Ermida de Santo António da Cela
A Ermida de Santo António da Cela, igualmente conhecida como Capela de São Sebastião ou Ermida da Cela, é um monumento religioso na freguesia de Vila Nova de Milfontes, no Município de Odemira, na região do Alentejo, em Portugal. Descrição e históriaO imóvel situa-se num ponto isolado da Serra do Cercal, em pleno ambiente rural.[1] Na obra Portugal antigo e moderno, publicada em 1886 por Pinho Leal, é descrita como estando situada a «cerca de 8 kilometros para N. E. — entre altos serros, mas em sitio pittoresco e muito aprazível».[2] Encontra-se em estado devoluto.[1] É composta por uma só nave, dividida da capela-mor por um arco triunfal, e um pequeno compartimento para a sacristia, situado do lado da Epístola.[3] A fachada principal apresentava uma sineira, e apresenta sob a porta principal uma inscrição com o ano de 1704.[3] Na capela-mor ainda restam alguns vestígios de pinturas murais, provavelmente dos finais do século XVIII.[3] Segundo o historiador António Quaresma, as primeiras informações sobre o edifício são do século XVI, embora provavelmente tenha sido construído sobre um templo mais antigo.[3] A ermida ficou principalmente ligada à figura de um frade franciscano chamado Bernardino, que se terá refugiado naquele local como um eremita, e que faleceu quando a caravela em que viajava até Lisboa naufragou, na entrada do Rio Mira.[3] De acordo com os relatos, o frade terá vaticinado o naufrágio quando estava a embarcar, e após a sua morte, foi levado pelas águas até um local próximo da sua cela, onde foi descoberto o corpo, com as mãos cruzadas e breviário enxuto.[3] Este acontecimento foi considerado como um milagre pela população, que construiu uma ermida no local da sua antiga cela, e que foi originalmente dedicada a São Bernardo de Cena, por ter um nome igual ao do eremita.[3] Pinho Leal relata uma história muito semelhante para a Ermida de São Bernardino de Senna, embora refira ambos os edifícios como imóveis separados,[2] distinção que também fez João Maria Baptista na sua obra Chorographia moderna do reino de Portugal, de 1874: «Em 1708 havia na V.ª uma ermida de S. Sebastião e do T. uma de Nossa Senhora da Cella, em sitio baixo entre cabeços, que foi habitação de monges, e outra de S. Bernardino de Sena».[4] Pinho Leal também avançou a teoria «que junto d'ella viveram em tempos remotos alguns monges em communidade».[2] Ao longo da sua história, a ermida mudou diversas vezes de invocação, tendo sido dedicada a Nossa Senhora e a Santo António.[3] Com efeito, Pinho Leal refere na sua obra de 1886 que nessa altura já era dedicada a Santo António.[2] A data de 1704 sobre a entrada principal poderá ser uma referência a obras de restauro.[3] O edifício foi frequentado pelas populações locais até à década de 1950, sendo então realizadas algumas festas de cariz religioso, principalmente no primeiro dia de Maio.[3] Posteriormente foi alvo de escavações ilegais por caçadores de tesouros, que acentuaram o seu já avançado estado de degradação, embora tenha sido alvo de obras de consolidação por parte de um grupo de cidadãos, coordenados por António Quaresma.[3] Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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