a libertação de Esclaramunda e da sua filha Isabel, ordenando o confinamento dos seus filhos em Torroella de Montgrí.[4] Entre 1285 e 1298, Esclaramunda viveu todo o drama da guerra contra os reis de Aragão e da luta pela recuperação do reino de Maiorca, confiscado por Afonso, o Liberal, no final da primeira data mencionada. A partir de 1298, com a recuperação das ilhas, iniciou-se um período de paz, mas não isento de inquietações no seio da família. Em primeiro lugar, o conflito entre Jaime II de Maiorca e o seu filho, o infante Fernando, que participou numa conspiração para restaurar a influência catalã no Languedoc, conflito que levou à ruptura entre pai e filho. Esclaramunda intercedeu pessoalmente junto ao rei de Aragão para facilitar a reconciliação, mas, isso só ocorreu em 1308, após o fracasso da expedição do infante Fernando na Moreia.[4] Três anos depois, seu marido Jaime II morreu, em 29 de maio de 1311. Novos motivos de preocupação surgiram com a falta de descendentes dos novos reis de Maiorca, Sancho e Maria de Anjou. Só em 1315, a rainha teve a alegria de conhecer o seu neto, o infante Jaime, futuro rei Jaime III, filho do infante Fernando e Isabel de Sabran, transferido da Sicília pelo cronista Ramon Muntaner.[4]Esclaramunda foi tutora do neto.[3] O cronista Ramón Muntaner a descreveu como “uma das mulheres mais sábias, com a melhor vida, e uma das mais honestas". Esclaramunda era protetora da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, na qual ingressou em 1291, e é considerada Beata pela Igreja Católica, sendo comemorada no dia 22 de outubro.[3] Ela faleceu em 1316, e foi enterrada na Catedral de São João Batista, em Perpinhão.[5] Descendência
Ascendência
Referências
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