Epístola a Diogneto
A Epístola de Mathetes a Diogneto (em grego: Πρὸς Διόγνητον Ἐπιστολή) é uma exortação escrita por um cristão anônimo, por volta do ano 120 d.C., respondendo à indagação de um pagão culto, que buscava conhecer melhor a nova religião que revolucionava os valores da época, particularmente os da fraternidade e solidariedade de relacionamento entre os seres humanos, e se espalhava com tanta rapidez pelo Império Romano.[2] Considerada a "jóia da literatura cristã primitiva", esta epístola é, provavelmente, o exemplo mais antigo de apologética cristã. Alguns assumem uma data ainda mais antiga e contam-na entre os Padres Apostólicos.[3] Autor e audiência"Mathetes" não é um nome próprio e significa apenas "um discípulo". O autor tem um estilo de escrita semelhante ao de Aristides na maior parte do texto, afastando-se do mesmo em determinadas passagens. Em outras, sobretudo nos capítulos XI e XII, demonstra um estilo ligado às tradições joaninas. A escrita lúcida, a fluidez do texto e a boa retórica refletem as habilidades de uma pessoa bem educada, talvez pertencente a alguma classe nobre.[4] Um "Diognetus" foi um tutor do imperador romano Marco Aurélio, que o admirava por não ser supersticioso e pelos sólidos conselhos educacionais (Meditações 1.6), mas é improvável que seja ele o destinatário desta apologia. Mais provável é 'o excelentíssimo Diognetus', Cláudio Diogenes, que era procurador de Alexandria na virada do século II para o III d.C.[5] ManuscritosA Epístola sobreviveu em dois manuscritos, encontrados em 1436, em Constantinopla..[1] Um terceiro, num códice do século XIII d.C. que incluía textos atribuídos a Justino Mártir, perdeu-se num incêndio em Estrasburgo em 1870 durante a guerra franco-prussiana.[3] Os outros dois são provavelmente uma cópia dele. Felizmente, ele já tinha sido publicado, a primeira vez em 1592, quando acreditava-se que a autoria era de Justino por conta do contexto em que foi encontrada a Epístola, no códice[5] Em todos os manuscritos, duas linhas estão faltando no meio. O manuscrito do século XIII d.C. obviamente estava danificado ali e as cópias foram feitas após essa parte do texto ter se perdido.[5] ConteúdoA Epístola a Diogneto contém doze capítulos:
O capítulo dez termina abruptamente no meio de uma sentença e, por isso, os dois últimos capítulos – um tipo de peroração diferente da forma epistolar tradicional - são geralmente considerados adições posteriores, possivelmente acrescentados a partir de uma homilia sobre a revelação do Filho de Deus e a narrativa paradisíaca em Gênesis 2.[1] Algumas características típicas do século III aparecem neles: "Este Verbo, Que era desde o início…".[6] No décimo-primeiro capítulo, "Mathetes" apresenta-se como "tendo sido um discípulo dos apóstolos, apresento-me como um professor dos gentios, pregando com louvor para eles", tendo muita similaridade com o capítulo 20, do livro dos Atos dos Apóstolos.[7] TextoAbaixo um trecho da carta, extraído dos capítulos V, VI[8] e VII[9]
Referências
Ligações externas
Bibliografia
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